SINOPSE: Paul Atreides (Timothée Chalamet) se une a Chani (Zendaya) e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Uma jornada espiritual, mística e marcial se inicia. Para se tornar o Lisan al Gaib, enquanto tenta prevenir o futuro horrível, mas inevitável que ele testemunhou, Paul Atreides vê uma Guerra Santa em seu nome, espalhando-se por todo o universo conhecido. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, Paul deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever. Se tudo sair como planejado, ele poderá guiar a humanidade para um futuro promissor.
Em 1965, o escritor Frank Herbert, lançava aquela que seria sua obra máxima: “Duna”. Inovando e revolucionando o gênero de ficção científica, “Duna” é recheado de elementos filosóficos, religiosos e psicológicos que nunca tinham sido usados na literatura de ficção até então.
Além disso, Frank Hebert trata de aspectos importantes da ecologia e biologia, além de abordar o perigo das IAs e da armas nucleares, ao mostrar um império Intergaláctico que proíbe o uso de computadores e dos artefatos de destruição em massa baseados na fissão e fusão dos átomos.
“Duna” venceu o prêmio Hugo de 1966 e se tornou um dos pilares da ficção científica moderna, influenciado não só outras obras do próprio gênero literário, mas transcendendo os limites dele, como o caso de George R. R. Martin que se inspirou profundamente nas disputas das grandes casas do Império Intergaláctico para criar sua guerra pelo Trono de Ferro em “As Crônicas de Gelo e Fogo”. Além disso “Duna” impactou outras mídias como “Star Wars”, apesar de George Lucas nunca ter admitido.
Achei necessária essa introdução para que vocês entendam o tamanho da responsabilidade que foi adaptar o livro do Frank Hebert para os cinemas novamente. Em 2021, chegava a primeira parte de Duna, que apesar de ter levado 6 estatuetas no Oscar 2022 (Melhor Som, Edição, Design de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Efeitos Visuais) não foi um sucesso de bilheteria (US$ 400 milhões para um orçamento US$ 165 milhões). Esse faturamento gerou várias especulações que a Warner e a Legendary poderiam adiar ou até mesmo cancelar “Duna: Parte 2”.
Entretanto, mesmo com a baixa bilheteria, “Duna: Parte 2” ganhou o voto de confiança do estúdio, empolgado em fechar o ciclo do Lisan al Gaib nos cinemas. Mas antes de vermos a possível vida futura do Muad’Dib, vamos voltar ao presente e falar de “Duna: Parte 2”.
“Duna: Parte 2” chegava aos cinemas não só com o peso de terminar de adaptar de forma merecida a segunda metade do livro, mas também o de manter o nível elevado alcançado pelo primeiro filme. E aqui temos a primeira decisão acertada dos responsáveis por levar “Duna” aos cinemas: a de dividir a obra literária em dois longas-metragens. Dessa forma, a complexidade que o livro apresenta, com tantos temas e conceitos, poderia ser mais bem explorado. E mesmo com dois filmes longos, muitas coisas ficaram de fora, como o motivo da existência dos mentats, por exemplo.
O problema da segunda metade do livro é que ela é gigantesca tanto em escala como em narrativa. Mas para minha alegria, “Duna: Parte 2” é a prova de que esse desafio foi superado de forma que fica difícil até para encontrar adjetivos e elogios.
Acho que o fator primordial que faz de “Duna” e “Duna: Parte 2” serem tão incríveis é essa adaptação estar em mãos competentes. Denis Villeneuve é um dos diretores mais renomados da atualidade com uma filmografia impressionante, com filmes como “Sicario”, “A Chegada”, “Os Suspeitos” e “Blade Runner 2049”. Outro fator que contribui para o que vemos nas telonas, é que Villeneuve declarou abertamente ser fã incondicional da obra de Frank Hebert e que sempre foi seu sonho como diretor levar “Duna” aos cinemas, da forma que a história merecia.
Sabe os prêmios merecidos que o primeiro filme ganhou no Oscar? “Duna: Parte 2” utiliza o Som, Edição, Design de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Efeitos Visuais de forma primorosa, irretocável. Como já disse várias vezes, não posso opinar de forma tão profunda sobre esses aspectos técnicos pois nunca me aprofundei neles, mas algumas coisas são evidentes até para um leigo como eu.
A fotografia novamente atende ao que o roteiro exige. Locações, cores, iluminação; tudo isso juntamente com o figurino, exprimem, quase à perfeição, o que imaginamos ao ler o livro. Digo quase a perfeição, pois ainda acho que Arrakis precisava de uma iluminação mais amarelada ou até mesmo branca para dar a sensação do calor mortal que as páginas de “Duna” relatam. Mas tirando esse detalhe, todo o resto está perfeito, seja o que está na obra literária, seja para transmitir os sentimentos necessários que esses aspectos visuais querem passar. E o maior exemplo disso fica por conta de Giedi Prime, o planeta dominado pela casa Harkonnen, com sua luminescência baixa, passando assim a sensação de um sol que possui somente um quarto da luminosidade do nosso, ou com os habitantes desse mundo, pálidos e desprovidos de pelos, com suas vestimentas bizarras, transmitindo um sentimento de asco, de repugnância, de ódio.
Mas um filme visualmente perfeito não é nada sem uma trilha sonora e efeitos sonoros à altura. E aqui “Duna: Parte 2” dá outro show! Hans Zimmer novamente mostra porque é um dos maiores compositores da indústria cinematográfica, arrematando com suas melodias o tom épico que o filme tem sem deixar de lado os momentos mais sutis. Seguindo esse equilíbrio intimista/grandioso, os efeitos sonoros nunca estiveram tão bem encaixados em um filme.
É difícil explicar o que senti assistindo ao filme quando falo dos efeitos visuais e sonoros que ele possui. Acho que você só vai entender se assistiu “Duna: Parte 2” no cinema; pois somente lá você teria a experiência inebriante e poderosa que tive.
O elenco do primeiro filme se apresenta mais seguro e à vontade em “Duna: Parte 2”, com destaque para Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Stellan Skarsgård e Javier Bardem. Com relação as novas adições desse casting estrelado, Florence Pugh e Christopher Walken tem participações competentes que servem ao propósito da história. Já Léa Seydoux, mesmo tendo pouco tempo de tela, se destaca bastante e Austin Butler novamente mostra porque é um dos grandes nomes do momento em Hollywood, trazendo toda a psicopatia que Feyd-Rautha possui.
O roteiro de “Duna: Parte 2” como no primeiro filme traz uma verossimilhança impressionante com o que está presente nas páginas do livro. Foi difícil não ficar arrepiado e com o coração acelerado ao ver momentos marcantes existente nas páginas de “Duna” como Paul Muad’Dib Atreídes desafiando o conselho dos Fremen e os convertendo a lutarem em sua Guerra Santa. E o que dizer do momento em que Lisan al Gaib, usando a voz, confronta o Imperador? Mas o momento mais esperado e que não consigo traduzir em palavras é quando Paul Atreídes monta seu primeiro shai hulud.
A jornada de Paul Atreídes no Messias profetizado pelos Fremen é incrível, apesar de um pouco apressada quando comparada ao livro, mas é Lady Jessica quem realmente tem a melhor narrativa. Quando vi ela chorando de medo pelo destino do seu filho, fiquei um pouco confuso, já que no livro ela não demonstra tal “descontrole”. Mas essa demonstração sentimental só engrandece sua transformação na Reverenda Madre do povo do deserto de Arrakis.
Quando “Duna: Parte 2” terminou, eu estava a ponto de chorar, mas de alegria! Eu fiquei tão encantado com esse filme, que fiquei muito tempo depois de terminada a sessão no cinema, com minha cabeça a mil, relembrando cada momento, cada cena do filme. E tenho certeza que em todo momento dessa minha contemplação, sentia que estava com um sorrisão idiota e os olhos marejados.
Eu já esperava que “Duna: Parte 2” seria bom, mas não esperava que seria tão INCRÍVEL. “Duna: Parte 2” é mais que um filme. Eu o classifico como um evento cinematográfico. C S Lewis disse que “Duna” está para a ficção científica como “O Senhor dos Anéis” está para a fantasia. E concordo plenamente com essa citação, tanto em relação aos livros como os filmes.
Com o sucesso de crítica e bilheteria (US$ 715 milhões de arrecadação para US$ 190 milhões de orçamento), foi confirmado que “Messias de Duna”, segundo livro dessa epopeia literária será adaptada para os cinemas e assim encerrar a trajetória de Paul Atreídes, agora o Lisan Al Gaib.
Nem preciso dizer o quanto vale a pena assistir “esse filme depois dessa resenha não é mesmo? O que posso dizer é que “Duna: Parte 2” está no meu Top 3 de melhores filmes da minha vida, se não for meu Top 1
Ficha Técnica:
Título Original: Dune: Part Two
Título no Brasil: Duna: Parte 2
Gênero: Épico, Ficção Científica
Duração: 166 minutos
Diretor: Denis Villeneuve
Produção: Mary Parent, Cale Boyter, Patrick McCormick, Tanya Lapointe, Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, Eric Roth, Jon Spaihts
Elenco: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Austin Butler, Florence Pugh, Dave Bautista, Christopher Walken, Léa Seydoux, Souheila Yacoub, Stellan Skarsgård, Charlotte Rampling, Javier Bardem, Anya Taylor-Joy
Companhias Produtoras: Legendary Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures