SINOPSE: Antes da jornada de Frodo pela Terra-Média, a Segunda Era foi palco de diversas lendas heróicas. O drama épico que se passa milhares de anos antes de “A Sociedade do Anel”, tem foco em um momento da história em que grandes poderes foram forjados, reinos ascenderam e ruíram, ao mesmo tempo em que heróis foram testados e tiveram a esperança quase aniquilada pelo grande vilão do universo de Senhor dos Anéis. A série começa em um momento de paz, quando o elenco de novos e antigos personagens precisam enfrentar o ressurgimento do mal, vindo das profundezas mais escuras das Montanhas Sombrias. Os reinos e personagens irão esculpir legados que viverão por muito tempo depois que eles se forem.

De todas as séries que estrearam ou vão estrear em 2022, com certeza, “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” (que vou citar só como “O Senhor dos Anéis”) era a mais hypada.

Alguns fatores comprovam essa animação toda em cima da produção da Amazon. O primeiro motivo é todo o legado de J. R. R. Tolkien, pois o escritor criou um vasto universo cheio de detalhes que influenciam obras de fantasia até hoje, o colocando por muitos como o pai do gênero fantástico moderno. A segunda razão é a legião de fãs ao redor do mundo, que aumentou muito depois das adaptações cinematográficas dirigidas por Peter Jackson. A própria trilogia de filmes é outro fator a ser levado em conta. E finalmente o orçamento que a Amazon destinou para a série: US$ 1 bilhão para a produção de cinco temporadas.

Por todas essas razões, pouquíssimas estreias de séries foram aguardadas tão ansiosamente. Mas após assistir aos oitos episódios da primeira temporada, será que “O Senhor dos Anéis” merece um lugar de destaque no coração de quem assistiu e do Cinemaníacos?

A primeira coisa que é preciso destacar é o visual cinematográfico da “O Senhor dos Anéis”. Locações, cenários, CGI e outros elementos técnicos são utilizados de forma incrível para dar vida a uma Terra Média da Segunda Era, justificando assim, um orçamento de produção de US$ 250 milhões. Nesse ponto, a produção da Amazon é igual ou até superior aos filmes e não poderia ser diferente, uma vez que algo minimamente inferior só espantaria os fãs dos livros e os que assistiram aos longas-metragens. Para quem gosta desse aspecto bem executado em filmes e séries, como é o meu caso, o encantamento será imediato.

Essa excelência visual consegue trazer com esplendor e grandiosidade locais tão famosos da obra de Tolkien como Númenor, Lindon, Khazad-dûm e Tirion. Mas o ápice de “O Senhor dos Anéis” nesse aspecto se dá quando a série mostra a criação de Mordor, em uma sequência incrível a aterrorizante.

Aqui um parêntese antes de continuarmos: não li completamente “O Silmarillion”, mas pesquisando vi que a origem de Mordor não é relatado, tendo algumas insinuações a respeito. E é com base nessas insinuações que os responsáveis pela série criaram a melhor sequência visual de “O Senhor dos Anéis”.

Mais que vermos locais fictícios nas telonas e telinhas, conceber pessoas e civilizações sempre foi, na minha opinião, o aspecto técnico e criativo mais difícil. E nesse ponto o figurino e a maquiagem da série desempenham muito bem essa função e completam esse cenário visual incrível. As vestimentas e adereços de cada população são bem trabalhados e a maquiagem para dar vida aos orcs de “O Senhor dos Anéis” é espetacular, os tornando tão horrendos e repulsivos como os vistos nos filmes e detalhados nos livros.

“O Silmarillion”, livro utilizado como base para a série, é bem complicado de ser lido e de difícil adaptação. Porém, com alguns pontos trazidos com fidelidade ao material original e outros que foram inseridos, temos um roteiro coeso e de fácil compreensão dos acontecimentos da Segunda Era.

Mas apesar de toda essa excelência técnica, “O Senhor dos Anéis” não empolgou tanto quanto o hype que criei para assisti-la. E analisando o que me levou a isso, acredito que a série carece de empatia e encantamento.

A falta de empatia fica por conta dos personagens. Durin IV (Owain Arthur) é o único que me conquistou, por ser o único que realmente consegue transmitir os sentimentos que ele possui. Adar (Joseph Mawle) também se salva, pois, sua jornada e seus objetivos até fazem sentido.

No mais, todos os demais me pareceram rasos e com motivações superficiais. Galadriel (Morfydd Clark) não convence em sua jornada e transformação ao longo da série. Elrond (Robert Aramayo) é insípido durante toda a temporada. E até mesmos os pés-peludos não chegam nem perto de serem carismáticos como os hobbits.

Sempre menciono isso: se os personagens não são carismáticos, não possuem empatia, não nos importamos com eles; e se não nos importamos com eles, a chance da história se tornar insossa é bem grande.

Dois personagens precisam ser mencionados, não pelo carisma deles, mas por suas histórias. O Estranho que Veio do Céu (Peter Tait) é o grande mistério da temporada. As especulações eram de que ele ou seria Galdalf, pela semelhança com o que vimos nos filmes ou Sauron, por ele ter desaparecido logo após a derrota de Morgoth. Essas desconfianças só aumentaram quando é revelado que o Estranho é um maiar e por três figuras de branco que o buscam.

O segundo personagem que merece atenção é Sauron. Os espectadores ficaram ansiosos por sua aparição desde o primeiro episódio. A revelação só acontece no último episódio com a forja dos três anéis élficos. E essa revelação vem com uma reviravolta bem interessante, já que o Senhor da Escuridão deseja como sua rainha alguém que quer mandá-lo para o Vazio (não é possível matar maiares e valares, somente destitui-los de suas formas físicas e bani-los para um local entre os mundos).

Além da falta e carisma dos personagens, a ausência do encantamento que a narrativa deveria ter foi o que mais me travou em relação à série. Esse ponto é mais difícil de explicar, porque me parece algo mais lúdico. Quando assisto aos filmes ou leio os livros, simplesmente viajo junto com a Sociedade do Anel. Já na série não consegui sentir isso em nenhum momento, talvez por ser algo mais pé no chão, com exploração dos tons de cinza ao invés do conceito básico da alta fantasia: o Bem versus o Mal.

Algo que me ajuda muito a embarcar na história contada nos filmes é a trilha sonora, algo que na série não me conquista. Pode parecer bobeira, mas a trilha sonora certa faz toda a diferença quando falamos de produções para o cinema, tv e streaming.

As próximas temporadas seguem para um caminho natural: a forja do Um Anel, evento que deve ser o ápice de toda a série. E aqui fica uma crítica severa: a criação dos anéis élficos, tão cobiçados por Sauron, é mostrado de forma bem simples. Que o Um Anel, o artefato mais importante de toda a mitologia de Tolkien esteja sendo planejado para ser mostrado em toda sua grandiosidade.

Por ser um espetáculo visual quase perfeito para uma série e boas tramas, vale a pena assistir “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, mas que poderia valer muito mais, principalmente por todo o hype criado, se tivesse mais carisma e de encantamento.

Ficha Técnica:

Título Original: The Lord of the Rings: The Rings of Power

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Gênero: Drama, Fantasia

Temporadas:

Episódios: 8

Criadores: J. D. Payne, Patrick McKay

Produtores: J. D. Payne, Patrick McKay, Christina Morgan, Lindsey Weber, Callum Greene, Justin Doble, Gennifer Hutchison, Jason Cahill, J. A. Bayona, Belén Atienza, Eugene Kelly, Bruce Richmond, Sharon Tal Yguado

Diretores: J. A. Bayona, Wayne Che Yip, Charlotte Brändström

Elenco: Morfydd Clark, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Charlie Vickers, Sophia Nomvete, Lloyd Owen, Cynthia Addai-Robinson, Trystan Gravelle, Maxim Baldry, Ema Horvath, Joseph Mawle, Leon Wadham

Companhias Produtoras: Amazon Studios, New Line Cinema

Transmissão: Amazon Prime Video

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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