SINOPSE: Baseado na graphic novel de Simon Stålenhag, Michelle (Millie Bobby Brown) é uma adolescente orfã que, um dia, recebe a visita de Cosmo, um robô meigo e misterioso que ela acredita estar sendo controlado por Christopher, seu irmão mais novo considerado morto. Determinada a saber a verdade sobre o irmão, Michelle parte numa aventura pelo oeste americano com a companhia indesejada e inesperada do contrabandista e andarilho Keats (Chris Pratt) e seu robô parceiro e sarcástico Herman (dublado por Anthony Mackie).
Chegou esse mês a Netflix, “Estado Elétrico”, filme baseado no livro do escritor e ilustrador Simon Stalenhag, especializado em desenhos digitais retro-futuristas focados em ambientes nostálgicos, resultando em obras que podem apresentar robôs gigantes e mega estruturas ao lado de objetos do cotidiano como carros e casas de madeira.
Antes do filme da Netflix, “Tales From The Loop”, livro de pinturas do ilustrador sueco, foi utilizado como base para a produção da série homônima da Amazon Prime Video. Aproveitado a estética das ilustrações e da história de Stålenhag, a série me surpreendeu positivamente.
Então, fiquei preocupado, pois com a boa experiência que tive com “Tales from The Loop” e com o que a leitura do livro “Estado Elétrico” me proporcionou, quando vi o trailer do filme da Netflix. Não vou entrar em detalhes, porém “Estado Elétrico” é levemente baseada, pegando alguns poucos elementos existentes na obra original e criando uma história nova, com um tom completamente diferente do que o livro nos passa.
“Estado Elétrico” utiliza a guerra que houve entre humanos e robôs como pano de fundo para o desenrolar da história e a questão dos projetores neurais que foi um fator decisivo para a vitória da nossa espécie. Outro fator que o filme utiliza, mas de forma modificada, é a questão de Christopher (Woody Norman), irmão de Michelle (Millie Bobby Brown), que tem sua consciência dentro de Kid Cosmos, um robô de um desenho famoso nesse mundo.
Mas tirando esses fatores e alguns nomes de personagens, “Estado Elétrico” conta uma história totalmente diferente do que vemos no livro. Aqui e ali vemos de relance alguma coisa da obra de Simon Stålenhag, como alguns robôs ou estruturas presentes em suas ilustrações, mas é somente isso.
O que se vê é um filme bastante clichê sobre os criadores (no caso, nós) contra as criaturas (os robôs), como já mostrado em centenas de outros longas-metragens. A narrativa de “Estado Elétrico” pode até ser relevante nos dias atuais, onde vemos a proliferação cada vez maior das inteligências artificiais, porém, quando os responsáveis pela produção tentam dar um tom mais sério, o filme se torna bem ruim.
“Estado Elétrico” ainda tenta emplacar duas outras mensagens. Uma é do preconceito radical, ao mostrar os humanos rejeitando todas as formas robóticas de suas vidas, inclusive banindo o desenho animado do Kid Cosmos, justamente pelo protagonista ser um autômato. E a outra mensagem é de que por mais que o mundo virtual seja atraente e divertido, nossas vidas são do lado de fora, e que ao nos isolarmos dentro dos bits da internet, estamos perdendo nossa conexão interpessoal, tão importante para a nossa existência.
O que posso dizer é que “Estado Elétrico” falha miseravelmente nesses pontos, me parecendo algo tosco e que foi inserido no roteiro às pressas.
Visualmente falando, esperava muito mais de “Estado Elétrico”. Primeiro, porque as ilustrações no livro de Simon Stålenhag são para serem contempladas. Mas como disse, uma hora ou outra você verá essas imagens ou alguma referência a elas. O segundo ponto é o CGI utilizado para dar vida aos robôs, que não me pareceu nada demais, estando na média do que temos visto atualmente.
Então como “Estado Elétrico” pode ter custado US$ 320 milhões? Muito provavelmente por causa do elenco envolvido: Millie Bobby Brown, Chris Pratt, Ke Huy Quan, Stanley Tucci, Giancarlo Esposito, Jason Alexander, Woody Harrelson, Anthony Mackie, Brian Cox, Colman Domingo, Michelle Yeoh. Acredito que boa parte desse orçamento, foi para o pagamento do cachê desses atores e atrizes.
Mas esse elenco estelar, não torna “Estado Elétrico” grandioso. Pelo contrário, é até um desperdício de talento desses atores e atrizes talentosos para contar uma história tão simples.
Então quer dizer que “Estado Elétrico” é ruim? Admito que comecei a assistir o filme decidido a não gostar dele, pois os primeiros minutos já mostravam que o livro foi escanteado, para contar uma história blockbuster padrão sobre homens contra máquinas.
Porém, o que percebi é que não consegui desgostar de “Estado Elétrico”. Não quer dizer que tenha gostado também, mas o filme conseguiu me entreter.
“Estado Elétrico” quando tenta ser sério, fracassa, mas quando leva tudo de forma mais leve, consegue entreter. E isso é bom, porque o filme é quase em sua totalidade dessa forma. Ate, o humor, que é bem fraco, não me desagradou, somente veio e foi embora em seus momentos, como uma brisa passageira
Até a queridinha da Netflix, Millie Bobby Brown, não conseguiu me irritar. Quem me conhece sabe, que acho a atriz bem fraca, sempre com as mesmas expressões apresentadas lá na primeira temporada de “Stranger Things” e suas intepretações mecânicas. Mas nesse filme específico, seu padrão de atuação combinou com a narrativa apresentada em “Estado Elétrico”. Mas não se engane, Millie Bobby Brown continua sendo uma triz de mediana para baixo, do mesmo nível de Dwayne Johnson e Vin Diesel.
E no geral, nenhum ator ou atriz desse filme, por mais talentoso que seja, trouxe uma atuação incrível. Dessa forma Millie Bobby Brown não foi ofuscada por ninguém, culpa do roteiro e da direção dos irmãos Russo.
Enfim, “Estado Elétrico” são US$ 320 milhões jogados fora, pois é daqueles filmes que você vai assistir e nunca mais vai procurá-lo no catálogo gigantesco da plataforma, a não ser que você seja fã de Millie Bobby Brown.
Dessa forma, digo que apesar do entretenimento apresentado, procure outra coisa para assistir, pois não vale a pena assistir “Estado Elétrico”. Quer dizer, vale ver pelo menos uma vez e se você desistiu de escolher algo no catálogo da Netflix.
Ficha Técnica:
Título Original: The Electric State
Título no Brasil: Estado Elétrico
Gênero: Aventura, Ficção Científica
Duração: 128 minutos
Diretor: Anthony Russo, Joe Russo
Produção: Russell Ackerman, Chris Castaldi, Mike Larocca, Patrick Newall, Anthony Russo, Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely
Elenco: Millie Bobby Brown, Chris Pratt, Ke Huy Quan, Stanley Tucci, Woody Norman, Giancarlo Esposito, Jason Alexander, Martin Klebba, Marin Hinkle, Michael Trucco, Woody Harrelson, Anthony Mackie, Brian Cox, Jenny Slate, Alan Tudyk, Hank Azaria, Colman Domingo, Rob Gronkowski, Billy Gardell, Susan Leslie, Jordan Black
Companhias Produtoras: AGBO, Double Dream, Skybound Entertainment
Distribuição: Netflix