SINOPSE: Vamos acompanhar Bruce Wayne (Robert Pattinson) em seu segundo ano como Batman causando medo nos corações dos criminosos, se estabelecendo como a personificação da vingança. Mas em uma de suas investigações, Bruce acaba envolvendo o Comissário Gordon e ele mesmo em um jogo de gato e rato ao investigar uma série de maquinações sádicas e pistas enigmáticas, revelando que Charada (Paul Dano) está por trás disso tudo. Porém, a investigação acaba o levando a descobrir uma onda de corrupção que envolve o nome de sua família, pondo em risco sua própria integridade e as memórias que tinha sobre seu pai, Thomas Wayne. Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham City.

É inquestionável a popularidade do Batman, que suplanta até mesmo o Superman, considerado o maior super-herói de todos os tempos, tanto na própria DC quanto na Marvel. Entrar em detalhes do porquê o Cavaleiro das Trevas exerce esse fascínio na maioria das pessoas exigiria outra resenha e um verdadeiro trabalho de pesquisa.

Comecei essa resenha falando da popularidade do Batman para dizer que desde antes de Tim Burton, já existia um movimento para levar o maior detetive do mundo para os cinemas. Porém foi só pelas mãos do diretor de “Edward Mãos de Tesoura” e “Os Fantasmas Se Divertem” em 1989, que começamos a ter adaptações à altura do Batman nas telonas (tirando “Batman Eternamente” e “Batman e Robin”). De lá para cá é impossível pensar em ficarmos um tempo muito grande sem um filme do Cavaleiro das Trevas (o maior hiato foi de 8 anos com o lançamento de “Batman Begins”).

Um problema surgiu quando Ben Affleck resolveu não vestir mais o manto do Batman, tanto por problemas pessoais quanto internos na Warner, pois muitos o consideram a melhor versão já levada para os cinemas. E por mais que eu ache que o seu Batman esteja em pé de igualdade com o de Christian Bale, é inegável a imponência que Ben Affleck dá ao personagem, muito pelo seu porte físico e pelo uniforme, que é igualzinho ao que vi em o “Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller.

Então para “Batman”, a primeira decisão da Warner foi contratar Matt Reeves para a direção. Matt Reeves se tornou um dos queridinhos do estúdio e um dos nomes mais aclamados Hollywood por causa do seu excelente trabalho na trilogia “Planeta dos Macacos”. Em suas declarações, o diretor prometia uma visão totalmente diferente do que vimos desde “Batman” de 1989. E já nos primeiros minutos, Matt Reeves prova suas intenções.

A cena inicial dá o tom de “Batman” que lembra muito “Zodíaco” e “Seven”. Apesar da violência ser algo mais sugerido que mostrado, fia bem claro o perigo que o Charada impõe a Gotham e aos espectadores. Com essas referências cinematográficas, esse filme que explora o lado detetivesco do Cavaleiro das Trevas como nenhum outro fez até então. Batman e o detetive Gordon tentam desvendar os enigmas deixados pelo Charada para descobrir suas motivações e assim impedi-lo. Nesse ponto vemos referências a duas histórias: “Ano Dois” e “O Longo Dia das Bruxas”.

As referências a “Ano Dois” ficam claras quando vemos um Batman já estabelecido como uma figura que pune os criminosos. E punir é a palavra certa, pois nosso herói busca vingança e não justiça. Mas mais que isso, Batman possui habilidades cognitivas incríveis, mas ainda não desenvolveu todas as suas capacidades investigativas. E por esse motivo o vemos como uma pessoa errática em suas deduções e decisões, fazendo menção direta com “O Longo Dia das Bruxas”.

Voltando um pouco ao início do filme, temos o momento mais FODA na minha opinião, que é quando vemos os criminosos vendo o Batsinal e olhando aterrorizados para os cantos escuros de Gotham. O objetivo é transmitir o medo que o Batman causa nos bandidos. Objetivo alcançado com sucesso, pois senti a tensão e a expectativa criadas nesses minutos. Porém é uma pena que esses momentos de terror se resumam ao começo do filme.

Como na trilogia “O Planeta dos Macacos”, Matt Reeves apresenta uma narrativa cadenciada e envolvente. E essa característica na forma do diretor contar histórias é interessante pois apesar de “Batman” ter quase três horas de duração, minha atenção não se perdeu em nenhum momento e nem senti cansaço por ficar tanto tempo assistindo algo.

Além da ótima narrativa, outro pilar que se destaca nos filmes de Matt Reeves são os atores escalados e como os personagens de suas histórias se desenvolvem. E em “Batman” ele novamente acertou em cheio. E sobre esse assunto, vou começar falando da escalação mais polêmica de “Batman”: Robert Pattinson. Desde o anúncio de que o ator seria o novo Homem Morcego nas telonas uma grande maioria torceu o nariz e começou a chacota devido ao seu papel na saga “Crepúsculo”. Além de piadas como o “Batman que brilha”, que surgiram aos montes (hahahaha), muitos questionaram o talento de Robert Pattinson.

A verdade é que Robert Pattinson é um ótimo ator. E para provar isso basta assistir outros filmes em que ele atuou como “O Farol”, “Cosmópolis”, “High Life” e “Tenet”. Além disso o ator em “Batman” quase não aparece como Bruce Wayne, estando quase que o filme todo vestido como Batman. E é claro que o roteiro ajuda, mas Robert Pattinson dá conta do recado e traz um ótimo Homem Morcego cheio de raiva e em busca de vingança.

Porém devo dizer que não percebi enquanto assistia a “Batman”, a exploração do embate psicológico das personas Wayne / Batman que é mostrada em “Ego”, uma das hqs que Matt Reeves utilizou para construir a história do filme e que segundo o diretor, seria o pilar central da sua narrativa.

Jeffrey Wright e Andy Serkis têm atuações discretas, mas nem por isso seus personagens são menos importantes. Pelo contrário, o detetive Gordon e Alfred são companheiros do Batman e possuem papel fundamental para ajudá-los solucionar os crimes cometidos pelo Charada.

Colin Farrell está irreconhecível como o Pinguim, graças ao excelente trabalho de maquiagem. Além disso, a atuação do ator, que apesar do talento é muito criticado, traz o melhor personagem de “Batman”.

E o outro destaque, claro, fica por conta de Paul Dano que interpreta o grande vilão de “Batman”. Mesmo mascarado em boa parte do filme, sua interpretação é perfeita e consegue dar o tom certo ao sociopata que o Charada é em “Batman”. Mas é nas poucas aparições em que ele está sem máscara que vemos como a escalação do ator foi acertadíssima; sendo o  momento de sua prisão, onde Paul Dano apenas dá um sorriso, demonstrando todo o perigo e insanidade que o Charada representa, o melhor momento do ator.

P.S.: quer ver todo o talento e se tornar fã de Paul Dano? Então assista “Sangue Negro” com o espetacular Daniel Day-Lewis.

Com um roteiro bem escrito e interpretações incríveis, Matt Reeves também acerta na fotografia, figurino e adereços. “Batman” é um filme escuro, se passando quase que todo o tempo à noite, com pouquíssimas cenas diurnas, traduzindo o tom da história. As vestimentas dos personagens estão de acordo com a personalidade e o momento de cada um e o maior exemplo disso é o uniforme do Homem Morcego: tático e em fase de construção, combina com a persona do Batman no longa-metragem. Aliás, tirando o uniforme usado por Bem Affleck, o traje usado por Robert Pattinson é o mais legal de todos os filmes do Batman até agora.

Antes de encerrar essa resenha, preciso destacar alguns  pontos em “Batman”. O primeiro é a aparição do Batmóvel que levou as pessoas ao cinema à loucura. E concordo com a declaração de Matt Reeves: “…se o Batman deveria surgir das sombras e ser assustador, o Batmóvel deveria servir o mesmo propósito… Isso significa que ele deve aparecer saindo das sombras, como se parecesse uma besta, uma aparição. O carro tinha de parecer intimidador.”

No vídeo a seguir, você fica com o som da besta saindo da jaula.

Outro momento incrível é a cena épica do Cavaleiro das Trevas avançando contra os bandidos, sendo iluminada pelos tiros que são dados contra o Batman. O que torna essa sequência ainda mais incrível é que ela foi feita com 100% de efeitos práticos. Rob Alonzo, coordenador dos dublês do filme, colocou uma pessoa de verdade no set para deixar tudo mais real e através de uma série de coreografias filmadas em partes e repetidas dezenas de vezes, Matt Reeves juntou tudo e deu o acabamento com os efeitos especiais, como as balas ricocheteando do traje do Batman.

E por fim é preciso destacar a trilha sonora sensacional composta por Michael Giacchino, compositor responsável por diversas músicas de séries, filmes e jogos de videogame. Assim como o tema musical de “Mulher-Maravilha” estrelado por Gal Gadot e de “Superman” do icônico Christopher Reeve, Giacchino traz com “Can’t Fight City Halloween”, a música definitiva do Batman.

Ouvi e conversei com pessoas comparando “Batman” com “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, dizendo que o segundo filme da trilogia de Christopher Nolan é melhor. Acho essa comparação completamente errada, pois como o primeiro longa-metragem de possivelmente uma nova trilogia, eu o compararia com “Batman Begins”. E comparando ambos os longas-metragens, “Batman” de Matt Reeves é melhor e com muito mais potencial de crescimento.

E esse potencial de “Batman” deve ser anunciado muito em breve, já que o filme conseguiu mais de US$ 500 milhões arrecadados, sendo US$ 258 milhões somente nos EUA (ou seja, dentro de casa o longa-metragem é rentável, fator importantíssimo para possíveis sequências). Mas mesmo não sendo confirmada ainda a sequência, dois derivados já estão confirmados: uma série protagonizada pelo Pinguim de Colin Farrell e outra série ambientada dentro do Arkham, ambas produzidas pela HBO.

Para uma possível sequência, as possiblidades são inúmeras. Podemos ver o retorno do Charada (algo insinuado pelo site rataalada.com). A aparição do Coringa interpretado pelo incrível Barry Keoghan pode ser a força-motriz para um segundo filme, apesar que eu deixaria o Palhaço do Crime ainda movimentando as cordas nas sombras, tendo sua estreia como antagonista para um terceiro longa-metragem, e quem sabe trazendo os eventos que acontecem em “Asilo Arkham”.

Para um segundo filme dessa nova franquia do Homem Morcego traria o Espantalho, que foi mal utilizado por Nolan,  e que utiliza o mesmo elemento do Batman: o medo, e dessa forma manteria essa linha investigativa e o tom de “Seven” e “Zodíaco”. Outra possibilidade bem-vinda seria vermos a Corte das Corujas, já que os segredos da família Wayne revelados pelo Charada, estão presentes no arco dos quadrinhos que apresentam essa misteriosa e poderosa organização.

“Batman” é um reflexo da forma de Matt Reeves conduzir uma história, misturando na medida certa uma narrativa envolvente com cenas de ação de tirar o fôlego. Além disso, como um maestro, utiliza com equilíbrio e precisão os elementos técnicos de um filme.

Incrível narrativamente, impecável tecnicamente, com um grande potencial de crescimento e explorando o Homem Morcego de uma forma diferente do que vimos até agora nos cinemas, é claro que vale muito a pena assistir “Batman”!

Ficha Técnica:

Título Original: The Batman

Título no Brasil: Batman

Gênero: Ação, Super-Herói

Duração: 175 minutos

Diretor: Matt Reeves

Produção: Dylan Clark, Matt Reeves

Roteiro: Matt Reeves, Mattson Tomlin

Elenco: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Jeffrey Wright, John Turturro, Peter Sarsgaard, Andy Serkis, Colin Farrell, Jayme Lawson, Gil Perez-Abraham, Peter McDonald, Alex Ferns, Con O’Neill, Rupert Penry-Jones, Barry Keoghan

Companhias Produtoras: DC Films, 6th & Idaho, Dylan Clark Productions

Transmissão: Warner Bros. Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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