SINOPSE: Série derivada de “The Batman”, essa minissérie acompanha a ascensão de Oswald Cobblepot (Colin Ferrell), o Pinguim, no submundo de crime e corrupção. A trama irá focar na vida de Oswald antes de se tornar o grande vilão Pinguim enquanto ainda era um “ninguém desfigurado” que ajudava o mafioso Carmine Falcone a realizar seus trabalhos sujos. Embora ainda não seja levado a sério como criminoso, Pinguin já demonstra um lado violento e impulsivo, atacando quem entre no seu caminho e atrapalhe seus planos.
Lembro que quando anunciaram Robert Pattinson como o Homem Morcego em “The Batman”, muita gente reclamou da escolha. Mas a maioria dessa chiadeira, vem de haters que associam Pattinson ao vampiro fosforescente de “Crepúsculo”, e desconhecem, ou não querem conhecer, somente para ter do que reclamar, os excelentes trabalhos do ator em outros filmes como “Tenet”, “O Farol”, “Cosmópolis”, “Z: A Cidade perdida” e “High Life”.
Mas o que me fez acreditar que teríamos um ótimo filme do Batman, foi a escalação de Matt Reeves como diretor, roteirista e produtor. Você não sabe quem é Matt Reeves? Ele é o responsável pela incrível trilogia O Planeta dos Macacos (A Origem (2011), O Confronto (2014) e A Guerra (2017)).
Trazendo uma história de investigação e um Charada (Paul Dano) influenciado fortemente por “Seven” (fato confirmado pelo próprio Matt Reeves), “The Batman” está entre um dos melhores filmes do Cavaleiro das Trevas já feitos.
Mas além de uma nova trilogia, os planos da Warner e Matt Reeves (mantidos mesmo após a contratação de James Gunn para capitanear o novo universo cinematográfico da DC), era expandir essa história com séries e animações. E no lançamento de “The Batman”, a série “Pinguim” foi anunciada como um dessas produções.
Mas essa empreitada da Warner e Matt Reeves em estender o universo de “The Batman” vale a pena? E mais ainda: “Pinguim” está no nível do filme protagonizado por Robert Pattinson?
A primeira coisa que chama atenção em “Pinguim” é a subversão em relação à história. Como em “The Batman”, que temos uma narrativa mais voltada para investigação e crimes serias, a série escanteia o lado super-heróico para trazer uma história de máfia e gangsters, lembrando muito “Os Bons Companheiros”.
Osvald Cobblepot é uma mescla da loucura e violência de Tommy de Vito (Joe Pesci) e a boa praça e esperteza de Henry Hill (Ray Liotta), personagens principais de “Os Bons Companheiros”. E como no filme de Martin Scorsese, é fácil torcer pelo protagonista da série, mesmo ele sendo um dos vilões da história.
E esse é o ponto que diferencia “Pinguim” de tantas produções sobre máfias: personagens cativantes e multifacetados. Além de Osvald, outros três personagens se destacam de forma positiva.
Sofia Falconi, que depois passa ser Sofia Gigante (Cristin Milioti) é conhecida como “O Carrasco”, serial killer de mulheres e que ficou internada no Arkham por dez anos. Quando finalmente recebe alta, se vê no meio da disputa sobre quem controlará o império de crime dos Falconis, além de descobrir quem assassinou seu irmão (e sucessor direto de Carmine Falconi).
Victor Aguilar (Rhenzy Feliz) após tentar roubar as rodas do carro de Osvald, acaba “apadrinhado” pelo mafioso. Victor vê em Osvald uma oportunidade de preencher o vazio deixado pela morte trágica de sua família.
Francis Cobb (Deirdre O’Connell) é a mãe de Osvald que espera a ascensão do filho ao topo do poder do crime de Gotham, mas que precisa enfrentar o início de uma demência e lidar com uma tragédia familiar inimaginável.
Todos esses quatro personagens são quebrados de alguma forma, e a criadora da série Lauren LeFranc e o produtor Matt Reeves, sem pieguices, conseguem contar suas histórias trágicas que irão resultar no que cada um é no momento presente. Aliás, essa é uma característica dos trabalhos de Matt Reeves: o aprofundamento dos personagens na medida certa, conseguindo trazer figuras complexas e instigantes que enriquecem a história. Quem assistiu a sua trilogia de “O Planeta dos Macacos” sabe do que estou falando.
Esses personagens se tornam especiais graças ao roteiro focado neles e ao excelente trabalho de interpretação do quarteto dos atores e atrizes, com destaque especial para Cristin Milioti e Colin Farrell.
Cristin Milioti consegue fazer uma transição perfeita de uma Sofia Falconi perdida e indefesa, diante de toda a disputa pelo controle do império do crime da sua família, para uma mafiosa implacável e instável. Sua expressividade, principalmente seu olhar, nos convencem que estamos diante de uma mulher forte, mas fragmentada psicologicamente; de uma pessoa que pode ser o alicerce de uma nova e auspiciosa era criminosa em Gotham, como pode ser a base de algo fugaz devido à sua psique frágil.
Agora o Pinguim é muito mais que somente a maquiagem incrível que Colin Farrell, que ficou feliz quando as filmagens da série terminaram. Em entrevistas, o ator disse que o processo da maquiagem do personagem chegava a durar 4 horas todos os dias. Mas como disse, Colin Farrell, mesmo irreconhecível fisicamente, mostra seu talento ao mudar sua voz e sua forma de andar para algo totalmente diferente do que lhe é característico na vida real. E se falei do olhar de Cristin Milioti, os olhos que Colin Ferrell empresta para Osvald são os espelhos para a inteligência, esperteza, frieza e principalmente, violência que o personagem carrega.
O trabalho incrível para dar vida a esses personagens rendeu as indicações de Cristin Milioti e Colin Farrell para Melhor Atriz e Ator em Série Limitada, Antológica ou telefilme do Globo de Ouro de 2025, respectivamente. No Instagram do Cinemaníacos, disse que minha torcida fica entre Cristin e Jodie Foster, por “True Detective: Terra Noturna”, mas que nessa categoria a briga é bem acirrada. Agora, apesar de nomes favoritos (Richard Gadd em “Bebê Rena”), acredito que Farrell deva levar (ELE PRECISA).
E ontem, 05/01/2025, Colin Farrell, levou a premiação de Melhor Ator em Série Limitada, Antológica ou telefilme do Globo de Ouro!
“Pinguim” é tão boa na decisão narrativa que toma, a de contar uma história de máfia, que no episódio final, que para mim foi um anticlímax quando vi o batsinal, me lembrando de que é uma história do universo compartilhado de “The Batman”.
E por falar em final, as palavras de Colin Farrel de que odiaríamos Osvald no último episódio nunca foram tão verdadeiras, porque o que descobrimos sobre seu passado e o que ele faz com pessoas muito próximas a ele, nos revolta. Admito que fiquei com vontade chorar, mas de raiva e de indignação com o que vi e todo minha admiração pelo personagem acabou. Porém, como o próprio ator revelou: Osvald se torna o Pinguim, um vilão, e como tal, nossos sentimentos por ele são de aversão.
Existem conversas de Matt Reeves com a Warner sobre uma possível segunda temporada, porém minha dúvida é como continuar essa história e quando encaixá-la. Por enquanto teremos que esperar “The Batman 2”, que deve estrear em 2027 para ver como “Pinguim” se encaixará no segundo filme o Homem Morcego com Robert Pattison.
Sou sincero em admitir que comecei assistir “Pinguim” por curiosidade, muito pelo envolvimento de Matt Reeves. E como “Xógum” e “X-Men ‘97”, cada novo episódio da série, transformava minha curiosidade em expectativa e empolgação por novos capítulos e descobrir como a história de Oswald Cobblepot se desenrolaria.
Dito tudo isso, só posso declarar que vale muito a pena assistir “Pinguim”, a tal ponto, que ela pode causar o primeiro empate no lugar mais alto do Top 3 de Melhores Séries do Cinemaníacos.
Ficha Técnica:
Título Original: The Penguin
Título no Brasil: Pinguim
Gênero: Drama, Ação, Suspense
Temporada: 1
Episódios: 8
Criadores: Lauren LeFranc
Produtores: Matt Reeves, Dylan Clark, Craig Zobel
Diretores: Craig Zobel, Helen Shaver, Kevin Bray, Jennifer Getzinger
Roteiro: Lauren LeFranc, Erika L. Johnson, Noelle Valdivia, John McCutcheon, Breannah Gibson, Shaye Ogbonna, Nick Towne, Vladimir Cvetko
Elenco: Colin Farrell, Cristin Milioti, Rhenzy Feliz, Deirdre O’Connell, Clancy Brown, Carmen Ejogo, Michael Zegen, Berto Colón, Scott Cohen, Shohreh Aghdashloo, Theo Rossi, James Madio, Nadine Malouf, Joshua Bitton, David H. Holmes, Daniel J. Watts, Jared Abrahamson, Ben Cook, Jayme Lawson, Aleksa Palladino, Craig Walker, Tess Soltau, Marié Botha, Michael Kelly, Mark Strong, Con O’Neill, Ryder Allen, Louis Cancelmi, Nico Tirrozi, Owen Asztalos, Ade Otukoya
Companhias Produtoras: Acid and Tender Productions, 6th & Idaho Motion Picture Company, Dylan Clark Productions, Chapel Place Productions, Zobot Projects, DC Studios, Warner Bros. Television
Transmissão: HBO, Max