SINOPSE: Remake do filme dinamarquês “Gæsterne”, “Não Fale o Mal” acompanha uma família dos Estados Unidos que, após se aproximar de uma família britânica durante suas férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana em sua casa de campo. No entanto, o que deveria ser um fim de semana relaxante logo se transforma em um pesadelo sombrio. Os anfitriões, Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi), começam a agir de forma estranha. Ben (Scoot McNairy) e Louise Dalton (Mackenzie Davis), se veem presos em um jogo sinistro, sem saber como escapar da situação cada vez mais aterrorizante.

Lembro de ter comentando que histórias vindas de países como Noruega, Islândia e Suécia, por exemplo, tem chamado cada vez mais atenção. Jo Nesbø e Lars Kepler, com suas séries de romances policiais, tem sido aclamada por crítica e vendida aos milhões mundo afora.

Mas não é somente a literatura que tem colocado esses países em evidência. O cinema tem cada vez mais chamado a atenção de Hollywood. “Culpa”, filme dinamarquês de 2018, é um bom exemplo da capacidade dos autores e roteiristas desses países em criar histórias tensas, macabras e cheias de reviravoltas. Esse filme ganhou um remake com o talentoso Jake Gyllenhaal, mas que nem de perto alcança os níveis de tensão do original.

Seguindo então a tendência, ano passado chegava “Não Fale o Mal”, remake estadunidense do filme dinamarquês homônimo. 

Primeiro, devo dizer que ao contrário de “Culpa”, não assisti “Gæsterne. Então, não posso afirmar se o remake de “Não Fale o Mal” conseguiu ou foi melhor que o homônimo cinematográfico dinamarquês.

Uma coisa que me chamou bastante atenção, desde os trailers, é que ao contrário de “Culpa”, já sabemos que existe algo de muito errado com Paddy e Ciara. Essa falta de mistério poderia ser um ponto negativo de “Não Fale o Mal”, mas é na verdade, o que nos prende em frente às telonas ou telinhas.

Ciara, mas principalmente Paddy, são verdadeiras bombas-relógios. E essa inevitabilidade, faz com que passemos o filme tensos, querendo saber quando ele libertará toda sua fúria contra o casal que se hospedou em sal casa.

Não estiou dando nenhum spoiler aqui, pois o próprio trailer mostra que Paddy e Ciara não são pessoas normais, ao mostrar que o filho deles, Ant (Dan Hough), não possui língua. E por mais que Paddy diga que isso é consequência de uma doença congênita, é impossível acreditar em tal explicação.

Escancarar esses traços de Paddy e Ciara poderia ser algo muito ruim para quem está assistindo ao filme, porém, sabermos desde do início que estamos diante de um casal de sociopatas, torna tudo mais tenso e angustiante de acompanhar.

Para potencializar esse sentimento de tensão e angústia, temos o estúpido casal Dalton: Louise (Mackenzie Davis) e Ben (Scoot McNairy). Quando digo estúpido, é no sentido literal da palavra, pois mesmo diante de várias e várias situações e ações estranhas envolvendo Paddy e Ciara, eles normalizam tudo e resolvem passar um pano para tudo, só acreditando no perigo que correm quando a verdade é esfregada na cara deles.

Essa estupidez de Louise e Ben, além e ser um clichê em filmes de terror e suspense estadunidenses, é proposital, do meu ponto de vista, pois ao vermos o quanto o casal Dalton é inepto, nossa angústia e tensão crescem a cada nova situação, no mínimo insólita. Isso faz com que nos revoltemos com esses personagens que estão vendo coisas e mais coisas acontecendo na cara deles, coisas esquisitas, e nada fazem.

E quando Paddy finalmente explode em toda sua violência e maldade, “Não Fale o Mal” ganha ares de um filme slasher, com o personagem de James McAvoy ensandecido caçando a família Dalton para encobrir tudo que faz e concluir seus planos malignos. Aqui, senti que o longa-metragem perdeu um pouco o ritmo, mas dentro da inevitabilidade que o roteiro impõe desde o início, não é algo que deprecie o desenvolvimento narrativo.

E já que falamos em James McAvoy, é preciso dizer que o ator parece confortável em interpretar sociopatas e malucos afins. Toda a tensão que o filme me passou é devido a sua interpretação, dando a Paddy um ar teatral forçado que não esconde que há algo de muito errado com ele.

Outro ator que chama atenção é o jovem Dan Hough, que dá vida a um angustiado Ant, que tenta de todas as formas alertar a família Dalton, como o fato dele não possuir língua já não fosse suficiente. 

No terço final de “Não Fale o Mal”, descobrimos os verdadeiros planos de Paddy e percebemos que existe não somente uma violência cega, mas uma frieza, um calculismo nos seus atos, que envolve todos a sua volta, inclusive a própria Ciara.

O desfecho do filme foi algo esperado, e não me causou o impacto que acredito que os responsáveis pelo filme esperavam, porém, novamente, faz sentido diante de tudo apresentado.

Não sei se esse remake igualou ou superou o material original e por mais que tudo na narrativa levasse a todos os acontecimentos do filme, sua capacidade em criar tensão e desconforto foi palpável, e isso é algo bastante difícil de conseguir, ainda mais, quando todas as cartas, ou quase todas, estão na mesa.

Por esses motivos, digo que vale muito a pena assistir “Não Fale o Mal”!

Ficha Técnica:

Título Original: Speak No Evil

Título no Brasil: Não Fale o Mal

Gênero: Terror

Duração: 110 minutos

Diretor: James Watkins

Produção: Jason Blum, Paul Ritchie

Roteiro: James Watkins

Elenco: James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy, Aisling Franciosi, Alix West Lefler, Dan Hough, Kris Hitchen, Motaz Malhees

Companhias Produtoras: Blumhouse Productions

Distribuição: Universal Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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