SINOPSE: X-Men ’97 continua a história da série animada X-Men (1992–1997). Em ambas as séries, os mutantes são pessoas que nascem com habilidades sobre-humanas que geralmente se manifestam durante a puberdade. Os X-Men são uma equipe de super-heróis mutantes fundada pelo Professor Charles Xavier para proteger mutantes e humanos. No final da série animada, Xavier quase morre em uma tentativa de assassinato e é levado ao espaço para ser curado pelo alienígena Império Shi’ar. X-Men ’97 começa um ano depois e vê os X-Men enfrentando novos desafios sem Xavier, sob a liderança de seu ex-adversário Magneto. Tal como acontece com a série original, X-Men ’97 combina ação, drama estilo novela e exploração de tópicos sérios.

Ver nossos super-heróis preferidos ou nossas histórias dos quadrinhos adaptadas para um live-action é o sonho de todo nerd, porém nem sempre atende a expectativa dos fãs de hqs, sendo o custo e retorno financeiro, os principais motivos por trás disso.

Algumas histórias são praticamente impossíveis de serem feitas devido aos gastos que seriam despendidos. Um exemplo disso é a própria Saga do Infinito do MCU, baseada no arco dos quadrinhos “Desafio Infinito”. Se a Marvel Studios fosse adaptar fielmente o que vemos nas páginas desse arco, o custo para isso seria gigantesco devido a escala cósmica envolvida.

O retorno financeiro confronta com o desejo dos fãs. Quando falamos de filmes como “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, que custaram juntos, cerca de US$ 1 bilhão (produção + publicidade), fazer uma história fiel ao que está nos quadrinhos poderia atrair somente quem leu “Desafio Infinito”.

Agora quando olhamos para as animações, vemos que essa “fidelidade” tem mais chances de acontecer. E dentre tantas produções animadas, uma chama mais a atenção que as outras: “X-Men: A Série Animada” de 1992.

Sem entrar tanto em detalhes e curiosidades, “X-Men” de 1992 foi produzida com um orçamento mínimo, Mas mesmo com recursos limitados, a série animada dos mutantes foi um sucesso estrondoso, a ponto da Fox forçar cinco temporadas e setenta e oito episódios.

Posso citar três fatores para o sucesso de “X-Men: A Série Animada”. O primeiro motivo é a alta fidelidade em adaptar alguns dos arcos mais famosos do grupo de mutantes, entre eles, a Saga da Fênix (que nos cinemas, defecaram duas vezes). O segundo é trazer histórias inéditas honrando o cânone dos X-Men, como o episódio “O Valor de Um Homem”, que viria a ser inspiração para o arco nos quadrinhos “A Era do Apocalipse”. E o último fator e talvez mais importante para o sucesso da série animada, foi o de conseguir trazer o carisma e o clima de família entre os integrantes dos X-Men, que fazia com que nos importássemos com esse grupo.

Dessa forma, na recente reformulação do MCU, Kevin Feige e Cia. resolveram aproveitar o apelo que a série animada dos mutantes possuía, e trouxeram “X-Men ‘97”, sequência direta da animação de 1992.

Mas antes de falarmos de “X-Men ‘97” é bom responder a seguinte pergunta: é necessário assistir “X-Men: A Série Animada”? A resposta é sim e não. “X-Men ‘97” até anda muito bem sozinha e o novo espectador entenderá a trama sem problemas, mas para quem assistiu a série animada de 1992, o vínculo com os integrantes do grupo mutante será maior.

Admito que o primeiro episódio de “X-Men ‘97” me causou estranheza e um pouco de desinteresse. A estranheza veio com o traço da animação, pois querendo ou não, tinha um apreço pelo traço da animação de 1992. Mas essa estranheza passou rapidamente, principalmente quando percebi o salto de qualidade entre as duas séries animadas.

O desinteresse inicial que surgiu assistindo “X-Men ‘97”, veio porque o primeiro episódio é acelerado demais. Achei por um momento que a Disney e a Marvel Animation iam somente explorar a base de fãs da série animada de 1992. Mas depois percebi que esse primeiro capítulo serve como uma forma de inserir os novos espectadores que não viram “X-Men: A Série Animada”.

O segundo episódio já mostrou algumas coisas que me agradaram bastante. A primeira foi a independência de “X-Men ‘97” com as demais produções da Marvel Studios, sendo sua conexão somente com a série animada de 1992, permitindo uma liberdade criativa maior.

A segunda coisa que me deixou bem feliz em relação a “X-Men ‘97” é uma reparação a um erro que os filmes do X-Men nos cinemas criaram: Wolverine e o restante dos integrantes do grupo a sua sombra. Não quero desmerecer a cinematografia dos X-Men (afinal é graças ao primeiro filme dos X-Men que temos o MCU e tudo o que vemos hoje em relação a super-heróis, inclusive a consolidação desse gênero) e nem o que Hugh Jackman fez ao interpretar o Carcajú, mas os X-Men sempre foram um grupo no plural, onde tínhamos vários integrantes que são tão importantes e interessantes quando Wolverine.

Ao direcionar as atenções em Wolverine, algo se perde nos X-Men: o sentimento de que estamos vendo uma família. “X-Men ‘97” mantém esse sentimento tão presente nas hqs e na série animada de 1992.

Fora a questão da família, “X-Men’97” corrige outra falha criada pela cinematografia dos mutantes, que é Ciclope, o principal integrante do grupo mutante. Ele é o líder dos X-Men, a quem o grupo procura, ainda mais agora, na ausência do professor Xavier. Esqueça o que viu nos filmes, pois o Ciclope dos quadrinhos é foda demais e é esse que vemos em “X-Men ‘97”. E para quem pode achar Scott Summers parecido com o Capitão América, saiba que o líder dos X-Men já foi escoteiro, anti-herói e um mutante radical, tomando decisões controversas muitas vezes. E espero que a série animada explore essas facetas do personagem.

Mas o que mais me chamou atenção é que “X-Men ‘97” possui um tom mais sério e maduro, algo presente na série animada de 1992. Desde sua origem, os quadrinhos dos mutantes sempre fizeram alusão clara aos movimentos sociais e a luta por direitos civis. O segundo episódio mostra qual seria o tom de “X-Men ‘97” ao mostrar Magneto, agora líder do X-Men, tendo que se defender dos crimes cometidos contra a humanidade em uma audiência na ONU, quando um integrante dos Amigos da Humanidade, um grupo que acredita que todos os mutantes devem ser exterminados, acerta Tempestade com uma arma que elimina completamente os efeitos que o gene X causam nas pessoas.

O quinto episódio, intitulado “Lembre-se Disso”, traz a nação de Genosha, que antes encarcerava e escravizava os mutantes e que agora é um santuário para os portadores do gene X. E quando vi isso pensei: não acredito que a Marvel Animation vai ter coragem de adaptar um dos arcos mais trágicos e brutais da história dos mutantes.

Então, assistimos a um episódio a la “Game of Thrones”, que faz que nossos sentimentos pelos personagens sejam reforçados ao extremo, nos fazendo gostar mais ainda deles, só para matá-los. Em um ato para demonstrar todo o ódio e medo dos humanos pelos portadores do gene X, Genosha e sua população são expurgados por milhares de Sentinelas, matando dezoito milhões de mutantes. Pesado e emocionante, “Lembre-se Disso” é uma das melhores histórias que a Marvel Studio já produziu, seja em animações, séries e filmes.

Com isso, “X-Men ‘97” deu um passo além da série animada de 1992, ao evoluir para uma animação madura ao abordar de forma bastante profunda e complexa sentimentos como amor, amizade, tolerância, ódio, dor, perda, confusão e outros, em suas mais variadas vertentes.

Além disso, “X-Men ‘97” se mostra mais atual do que nunca, pois quando o mentor do expurgo de Genosha explica suas razões para tal ato, fiz conexões diretas com líderes e pessoas influentes extremistas que utilizam o medo e o ódio como ferramentas de manipulação. O discurso é o seguinte:

Esquecendo a definição pela lei, Genosha não foi um genocídio, foi gerenciamento de tempo. Em cem anos os mutantes superarão os humanos em dez para um. E gerações depois, os humanos serão extintos. É como esse temor sobre o ozônio nos noticiários: ‘Faça alguma coisa hoje para salvar o amanhã’… Construtoras demitiram dezenas de trabalhadores e contrataram um mutante com a força de dez homens. O que um motorista de táxi pode fazer quando um teleportador te leva em piscar de olhos? A comunidade humana está assustada. Claro que está. Foi dito a ela sem parar que o futuro a está abandonando. Mas eu a convido a ser relevante outra vez… Omitindo os detalhes técnicos, elas sabem que estão se juntando a algo muito maior que elas mesmas.

Mas e quanto a ação? Com relação a isso, podem ficar tranquilos, pois graças a evolução da qualidade da animação, essas sequencias estão fluidas e gostosas de assistir. 

Disse muita coisa positiva a respeito de “X-Men ‘97”, mas a série animada possui alguns pontos negativos também, como episódios que poderia chamar de procedurais ou até mesmo fillers, como o de Jubileu tendo que enfrentar o vilão Mojo.

“X-Men ‘97” conseguiu criar uma expectativa cada vez maior a cada novo episódio lançado, principalmente a partir de “Lembre-se Disso”, que foi um ponto de virada na trama da primeira temporada. A partir daí, minha ansiedade só aumentava por ter que esperar uma semana inteira para saber o que iria acontecer.

O final da primeira temporada deixou alguns caminhos que serão seguidos no segundo ano de “X-Men ‘97”. Meu único receio é a demissão de Beau DeMayo, showrunner da primeira temporada. Mas segundo Brad Winterbaum, seu sucessor, as ideias deixadas por DeMayo para “X-Men ‘97” serão honradas (DeMayo disse que já tinha escrito todo o roteiro da segunda temporada).

Depois de tudo o que foi falado, só posso afirmar que vale muito, muito a pena mesmo assistir a primeira temporada de “X-Men ‘97”.

Ficha Técnica:

Título Original: X-Men ‘97

Título no Brasil: X-Men ‘97

Gênero: Super-Herói

Temporada:

Episódios: 10

Criadores: Beau DeMayo

Diretores: Jake Castorena, Chase Conley, Emi Yonemura,

Roteiro: Beau DeMayo, Charley Feldman, JB Ballard, Anthony Sellitti

Elenco EUA: Ray Chase (Ciclope), Jennifer Hale (Jean Grey), Alison Sealy-Smith (Tempestade), Cal Dodd (Wolverine), J. P. Karliak (Morfo), Lenore Zann (Vampira), George Buza (Fera), A. J. LoCascio (Gambit), Holly Chou (Jubileu), Isaac Robinson-Smith (Bishop), Matthew Waterson (Magneto), Ross Marquand (Charles Xavier), Adrian Hough (Noturno), Forge (Gil Birmingham), Roberto da Costa (Gui Agustini), Cable (Chris Potter), Bastion (Theo James), Senhor Sinistro (Cristopher Britton), Molde Mestre / Sentinelas (Eric Bauza)

Elenco Brasil: Fernando Lopes (Ciclope), Sylvia Salustti (Jean Grey), Ângela Couto (Tempestade), Luiz Feier Motta (Wolverine), Fernando Mendonça (Morfo), Priscilla Concepcion (Vampira), Jorge Vasconcellos (Fera), Raphael Rossatto (Gambit), Carol Murai (Jubileu), Vanderlan Mendes (Bishop), Charles Dalla (Magneto), Márcio Simões (Charles Xavier), Sérgio Cantú (Noturno) Forge (Nill Marcondes), Roberto da Costa (Cadu Paschoal), Cable (Guilherme Lopes), Bastion (Duda Ribeiro), Senhor Sinistro (Reginaldo Primo), Molde Mestre / Sentinelas (Anderson Araújo)

Companhias Produtoras: Marvel Animation

Transmissão: Dsiney+

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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