SINOPSE: Seis meses depois da batalha de Starcourt, que deixou um rastro de terror e destruição em Hawkins, nosso grupo de amigos se separa pela primeira vez – e as turbulências do colégio dificultam ainda mais as coisas. Nesse momento de vulnerabilidade, surge uma nova ameaça sobrenatural ainda mais terrível, trazendo um grande mistério que pode ser a chave para acabar com os horrores do Mundo Invertido.

Nem os irmãos Duffer esperavam que “Stranger Things” se tornaria um sucesso e um dos carros-chefes da Netflix quando estreou em 2016. Ambientada na década de 1980, a série tem vários easter eggs à cultura pop da época e com uma trama que lembra muito “It: A Coisa”, um dos livros mais conhecidos de Stephen King. Com um grupo de atores-mirins carismáticos e o retorno financeiro dado à Netflix, a série foi renovada para uma segunda temporada, que estreou em 2017.

A segunda temporada explicou muitas coisas do primeiro ano, mas também ampliou a mitologia da série. E novamente, “Stranger Things” bateu recordes de visualização e encheu os bolsos da Netflix, resultando na renovação para mais um ano.

Porém, na minha opinião, a terceira temporada me pareceu perdida e inferior quando comparada com os anos anteriores. Mesmo com pontos interessantes, a história me pareceu mal desenvolvida e forçada em quase sua totalidade. Mas a legião de fãs ao redor do mundo adorou e com isso “Stranger Things” teve sua quarta temporada oficializada.

Admito que assisti a quarta temporada de “Stranger Things” muito mais porque já tinha visto os anos anteriores, pois minhas expectativas eram bem ruins. Porém, o que vi foi uma reformulação completa que me impressionou muito.

Acho que o que mais me chamou atenção é a mudança de tom que a série sofreu dessa temporada para as anteriores. Em algo parecido com o que aconteceu com os filmes de “Harry Potter” a partir de “O Cálice de Fogo”, “Stranger Things” apresentou sua nuance mais sombria e violenta até agora, com uma história de terror ao estilo “A Hora do Pesadelo”, mas sem as piadas de Freddy Krueger.

O vilão dessa temporada é Vecna (Jamie Campbell Bower), uma criatura que habita o Mundo Invertido que tem matado adolescentes. Essas mortes são brutais: olhos que são chupados para dentro do crânio e membros que são torcidos e quebrados de formas grotescas. As referências que Vecna possui em relação “A Hora do Pesadelo” são muitas, sendo uma delas, a forma com ele ataca as vítimas: provocando alucinações que fazem elas terem visões que as fazem reviverem momentos traumáticos.

 Outra referência feita em relação “A Hora do Pesadelo” é o visual de Vecna, que se apresenta em carne viva e um rosto cadavérico, parecendo alguém que sofreu queimaduras severas.  E se não bastassem essas referências, temos uma homenagem clara, com a participação de Robert Englund, que interpreta Victor Creel, um condenado à morte e que tem ligação direta com a criatura. Aliás, a personalidade de Vecna se assemelha a de Krueger no que diz respeito ao sadismo.

Outro ponto que gostei é a história bem amarrada, com algumas exceções (que falarei daqui a pouco). Quase tudo na quarta temporada está interligado a Vecna. Qual é a relação do vilão com a família Creel e o Devorador de Mentes, senhor do Mundo Invertido? Qual sua conexão com Eleven (Millie Bobby Brown ) e o tempo em que ela viveu no laboratório quando criança?

A trama não esconde essas interconexões, mas a relação entre Vecna, Eleven, família Creel e Devorador de Mundos é responsável por tudo o que aconteceu desde a primeira temporada é incrível e com um plot twist inesperado e que muda muita coisa do que pensávamos a respeito de “Stranger Things”. Falar mais que isso é correr o risco de dar spoilers, mas posso dizer que essas elucidações vão te surpreender.

Algo que mais me desagradou na terceira temporada foi a narrativa confusa e arrastada. O quarto ano de “Stranger Things” possui um ritmo ágil e com bons insights que te prendem a atenção. Confesso que fiquei muito preocupado quando vi episódios incrivelmente longos (o último possui duas horas e trinta minutos). Em entrevistas recentes, os irmãos Duffer disseram que o ritmo narrativo sempre foi uma preocupação, mesmo nos capítulos mais longos dessa temporada. E missão dada, é missão cumprida, pois mesmo em nenhum momento senti cansaço ou tédio assistindo à série, mesmo no último episódio com seus 150 minutos de duração.

Lembra que falei que nem tudo são flores nessa temporada de “Stranger Things”? Pois então, alguns pontos e decisões criativas me incomodaram ou não fizeram sentido para mim. A trama de Jim Hopper (David Harbour) é muito bem conduzida, até o momento em que as cabeças pensantes da série resolveram conectar sua história com a batalha de Eleven e Cia. contra Vecna, resultando em algo meio forçado e sem necessidade.

Mas o pior mesmo é o núcleo que contém Mike (Finn Wolfhard), Jonathan Byers (Charlie Heaton), Will Byers (Noah Schnapp) e Argyle (Eduardo Franco). Podem até discordar do que vou escrever, mas nada do que eles fizeram é interessante e relevante para a história. Várias são as situações que me fazem ter essa opinião, mas a situação mais bizarra de todo esse ano é Mike salvar a pátria, quando tudo estava perdido, porque Will diz que ele é coração do grupo. Uma sequência no nível mais alto de forçação, ridicularidade e cafonice.

Antes de encerrar a resenha é preciso falar do personagem que mais se destaca na quarta temporada, e não estou falando de Vecna, que possui uma presença imponente. Eddie Munsen (Joseph Quinn) chama e rouba a atenção desde o primeiro momento. Líder do Hellfire Club, um grupo de Dungeons & Dragons, somos apresentados a um personagem carismático e inteligente, mostrando que as aparências enganam. Aliás, o ponto alto da série fica por conta de Eddie tocando “Master Of Puppets” na guitarra em pleno Mundo Invertido. Porém, seu desfecho é heroico e trágico. E não tenho vergonha de dizer que chorei muito com o final dado a Eddie e todos os desdobramentos que resultam dele.

Por falar em final, o desfecho da quarta temporada é mais uma derrota que uma vitória para os nossos heróis. Vecna pode ter sido derrotado, mas finalmente o objetivo dos lordes do Mundo Invertido se concretizam, deixando uma expectativa imensa para o último ano de “Stranger Things”.

Com uma trama sombria, madura e ágil, com um vilão realmente ameaçador e um Eddie carismático, “Stranger Things” se reinventou e trouxe a redenção da série após uma terceira temporada forçada e chata.

Depois de tudo isso, só posso dizer que é claro que vale, mais vale muito a pena assistir a quarta temporada de “Stranger Things”!

Ficha Técnica:

Título Original: Stranger Things

Título no Brasil: Stranger Things

Gênero: Terror, Ficção Científica

Temporadas:

Episódios: 9

Criadores: The Duffer Brothers

Produtores: The Duffer Brothers, Shawn Levy, Dan Cohen, Cindy Holland, Brian Wright, Matt Thunell, Karl Gajdusek, Iain Paterson, Curtis Gwinn

Diretores: The Duffer Brothers, Shawn Levy, Nimród Antal

Elenco: Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Noah Schnapp, Sadie Sink, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Joe Keery, Maya Hawke, Priah Ferguson, ,Brett Gelman, Cara Buono, Jamie Campbell Bower, Eduardo Franco, Joseph Quinn, Matthew Modine, Paul Reiser, Joe Chrest, Mason Dye, Tom Wlaschiha, Nikola Đuričko, Rob Morgan, John Paul Reynolds, Sherman Augustus, Catherine Curtin, Myles Truitt, Gabriella Pizzolo, Tinsley Price, Clayton Royal Johnson, Tristan Spohn, Christian Ganiere, Regina Ting Chen, Elodie Grace Orkin, Logan Allen, Hunter Romanillos, Pasha D. Lychnikoff, Vaidotas Martinaitis, Nikolai Nikolaeff, Paris Benjamin, Karen Ceesay, Arnell Powell, Ira Amyx, Kendrick Cross, Hendrix Yancey, Grace Van Dien, Amybeth McNulty, Logan Riley Bruner, Joel Stoffer, Dacre Montgomery, Robert Englund, Kevin L. Johnson, Tyner Rushing, Livi Burch, Ed Amatrudo, Audrey Holcomb

Companhias Produtoras: 21 Laps Entertainment, Monkey Massacre, Upside Down Pictures, Netflix

Transmissão: Netflix

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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