SINOPSE: Após derrotar Dormammu e enfrentar Thanos, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) abriu as portas do multiverso ao lançar um feitiço com o intento de ajudar o Teioso (Tom Holland). Agora o antigo Mago Supremo precisa proteger America Chavez (Xochitl Gomez), uma adolescente capaz de viajar pelo multiverso, de um inimigo implacável e de poderes incalculáveis que pode destruir todas as realidades existentes.

Desde a apresentação do Multiverso em “Loki”, esse é o conceito que define a atual fase do MCU. Isso significa que veremos muitas realidades se entrelaçando nós próximos filmes da Marvel. Em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” tivemos um pequeno vislumbre do que o Multiverso podia nos apresentar, com os Homens-Aranhas de Tobey Maguire e Andrew Garfield se juntando ao Teioso de Tom Holland.

O conceito do Multiverso abre as portas para histórias que seriam muito difíceis de serem apresentadas e precisaria de grandes explicações. O Multiverso simplifica tudo: crossovers, retornos de personagens amados pelos fãs, versões diferentes dos super-heróis mostrados no MCU, como  vimos em “What If…?”

“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” (que vou chamar de “Dr. Estranho 2” para ficar mais fácil), viria para explorar as infinitas realidades e para isso somos apresentados a America Chavez, uma adolescente que não possui outras versões em qualquer outro universo.

America Chavez está sendo perseguida por uma força maligna e poderosa por causa da sua capacidade de viajar pelos universos sem a necessidade de aparatos científicos ou magia. Essa entidade é nossa amada Wanda Maximoff, agora transformada na Feiticeira Escarlate, uma das entidades mágicas mais poderosas existentes e corrompida pela utilização do Darkhold, um poderoso grimório escrito por Chthon, um demônio ancestral.

Dessa forma, além da tentativa de explorar mais o Multiverso, “Dr. Estranho 2” apresenta as consequências dos atos cometidos por Wanda em “Wandavision”. Determinada a recuperar seus filhos, que nunca existiram na Terra-616, ela quer absorver os poderes de viajar pelas realidades de America Chavez para realizar seu desejo.

Instável mentalmente e corrompida pelo Darkhold, Wanda se apresenta com uma das melhores vilãs que a Marvel Studios trouxe até agora. Já sabíamos o quanto Wanda poderia ser poderosa, mas em “Dr. Estranho 2” ela se aproxima  do que vemos nos quadrinhos: uma feiticeira tão poderosa que pode alterar toda a realidade.

A construção de Wanda, desde sua apresentação em “Vingadores: Era de Ultron”, foi cuidadosa: uma personagem marcada pela tragédia desde a infância, que encontrou a breve felicidade ao lado de Visão, somente para perdê-lo e voltar ao luto.

Toda essas perdas e tragédias só pioraram a instabilidade mental que Wanda já tinha. E em busca de recuperar seus filhos que nunca existiram, ela recorre a todos os meios possíveis. Trágica e com camadas, temos uma vilã complexa que consegue nos fazer odiá-la e defendê-la em doses iguais, afinal estamos vendo a jornada de uma mãe em busca de recuperar seus filhos.

A outra narrativa que domina “Dr. Estranho 2” é a do protagonista. Nesse segundo filme vemos um aprofundamento na personalidade de Stephen Strange. Aliás, desde a integração do agora Ex-Mago Supremo do MCU, que ele é o personagem com a melhor narrativa entre todos existentes.

Desde sua origem, percebemos que Stephen Strange não segue as convenções de um super-herói comum, pois suas decisões sempre foram questionáveis, como a de entregar a Joia do Tempo para Thanos por ser a única ação com possibilidade de vitória dentre quatorze milhões.

Em “Dr. Estranho 2” essa faceta da personalidade de Stephen Strange é aprofundada ao descobrirmos que a maior ameaça do Multiverso é o próprio Stephen Strange. E quem diz isso é nada mais, nada menos que os Illuminati de um dos universos existentes. Esse grupo tão icônico da Marvel informa que na sua realidade, o Dr. Estranho utilizou o Darkhold para derrotar Thanos, mas acabou corrompido pelo poder negro do livro, quase causando uma incursão: a colisão de dois universos.

Visto o aprofundamento das facetas desses dois personagens, gostei de termos Wanda Maximoff e Stephen Strange em lados opostos, pois ambos estão dispostos a tomar decisões ambíguas para alcançarem seus objetivos.

”Dr. Estranho 2″ é um filme de pouco mais de duas horas de duração, porém parece ter mais tempo de telona pois acontecem muitas coisas e quase o tempo todo, sendo algumas muito boas e outras nem tanto.

O Multiverso já permitiu a união das três versões cinematográficas do Cabeça de Teia, mostrando que as possibilidades, como as realidades, são infinitas. E por esse motivo, dentre tantas coisas que gostei nesse segundo filme do Ex-Mago Supremo, com certeza a apresentação dos Illuminati foi a mais incrível.

Nessa versão alternativa dos Illuminati temos um fã-service sensacional com a Capitã Carter apresentada em “What If…?”, interpretada por Hayley Atwell; o Raio Negro vivido por Anson Mount, com direito à máscara do rei dos Inumanos e uma amostra seu imenso poder; o Professor Xavier de Patrick Stewart (participação já vazada antes da estreia do filme).

Agora, foi uma surpresa totalmente inesperada e INCRÍVEL quando vi Reed Richard, mesmo sabendo que sua presença já era esperada (pois nos quadrinhos sabemos que ele é integrante dos Illuminati), mas ver John Krasinski como o Senhor Fantástico (uniforme, cabelos grisalhos e até o físico esguio do personagem) foi FODA DEMAIS!

Outro grande momento é o Dr. Estranho zumbi com sua capa de demônios, revelando que deram muita liberdade criativa para o diretor Sam Raimi, pois temos ótimos momentos de terror.

E por falar em terror, Sam Raimi faz jus às suas origens, transformando “Dr. Estranho 2” em um filme de terror em determinados momentos, sendo a sequência da Wanda perseguindo Stephen Strange e America Chavez por um corredor estreito e com luzes se apagando e piscando o maior exemplo disso.

Aliás, temos várias referências a clássicos do terror como por exemplo Wanda com o rosto ensaguentado remetendo a “Carrie: A Estranha” ou Bruce Campbell se batendo com a própria mão, após um feitiço de Stephen Strange, uma homenagem clara a “Evil Dead”, o primeiro filme de Sam Raimi.

Porém, “Dr. Estranho 2” tem seus problemas narrativos, como a quantidade excessiva de reviravoltas. Em determinado momento do filme, o Livro de Vishanti é a salvação contra Wanda e o Darkhold, depois é America Chavez, depois é Stephen Strange, depois é a própria Wanda. Essa técnica que vou chamar de “Nós vamos viver/ Nós vamos morrer” (uma homenagem ao Sid da “Era do Gelo”) é utilizada tantas vezes que em determinado momento fiquei bem frustrado com a falta de criatividade do roteirista.

Outra decepção é que apesar do termo Multiverso no título do filme, “Dr Estranho 2” explora muito pouco as diversas realidades. O único vislumbre disso é quando Stephen Strange e America Chavez estão atravessando vários universos, mas é tudo muito rápido (e você provavelmente não irá ver o Tribunal Vivo). Mas mesmo frustrado com isso, entendo pois o filme já tem muita coisa acontecendo e se fosse explorar outras realidades além da que é mostrada, teríamos um longa-metragem muito longo e o foco que é Wanda e Stephen Strange poderia se perder.

“Dr Estranho 2” é um espetáculo pipoca maior e tão bom quanto “Homem-Aranha: Longe de Casa” e termina com nosso Stephen Strange, talvez corrompido por ter utilizado magias que não devia, encontrando um certa sobrinha de um governante da Dimensão Sombria.

Além disso, a introdução do conceito da incursão atiçou os fãs e nos fez sonhar com a possibilidade de em um futuro próximo, vermos uma das sagas mais incríveis dos quadrinhos nas telonas. Estou falando das Guerras Secretas.

Pipoca ao extremo e recheado de fã-setvices que nos fazem teorizar o que virá em seguida, “Dr. Estranho 2” é um espetáculo que só a Marvel pode fazer. Além disso, ele encerra a jornada trágica de Wanda Maximoff de forma correta e honra a história dos quadrinhos da personagem.

Vale muito a pena assistir “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”!

Ficha Técnica:

Título Original: Doctor Strange in the Multiverse of Madness

Título no Brasil: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Gênero: Ação, Super-Herói

Duração: 126 minutos

Diretor: Sam Raimi

Produção: Kevin Feige

Roteiro: Michael Waldron

Elenco: Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Chiwetel Ejiofor, Benedict Wong, Xochitl Gomez, Michael Stuhlbarg, Rachel McAdams, Patrick Stewart, Hayley Atwell, Lashana Lynch, Anson Mount, John Krasinski

Companhias Produtoras: Marvel Studios

Transmissão: Walt Disney Studios

Motion Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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