SINOPSE: O diretores de ‘Boa Noite, Mamãe’, apresentam a história de Grace (Riley Keough), uma mulher que viaja com seu noivo Richard (Richard Armitage) e seus filhos, Aiden (Jaeden Martell) e Mia (Lia McHugh), a uma remota cabana de inverno. Após uma nevasca deixar Grace e as crianças isoladas, o que poderia ser um ocasião para quebrar o gelo se torna um pesadelo quando eventos estranhos passam a aterrorizá-los e a tomar conta do local.

“O Chalé” era um dos filmes de terror muito aguardados em 2020. Mas devido a pandemia de Covid, esse longa-metragem foi sendo adiado, adiado, até ter sua estreia nos cinemas ser completamente jogada no limbo. Mas em 23 de janeiro de 2021, “O Chalé” estreou na HBO e pude finalmente conferir e determinar se merece todo esse hype.

O maior motivo de “O Chalé” ser tão esperado pelos cinéfilos de terror e suspense é que ele é dirigido por Veronika Franz e Severin Fiala, que capitanearam um dos filmes mais bem avaliados pela crítica especializada e pelos espectadores: “Boa Noite, Mamãe” (“Ich Seh, Ich Seh”) no original).

Em “Boa Noite, Mamãe” uma mãe (Susanne Wuest), depois de ser submetida a uma cirurgia estética facial, volta para casa e para seus gêmeos de dez anos de idade, Elias e Lukas (Elias e Lukas Schwarz). Sua cabeça está envolta em ataduras, com apenas seus olhos e boca visível. Os gêmeos se amedrontam com a aparência de sua mãe e ficam ainda mais surpresos quando ela começa a apresentar um comportamento estranho: ela ignora Lukas e conversa somente com Elias. Os gêmeos começam a suspeitar que a pessoa debaixo das ataduras não seja sua mãe. A partir daí, seria dar spoiler, mas o clima de incerteza e mistério é intenso e o final é um murro na nossa cara, quando finalmente a verdade é revelada.

Estou falando de “Boa Noite, Mamãe” primeiro porque se ainda não o assistiu, você deve assistir! E o segundo motivo é porque “O Chalé” é tão intenso, imprevisível e misterioso quanto “Ich Seh, Ich Seh”.

“O Chalé” começa de forma bastante intensa ao mostrar o suicídio de Laura Hall (Alicia Silverstone), após descobrir que seu esposo, Richard, (Richard Armitage) pede o divórcio pois pretende se casar com Grace (Riley Keough). Como já era esperado, os filhos de Richard, Aiden (Jaeden Martell) e Mia (Lia McHugh), passam a repudiar veemente o casamento do pai com Grace, ainda mais quando descobrem o passado dela: ela é filha de um líder de uma seita cristã extremista e a única sobrevivente de um suicídio em massa.

Como forma de aproximar Grace dos filhos, Richard resolve levá-los para passar o Natal em um chalé isolado nas montanhas (ou seja, já sabemos que vai dar merda, hehehehehehe), mas precisando trabalhar, ele deixa sua noiva, Aiden e Mia sozinhos.

Mesmo se esforçando, Grace não consegue quebrar o clima frio e hostil que existe com as crianças. Até que em uma noite de filmes, eles adormecem e quando acordam se deparam com algo realmente esquisito: o chalé está sem água e sem energia elétrica, a comida e as coisas deles simplesmente desapareceram e o local está empoeirado e com uma aparência abandonada.

A partir daqui os diretores Veronika Franz e Severin Fiala nos conduzem com maestria por uma montanha-russa de incerteza, desconforto e insanidade.

A incerteza fica por conta da tentativa de Grace, Aiden e Mia tentarem entender o que está acontecendo, pois, devido a investigação deles avança, três possíveis explicações são apresentadas a quem está assistindo ao filme. A primeira é de que tudo não passa de uma alucinação de Grace, que toma remédios devido aos traumas por viver em uma seita extremista e presenciar o suicídio coletivo de seus parentes e amigos, e que sem eles passa a ter visões e a esquecer as coisas e perambular sonâmbula pela casa. A segunda resolução é de eles morreram e estão no Purgatório. E a terceira explanação é de que tudo não passa de um brincadeira de Aiden e Mia.

E se você pensa que acha que descobriu o verdadeiro motivo para essa situação insólita, lhe digo que Veronika Franz e Severin Fiala nos manipulam como verdadeiras marionetes. E apesar de muito Xeroque Rolmes que vai dizer que não foi enganado e descobriu tudo rapidamente, as três possíveis explicações são apresentadas em algo que vou chamar de “dá e tira”. Quando achamos que tudo não passa de uma alucinação de Grace, com suas visões e seus comportamento errático, do nada aparece evidências de que ela e as crianças estão mortas, para depois sermos jogados no contexto de que tudo não passa de uma brincadeira doentia.

Esse vai e vem pelas três possíveis explicações a que somos submetidos gera um desconforto no espectador, pois quando você acha que já entendeu tudo, você percebe que está sendo feito de besta. Várias situações, como o relógio que teima a voltar para a mesma data por mais que você corrija ou Aiden que comete um ato radical para provar que eles estão mortos, me fizeram soltar expressões como: “Mas que porra é essa?” ou “Vai se lascar!”.

A insanidade que citei fica por conta não somente pelas alucinações de Grace, mas por você realmente achar que eles realmente estão presos no Purgatório ou que as crianças podem estar fazendo uma brincadeira tão doentia.

Quando finalmente é revelado o que está havendo com Grace, Aiden e Mia, meu sentimento é que tudo o que acontece após a revelação é justificável.

“O Chalé” é um filme intimista como “Boa Noite, Mamãe”, pois a história é centrada no chalé e em três personagens: Grace, Aiden e Mia, se mostrando uma característica das histórias de Veronika Franz e Severin Fiala. E esse núcleo diminuto e contido só reforça a força narrativa do roteiro, que instiga, empolga e incomoda o espetador.

Por falar em núcleo diminuto, é bom ressaltar as atuações de Riley Keough, Jaeden Martell e Lia McHugh (Grace, Aiden e Mia, respectivamente). Os três atores são muito convincentes em seus papéis e entregam tudo o que a narrativa pede deles. Destaco aqui a atuação de Lia McHugh que nos momentos de tristeza e emoção transmite fundo suas emoções (é impossível não se ficar com os olhos marejados quando Mia está chorando pela mãe morta, dizendo em desespero que ela não pode ir para o Céu, por ter se matado).

“O Chalé” com certeza seria um dos favoritos do meu Top 3 de filmes de terror e até mesmo do Top 3 de melhores filmes de 2020. Mas, com certeza, é forte candidato a estar no pódio, ou nos pódios, desse ano e escancara com os dois pés na porta as resenhas de filmes de 2021.

Instigante, perturbador, misterioso e insano. Vale muito a pena assistir “O Chalé”!

Ficha Técnica:

Título Original: The Lodge

Título no Brasil: O Chalé

Gênero: Terror Psicológico

Duração: 107 minutos

Direção: Veronika Franz, Severin Fiala

Produção: Simon Oakes, Aliza James, Aaron Ryder

Roteiro: Sergio Casci, Veronika Franz, Severin Fiala

Elenco: Riley Keough, Jaeden Martell, Lia McHugh, Alicia Silverstone, Richard Armitage

Companhias Produtoras: FilmNation Entertainment, Hammer Films

Distribuição: Sony Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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