SINOPSE: A terceira temporada de “Expresso do Amanhã” deve focar nos planos de Wilford, que tenta evitar que as pessoas descubram que pode existir vida fora do trem e dessa forma, manter seu reinado. No entanto, Layton parece disposto a quebrar essa realidade. O rebelde, junto com seus aliados, seguem com os planos para desmascarar Wilford. Além disso, continua o mistério em torno de Melanie Cavill: será que ela morreu no frio congelante do mundo exterior?

 

“Perfuraneve” é uma das histórias de distopia pós-apocalíptica mais emblemáticas da Nona Arte. Esse quadrinho ganhou ainda mais notoriedade quando foi adaptada para um filme em 2013 pelo diretor Bong Joon-ho, vencedor do Oscar de Melhor Diretor por “Parasita”, e estrelado por Chris Evans, o eterno Capitão América do MCU.

Com fãs e entusiastas, tanto dos quadrinhos quanto do filme, a expectativa em cima da série foi gigantesca. A primeira temporada segue, com pouquíssimas alterações, a história original: o Snowpiercer é um trem com 1000 vagões onde reúne os últimos sobreviventes da humanidade de uma nova era do gelo que assolou o planeta e matou todas as formas de vida.

Por seguir um roteiro já visto na HQ e no filme de 2013, o primeiro ano não me empolgou muito, salvando a introdução de Melanie (Jennifer Connelly), a chefe da Hospitalidade que começa como a grande vilã da temporada, defendendo os interesses da Primeira Classe e a voz de Wilford, o construtor da Locomotiva Eterna. Logo descobrimos que Melanie, na verdade é quem construiu o Snowpiercer, que Wilford não está no trem e que todas as decisões tomadas por ela é para manter o frágil equilíbrio do ecossistema criado dentro dos 1000 vagões.

A segunda temporada se mostra melhor que a primeira, pois os produtores e roteiristas puderam contar novas histórias a partir do material original. A primeira boa decisão é a introdução de um novo trem, o Big Alice, e que a bordo dele está Wilford, interpretado por Sean Bean. A introdução do idealizador do Snowpiercer é bem-vinda pois põe em xeque a democracia criada, após a revolta do Fundo, por Andre Layton (Daveed Diggs). Diggs quer igualdade entre as classes do trem, mas precisa lidar com a desconfiança da Primeira Classe que vêem nisso, uma redução drástica em seus privilégios. Wilford por outro lado conta com a lealdade quase fanática desses passageiros e de muitos do Fundo, que o vêem quase como uma figura messiânica. Mas logo, descobrimos que a construção do trem só serviu para que Wilford realizasse seus sonhos loucos de ser o rei da humanidade.

Esse conflito entre Wilford e Layton é muito bem construído e enquanto os jogadores principais se digladiam, temos Melanie novamente roubando as atenções na segunda temporada ao descobrir que em alguns lugares do mundo está nevando. O que isso significa? Que a temperatura nesses locais está subindo, o que pode ser a esperança de sair finalmente do trem. Mas a personagem que mais cresce é Ruth Wardell (Alison Wright ) que na primeira temporada era vice de Melanie na Hospitalidade. Defensora fanática de Wilford, ela vai percebendo que o idealizador da Locomotiva Eterna não tem nenhum apreço pelos passageiros a não ser que eles o reverenciem como seu rei, seu deus.

Que tal acompanhar a jornada da Locomotiva Eterna desde o começo? É só clicar nos links abaixo para saber um pouco mais das temporadas anteriores de o “Expresso do Amanhã”.

Séries – Expresso do Amanhã (1ª Temporada)

Séries – Expresso do Amanhã (2ª Temporada)

Então chegamos à terceira temporada cercada de expectativas. E ao invés de seguir em frente como o Snowpiercer, a série dá marcha a ré e retorna ao marasmo e a previsibilidade do primeiro ano. Ela começa com Layton e alguns amigos refugiados no Big Alice, após Wilford tomar o controle do Snowpiercer. O que vemos nos três primeiros episódios é uma caçada do Big Alice pelo Snowpiercer pelos trilhos congelados ao redor do mundo. O problema é que achei esse jogo de xadrez entre o defensor da democracia e o louco rei do trem explorado de forma superficial e  atrapalhada isso porque, se na segunda temporada Wilford se mostrou um estrategista sorrateiro, nesse ano ele comete erros que são no mínimo forçados.

Paralelamente a esse conflito, Layton e seus amigos acabam descobrindo em uma usina nuclear, Asha (Archie Panjabi), uma sobrevivente ao frio exterior mortal. E aqui a terceira temporada até que melhora narrativamente, pois nosso protagonista utiliza Asha para reforçar a esperança dos passageiros de que existe no Chifre da África, um local quente o suficiente para que eles possam finalmente descer do trem. O problema é que Layton viu esse “éden” em um sonho.

Essa decisões, por mais duvidosas que sejam, visam o bem-estar e o equilíbrio do ecossistema do trem, mas tiram Layton do lado iluminado, tornando-o um personagem mais cinza.  E o grande questionador de Melanie acaba se tornando igual a ela.

Mas apesar dessa narrativa, a terceira temporada não consegue sustentar o interesse do espectador ao longo de 10 capítulos, precisando utilizar histórias paralelas e personagens sem carisma para encher o espaço entre o primeiro e o último episódio. Um exemplo disso é a constante e enfadonha participação de Audrey (Lena Hall), que como mágica, se transforma de amante e maior apoiadora de Wilford em uma das pessoas que o repudiam veemente. E o que falar do casal Osweiller (Sam Otto) e Lilah (Annalise Basso) que ficam pendendo a favor da mudança de mãos do controle do trem? Até agradeci o desfecho dado a Lilah, pois sua loucura forçada já tinha dado o que tinha que dar no final da primeira temporada.

Ruth continua sendo o destaque nessa terceira temporada. O crescimento da personagem é exponencial desde o começo da série. Nesse terceiro ano, sua influência e carisma entre os defensores das ideias de Layton é tanta que muitos a veem como àquela que deveria ser a líder do Snowpiercer. E dentre essas pessoas, temos Pike (Steven Ogg) que desde a primeira temporada enxerga que Layton não é o bastião da verdade e bons costumes (hehehehehehe). O conflito entre os dois só poderia ser encerrado de uma forma e a perda desse personagem, foi péssimo para a série.

E quanto a Layton, Wilford e Melanie?

A minha opinião continua a mesma desde a primeira temporada sobre Layton: sem carisma e insosso, que só tem grandes momentos na presença de outros personagens. Concordo com Pike, que Layton não merece ser o líder e protagonista do Snowpiercer.

Wilford, que é muito interessante na segunda temporada, se torna chato e previsível, perdendo completamente o espaço na história.

Já Melanie, continua se destacando, tanto pela excelente Jennifer Connely como pelo cuidado que os responsáveis pela série têm com a personagem. Seu reaparecimento nos episódios finais por mais previsível que fose, dá uma chacoalhada no marasmo que a terceira temporada se tornou. Vendo as mentiras que Layton contou e o perigo que é chegar ao Chifre da África, Melanie volta a ser a mulher fria e manipuladora, mesmo que o objetivo seja o de salvar os passageiros.

Esse segundo round entre Melanie e Layton é tão bem construído, que conseguiu colocar a dúvida na minha cabeça se realmente existe o “éden” sonhado pelo protagonista da série. Mas como disse no começo dessa resenha, a terceira temporada de “Snowpiercer” segue um roteiro previsível.

Renovada para uma quarta temporada, “Snowpiercer” deve abordar duas linhas narrativas: os que permaneceram no trem e àqueles de seguiram Layton para fora dele. E a cena final deve mostrar o éden de Layton tendo que lidar com outras pessoas que vivem fora do trem, explorando a ideia já batida de que os homens podem ser piores que qualquer cataclismo atmosférico. E não me surpreenderia em nada se a contratação do ator Clark Gregg (o agente Coulson de “Agentes da S.H.I.E.L.D.”) vivesse o líder dessa comunidade rival.

“Snowpiercer” tem uma base sólida de espectadores que rende a renovação de novas temporadas. Porém como diz Wilford ao ser expulso da Locomotiva Eterna: “Vocês não têm coragem nem de acabar comigo”. Essa frase serve bem para uma série que já se estendeu o suficiente.

Vale a pena assistir esse novo ano de “Snowpiercer” se você viu a série desde o início, como é o meu caso. Entretanto, tirando os três primeiros episódios, o conflito entre Pike e Layton e os capítulos finais, o que temos é uma temporada com muita “encheção de linguiça”.

Ficha Técnica:

Título Original: Snowpiercer

Título no Brasil: Expresso do Amanhã

Gênero: Drama, Ficção Científica Pós-Apocalíptica, Distopia

Temporadas:

Episódios: 10

Criador: Josh Friedman, Graeme Manson

Produtores: Jiwon Park, Alissa Bachner, Mackenzie Donaldson, Holly Redford

Diretor: Christoph Schrewe, Erica Watson, Leslie Hope

Elenco: Jennifer Connelly, Daveed Diggs, Mickey Sumner, Alison Wright, Iddo Goldberg, Susan Park, Katie McGuinness, Sam Otto, Sheila Vand, Mike O’Malley, Annalise Basso, Jaylin Fletcher, Lena Hall, Roberto Urbina, Steven Ogg, Rowan Blanchard, Sean Bean, Chelsea Harris, Archie Panjabi

Companhias Produtoras: CJ Entertainment, Dog Fish Films, Studio T, Tomorrow Studios

Transmissão: TNT, Netflix (Brasil)

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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