SINOPSE: Baseada no jogo League of Legends, Arcane é uma animação original da Netflix que explora as histórias de origem dos personagens de Piltover e Zaun. A trama central envolve a tecnologia mágica conhecida como Hextec, capaz de conceder a qualquer pessoa o controle sobre energia mística. Essa descoberta, no entanto, desencadeia um desequilíbrio entre os reinos, alimentando tensões sociais e políticas. Ao longo dos episódios, a série revela o desenvolvimento dos personagens, apresentando tanto figuras já conhecidas quanto novas adições ao universo da franquia. Em meio ao crescente conflito entre a próspera e utópica Piltover e o submundo decadente de Zaun, as irmãs Vi (Hailee Steinfeld) e Jinx (Ella Purnell) enfrentam dilemas pessoais e ideológicos. Enquanto convicções opostas e avanços tecnológicos moldam seus caminhos, a relação entre as duas se torna o cerne emocional da narrativa, destacando a luta entre lealdade, amor fraternal e escolhas que definem seu futuro.

Quando me perguntam sobre “League of Legends”, respondo com aquele pedaço da música: “nunca vi, só ouço falar”. Por isso, quando via a série animada “Arcane” no gigantesco catálogo da Netflix, passava batido. Porém, quando lançaram a segunda temporada, via títulos de notícias e comentários do quanto a produção era boa. E foi essa enxurrada de informações positivas sobre “Arcane” que me fez assistí-la.

Mas “Arcane” mereceu todo esse hype? Para chegar a essa resposta, preciso comentar sobre alguns aspectos da animação da Netflix.

A primeira coisa que chama atenção quando assistimos aos primeiros minutos do primeiro episódio de “Arcane” é a técnica de animação, que passa a impressão de que as cenas foram pintadas. Isso mesmo, fiquei com a sensação de que foram utilizadas telas, pinceis e tintas. Essa técnica dá um aspecto muito bonito para a série, com sua paleta de cores muito bem utilizadas. Piltover sendo o alicerce da sociedade, com as classes mais abastadas morando lá e a tecnologia latente em todos os lugares da cidade, se mostra com cores vivas e tons claros. Já Zaun, com suas ruelas estreitas e sujas, é representada com tons escuros e muitas sombras para passar a sensação de pobreza e perigo.

A fluidez de movimentos dos personagens, veículos e outros objetos é incrível e juntamente com a técnica utilizada passa a impressão de vermos telas pintadas à mão em movimento. 

E isso está correto. Lendo alguns artigos sobre a animação, fiquei sabendo que a grande maioria das cenas dos episódios foram feitas manualmente, com pouca utilização de CGI; sendo que, o último episódio da segunda temporada foi feito 100% com desenhistas humanos.

São tantas cenas incríveis que acabei escolhendo duas para exemplificar a qualidade da animação empregada em “Arcane”. Na verdade, não consegui me decidir entre os dois vídeos abaixo, mas a segunda sequência vai servir de gancho para continuarmos essa resenha.

 

Tinha assistido aos dois episódios da primeira temporada de “Arcane” e apesar da bela e incrível animação, estava com o sentimento de “meia-boca” em relação à ela. Porém, toda minha percepção mudou quando assisti ao terceiro capítulo da série. Sabe o segundo vídeo acima? Pois então, a sequência dele mostra um dos momentos mais tristes de “Arcane” e um dos mais perturbadores. É tanta tragédia acontecendo de uma só vez, que precisei parar de assistir e continuar somente no dia seguinte.

Aí você pode me criticar e perguntar: por que assistir essas coisas, se vai nos fazer chorar ou nos fazer ficar tristes? E a resposta é simples: porque histórias, sejam elas em séries, filmes, livros, hqs ou games, tem o objetivo de transmitir sentimentos. E “Arcane” com esse episódio realizou com sucesso a transmissão dos sentimentos que ela queria passar para quem estivesse assistindo.

Aqui uma explicação, e minha opinião, sobre o que disse acima: histórias são sentimentos. Quando você assiste a um filme de ação e porradaria, você quer sentir a adrenalina, e é por isso que “John Wick” fez tanto sucesso. Quando você assiste a uma comédia romântica, você quer sentir a paixão e a alegria de um grande amor, e é por isso que “Uma Linda Mulher” é tão aclamado. Quer mais exemplos? Quando você joga “Alien isolation” você quer sentir o mesmo sentimento de medo e apreensão que o personagem que controlamos sente ao ver e ser caçado pelo xenomorfo.

Terminado esse parêntese, “Arcane” é uma animação adulta que transmite sentimentos complexos através das histórias dos personagens que apresenta. Então, essa série, por mais que seja baseada no game “LoL”, não é recomendado para crianças ou até mesmo para pessoas em estados psicológicos delicados, o tal do gatilho entende.

Devido às circunstâncias que a vida apresentou ou impôs, vemos uma trupe de personagens quebrados em busca de conserto, de redenção. Vi e Jinx precisam lidar com a morte de pessoas próximas e queridas e conseguirem se perdoar. Jayce quer utilizar a Hextec para consertar o mundo que tudo tirou dele quando criança, enquanto Viktor quer usar essa tecnologia / magia para se curar de uma doença mortal. Silko e Vander tentam através de suas ideias libertar e dar melhores condições aos cidadãos de Zaun, ao mesmo tempo que tentam reatar a amizade entre eles.

São muitos personagens e todos eles buscam consertar alguma coisa em suas vidas. E em nenhum momento fiquei com a impressão de que faltou tempo para desenvolver a histórias de tantas pessoas, mesmo Vi, Jinx, Jayce e Viktor tendo tempos maiores.

Mas “Arcane” não é somente sobre histórias tristes, mas sobre momentos de felicidades que nos fazem seguir em frente. E da mesma forma que temos várias situações trágicas, temos diversos ensejos para aquecer nossos corações. E nesse aspecto temos o episódio “Fingir Que é a Primeira Vez”, onde além da série brincar com a famosa pergunta: “e se…?”, vemos que precisamos ser felizes no agora.

E aproveitando o gancho do parágrafo anterior, preciso dizer que “Arcane” tem uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi em séries, e não falo somente da abertura que é embalada por “Enemy” de Imagine Dragons & JID. É uma variedade de estilos musicais que encaixam perfeitamente com as situações apresentas e nesse episódio que acabei de mencionar, são tocadas duas das músicas mais bonitas da série: Ma Meilleure Ennemie” e “Spin The Wheel”, que você pode escutar a seguir.

Mas “Arcane” é perfeita? Eu diria que a única coisa que realmente me incomodou é como a passagem de tempo e algumas viradas na narrativa foram jogadas na nossa cara. Uma determinada situação acontecia e a história tomava um rumo novo sem mais nem menos, ou quando percebíamos um personagem já era alguns meses ou até anos mais velho. Mas essas situações são compreensíveis, pois acredito que os responsáveis pela animação precisavam dessa celeridade já que eram vários núcleos narrativos ao mesmo tempo.

“Arcane” consegue encerrar sua jornada no episódio final, fechando as pontas soltas e amarrando todas as narrativas em uma batalha final empolgante. E apesar do desfecho previsível de um dos personagens, não estava preparado para a torrente de emoções que ela me causou. Aliás, não estive preparado para nenhum dos momentos da série. E isso foi muito bom!

A mensagem final da animação: “Você sempre quis curar o que você achava que eram fraquezas. Mas você nunca foi quebrado. Há beleza nas imperfeições. Elas te fizeram quem você é. Uma parte inseparável de tudo“, nos faz pensar e resume tudo que vemos em “Arcane”.

“Arcane” encerrou por definitivo ao término da segunda temporada, mas sabe-se que existem conversas para novas produções vindas do universo de “LoL” ou até mesmo spin-offs oriundos da animação.

“Arcane” custou cerca de US$ 250 milhões de dólares e várias horas de dedicação dos responsáveis (o cocriador Alex Yee levou vinte e sete horas para escrever os diálogos finais, para você ter uma idea), mas o resultado é o que vemos: uma animação de qualidade técnica e narrativa que espanca muitas outras séries e filmes que temos por aí.

Poderia continuar falando sobre essa animação, mas vou encerrar essa resenha dizendo que vale muito a pena assistir “Arcane”. Vale tanto que ela desbancou outra animação que entraria no Top 3 de Melhores Séries do Cinemaníacos. E não só entrou no Top 3, como chegou derrubando tudo!

Ficha Técnica:

Título Original: Arcane: League of Legends

Título no Brasil: Arcane

Gênero: Animação, Ação, Drama, Fantasia, Steampunk

Temporadas: 2

Episódios: 18

Criadores: Christian Linke, Alex Yee

Produtores: Christian Linke, Marc Merill, Brandon Beck, Jane Chung, Thomas Vu

Diretores: Pascal Charrue, Arnaud Delord, Arnaud Delord, Bart Maunoury, Pascal Charrue, Etienne Mattera, Marietta Ren, Christelle Abgrall, Graham Mcneill

Roteiro: Christian Linke, Alex Yee, Nick Luddington, Ash Brannon, David Dunne, Amanda Overton, Ben St. John, Mollie St. John, Henry Jones, Kristina Felske, Giovanna Sarquis

Elenco: Ella Purnell, Kevin Alejandro, Katie Leung, Jason Spisak, Harry Lloyd, Toks Olagundoye, JB Blanc, Reed Shannon, Mick Wingert, Amirah Vann, Ellen Thomas, Brett Tucker, Mia Sinclair Jenness, Molly Harris, Faustino Duran, Imogen Faires, Edan Hayhurst, Miles Brown, Mick Wingert, Ellen Thomas, Brett Tucker, Amirah Vann, Shohreh Aghdashloo, Remy Hii, Mara Junot, Josh Keaton, Bill Lobley, Yuri Lowenthal, Dave B. Mitchell, Roger Craig Smith, Fred Tatasciore, Erica Lindbeck, Abigail Marlowe, Kimberly Brooks, Miyavi, Earl Baylon, Robbie Daymond, Stewart Scudamore, Katy Townsend, Lucy Lowe, Ashley Holliday, Minnie Driver, Imagine Dragons, JID, Ray Chen, Krizia Bajos, Mira Furlan, Salli Saffioti, Citrano, Lex Lang, Eve Lindley, Jeannie Tirado, Keston John

Companhias Produtoras: Fortiche, Riot Games, Netflix

Transmissão: Netflix

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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