SINOPSE: Depois do Mal ter ressurgido e ter dado fim no momento de Paz vivído pela Terra-Média, os heróis precisam se unir para descobrir caminhos de detê-lo antes que seja tarde. Com a nova ascensão de Halbrand/Sauron (Charlie Vickers) ao poder, após ser desmascarado e expulso por Galadriel (Morfydd Clark), o lendário Lorde das Trevas se dedica à criação do anéis do poder e do Um Anel.

Lá por 2020, 2021, a Amazon Studios, anunciava três séries de fantasia. A primeira era “A Torre Negra”, adaptação da obra máxima de Stephen King, que foi cancelada em seus estágios iniciais de produção (mas que tenta ganhar vida pelas mãos do talentoso Mike Flanagan, dentro da própria Prime Video). A segunda produção foi “A Roda do Tempo”, baseada nos livros homônimos de Robert Jordan, e que começou como o patinho feio e alcançou o status de principal série fantástica dentro da plataforma de Jeff Bezos. Porém, a série foi cancelada recentemente, devido aos altos custos e suposto baixo retorno financeiro.

A terceira série e joia da coroa da Amazon Studios é “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, que adapta as histórias da Segunda Era da Terra-Média, criada por J.R.R. Tolkien. Se passando milhares de anos antes de “O Hobbit” e “O Senhor dos Aneis”, a produção visa trazer os eventos como a ascensão de Sauron como Senhor de todo o mal desse mundo e a criação dos anéis dos elfos, anões e humanos e do Um Anel.

Com um orçamento astronômico, cerca de US$ 1 bilhão para produzir cinco temporadas, e todo o legado que J.R.R. Tolkien e suas obras possuem, esperava algo épico, no mesmo nível dos filmes de Peter Jackson. Mas não foi bem isso que vimos na primeira temporada e por causa disso, assisti o segundo ano de “Os Anéis do Poder” cheio de receios.

A segunda temporada começa com tudo, mostrando Sauron reunindo os orcs para declarar que Morgoth se foi e que ele é o único capaz de libertar essas criaturas e trazer a paz à Terra-Média. O que se segue é uma sequência espetacular.

Porém, o que se segue ao longo de oito episódios, é a mesma coisa que vi na primeira temporada: morosidade e falta de carisma dos personagens.

Pedir que a série contasse a história escrita por Tolkien de forma diferente do ritmo de leitura de seus livros seria um absurdo. Mas o que faz essas mesmas leituras algo tão incrível, além do mundo, recheado de seres e criaturas fantásticas e uma mitologia riquíssima, são os personagens carismáticos que ele criou. E como no primeiro ano, a segunda temporada de “Os Anéis do Poder” está recheado de personagens chatos e que não criam conexão nenhuma com quem está assistindo a série.

Sem essa conexão fica difícil querer acompanhar a jornada dos personagens. Um exemplo disso e maior problema da série continua sendo Galadriel (Morfydd Clark). Foi bastante complicado se interessar por sua sede de vingança por Sauron ter matado eu irmão, mas nessa temporada foi impossível comprar suas motivações. Galadriel viu seu interesse amoroso se revelar como o próprio Senhor Sombrio.

Esses sentimentos conflituosos de Galadriel são mostrados de forma muito superficial e dessa forma, pouco me importa se a elfa sente raiva, tristeza, dúvida ou amor por Sauron. E isso é um problema muito sério, afinal estamos falando de uma das protagonistas de “Anéis do Poder”.

Outro personagem que continua na mesma situação é Elrond (Robert Aramayo), que também não faz diferença nenhuma se está presente em cena ou não. Entendo sua importância na trama escrita por Tolkien, mas a falta de carisma do personagem, o torna bem descartável.

E quanto ao maior mistério menos misterioso da série: Gandalf? Se na primeira temporada ainda existia algo interessante em torno dele, tudo é evaporado no segundo ano de “Anéis do Poder”, com uma trama arrastada e o segredo sobre sua identidade esticada além do necessário. A única coisa que realmente empolgante nessa temporada é seu encontro com o enigmático e poderoso Tom Bombadil (Rory Kinnear).

Minha opinião é que essa falta de conexão dos personagens com quem está assistindo à série deve-se mais a um problema sério de roteiro do que de atuação dos atores a trizes que dão vida a eles. Acredito tanto no que estou falando, que outras figuras que padeciam desse desinteresse por parte do espectador, evoluíram e finalmente surgiram na série.

Os anões que me pareceram bem secundários na primeira temporada, ganharam um destaque bem importante nesse segundo ano, principalmente quando os anéis forjados por Celembribor (Charles Edward) são dados a eles. A ambição dessa raça se torna ganância, e a relação entre Durin III (Peter Mullan) e Durin IV (Owain Arthur) em um conflito pela coroa e pela sobrevivência de Khazad-dûm. A resolução desse embate entre pai e filho, termina em uma cena que justifica porque sou tão apaixonado por filmes e séries.

A própria trama de Adar (Joseph Mawle / Sam Hazeldine) ganha contornos interessantes, pois o rei dos orcs, fará de tudo para destruir Sauron, colocando sua vingança em conflito direto com seu desejo de libertar sua raça.

Agora, se um personagem realmente ganhou destaque e minha atenção durante toda a segunda temporada, foi Sauron. Os criadores da série, J.D. Payne e Patrick Mckay, tinham prometido que esse ano de “Anéis do pder” seria focado no Senhor Sombrio. Então, tudo envolvendo o antagonista da série, desde o início, quando Sauron é traído e depois volta como Halbrand (Charlie Vickers) até sua aparição como Annatar, é empolgante.

A primeira coisa que chama a atenção é a maquiagem utilizada para transformar o ator Charlie Vickers) em Annatar, Senhor das Dádivas, enviado dos Valar e de Eru Ilúvatar, para dar aos elfos, anões e homens os anéis do poder, e assim trazer a paz à Terra-Média. Até o momento em que estava escrevendo essa resenha, achei que tivesse havido troca de atores, como aconteceu com Adar (saiu Joseph Mawle e entrou Sam Hazeldine), mas não, é a mesma pessoa.

Sauron disfarçado de Annatar, é sedutor e amigável, dando e dizendo o que as pessoas querem ouvir, fazendo com que seja impossível não o associar a figura contemporânea de Lúcifer. E com esse dom, ele seduz e instiga a ambição de Celembribor, que deseja se tornar o maior ferreiro-elfo da Terra-Média, superando Fëanor, criador das Silmarils.

Admito que só assisti a segunda temporada de “Anéis do Poder” para ver as cenas em que Annatar (Sauron) aparecia, pois, sua presença é empolgante e instigante.

O desfecho da segunda temporada, mostra Sauron, partindo de Eregion, de posse dos anéis dos homens. Muito provavelmente o próximo ano deva mostrar o Senhor Sombrio criando Um Anel, aquele para a todos conquistar. E espero que “Anéis do Poder” mantenha esse foco em Sauron, pois, além da sua qualidade técnica (figurino, fotografia, cenários, locações, CGI), o personagem é a única coisa que salva a série.

Mantendo um aspecto técnico impecável, que somente um orçamento bilionário pode criar, e com um vilão sedutor e empolgante, que prende nossa atenção, e que acredita realmente que está fazendo o bem maior, a série se sustenta para mais uma temporada. E somente por esses dois motivos que acabei de dizer, que vale a pena assistir “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”.

Ficha Técnica:

Título Original: The Lord of the Rings: The Rings of Power

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Gênero: Drama, Fantasia

Temporadas: 2ª

Episódios: 8

Criadores: J. D. Payne, Patrick McKay

Produção: Ron Ames, Chris Newman, Kate Hazell, Helen Shang

Direção: Charlotte Brändström, Louise Hooper, Sanaa Hamri

Roteiro: Gennifer Hutchison, Jason Cahill, Helen Shang, Glenise Mullins, Glenise Mullins, Justin Doble, J. D. Payne, Patrick McKay, Justin Doble

Elenco: Morfydd Clark, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Charlie Vickers, Sophia Nomvete, Lloyd Owen, Cynthia Addai-Robinson, Trystan Gravelle, Maxim Baldry, Ema Horvath, Joseph Mawle, Leon Wadham

Companhias Produtoras: Amazon Studios, New Line Cinema

Transmissão: Amazon Prime Video

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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