SINOPSE: “Vikings: Valhalla” acompanha as aventuras dos vikings mais famosos da história, no início do século 11. Entre eles estão o lendário explorador Leif Erikson (Sam Corlett), sua impetuosa e obstinada irmã Freydis Eriksdotter (Frida Gustavsson) e o ambicioso príncipe nórdico Harald Sigurdsson (Leo Suter). Cerca de um século depois do fim da série original “Vikings”, os três iniciam uma jornada épica após tensões entre o povo viking e a realeza inglesa. As desavenças entre crenças pagãs e cristãs apenas se intensificam, causando um rompimento sangrento. Agora, eles irão cruzar oceanos e campos de batalha, de Kattegat à Inglaterra e além, enquanto lutam pela sobrevivência e pela glória.
A história de Ragnar, Lagertha, Bjorn, Ivar e Cia. foi mais que uma produção de televisão, mas um fenômeno cultural. Dessa forma, nem o Ragnarok impediria o fim da série.
Antes do término da última temporada de “Vikings”, foi anunciado “Valhalla”, que se passaria 100 anos depois das aventuras de Ragnar Lodbrok. Vikings: Valhalla” estreou cercada de expectativas bem altas devido ao sucesso de crítica e audiência da série original. E por causa do legado criado por Ragnar e Cia., esse spin-off / sequência não emplacou como eu esperava.
Evito ler resenhas a respeito de filmes e séries antes de assisti-los, para evitar ser influenciado por elas. Porém, uma palavra específica em um título de um artigo fez todo o sentido para mim quando terminei de ver “Vikings: Valhalla”. Essa palavra é “esvaziada”.
A série original se destacou pelo carisma que os personagens possuíam. Era impossível não torcer para que os planos de Ragnar (Travis Fimmel) dessem certo ou estar lado a lado com Bjorn (Alexander Ludwig) em suas aventuras. Como não odiar e admirar Ivar (Alex Høgh Andersen) por sua inteligência e fome por poder E como não se render a força de Lagertha (Katheryn Winnick).
Esse carisma dos personagens de “Vikings” foi desenvolvido episódio a episódio, temporada a temporada, mas percebi que gostaria deles no momento em que foram apresentados. Já em “Valhalla” isso não aconteceu. E mesmo que o trio principal desse spin-off / sequência tente emular figuras importantes da produção original, não consegui gostar deles.
Leif Eriksson (Sam Corlett) é um viking vindo da Groelândia, e filho do berserker Eric, o Ruivo. Ele tenta construir uma história própria e sair da sombra sangrenta do seu banido pai. Ficou bem claro para mim, que a trajetória de Leif se parece muito com a de Ragnar: um homem simples extremamente inteligente que se vê envolvido, mesmo que não por vontade própria, no jogo de poder do Rei da Noruega e seus candidatos futuros ao trono do reino viking.
Essa impressão de que Leif seria o Ragnar de “Vikings: Valhalla” ficou mais forte quando o filho de Eric, o Ruivo, arquiteta um plano para derrubar a ponte de Londres e tomar a cidade. A engenhosidade, coragem e atrevimento do personagem lembrou muito nosso Lodbrok tentando invadir Paris.
Já Harald Sigurdsson (Leo Suter) é bisneto de Harold Finehair, que ambicionava a qualquer custo se tornar rei da Noruega. Por ser descendente direto de Finehair, acredita que é seu direito reinar sobre todos os vikings, e como seu bisavô, percebe que seus planos podem não se realizar graças ao seu irmão Olaf Haraldsson (Jóhannes Haukur Jóhannesson) que possui o mesmo sonho.
Em “Vikings: Valhalla”, Harald se mostra uma pessoa sedutora e carismática, conquistando todos que o conhecem, a ponto de conseguir juntar os vikings cristãos e os que oram para os deuses antigos. Logo no primeiro episódio, ele se torna amigo de Leif e se apaixona por sua irmã.
E finalmente temos Freydis Eriksdotter (Frida Gustavsson), irmã de Leif, que segue seu irmão até Kattegat em busca de vingança. Quando criança, ela foi estuprada por um viking cristão e marcada com uma cruz nas costas. Ela consegue se vingar, mas causa com isso, que seu irmão se junte ao exército viking para pagar a dívida e vê sua vida se transformar ao conhecer Jarl Haakon (Caroline Henderson). Sua jornada é muito parecida com a de Lagertha, pois Freydis logo se torna a “Última de Uppsala”, figura que terá papel fundamental para o futuro de Kattegat.
Como disse, apesar do trio de protagonistas de “Viking: Valhalla” ter muitas semelhanças narrativas com personagens centrais da série original, falta carisma e um aprofundamento em suas histórias. Mas talvez isso seja por causa da velocidade de “Valhalla”.
“Vikings” passou a ter 20 episódios a partir da 4ª temporada e a princípio fiquei muito feliz com isso, já que achava pouco ver uma de minhas séries favoritas em apenas 10 capítulos. Mas o que começou como algo muito bom, logo se tornou um pesadelo, pois com mais episódios, os produtores precisaram criar o que chamo de “encheção de linguiça”.
“Vikings: Valhalla” tem somente 8 episódios, então tudo acontece muito rápido para o que acredito que poderia preencher fácil o dobro de capítulos. Além disso, o criador desse spin-off / sequência, Jeb Stuart, deu declarações que essa produção teria mais ação. Com esse direcionamento e com pouco tempo em tela, é claro que o desenvolvimento de personagens seria preterido. E um exemplo dessa pressa fica muito clara nos dois últimos episódios de “Vikings: Valhalla” em que temos várias reviravoltas na trama que foi bem difícil de acompanhar.
Até mesmo as sequências de ação e de batalhas campais me pareceram um pouco fracas já que o criador de “Vikings: Valhalla” é um especialista no assunto. Nesse quesito, “Valhalla” dá passos para trás em relação à série original que trouxe grandiosas sequências de exércitos se confrontando.
Até mesmo o alardeado confronto de religiões é algo superficial. O reino da Noruega está dividido entre os vikings cristãos e os que adoram Odin e os Aesires. Esse confronto de ideias e filosofias não é algo inédito, já que em “Vikings” temos Athelstan (George Blagden), um monge que é capturado pelos nórdicos e começa a criar a atenção em Ragnar pelo cristianismo. Do outro lado, temos Floki (Gustaf Skarsgård) que é um devoto ferrenho dos deuses de Asgard. Mais que confrontos físicos, o embate de ideias entre Athelstan e Floki era interessante e levantou várias questões a respeito de religião e fé.
Mas em “Vikings: Valhalla” esse embate entre os devotos dessas duas religiões se resume a troca de ofensas, confrontos físicos e uma guerra contra Jarl Kåre (Asbjørn Krogh Nissen) um fanático cristão que tem como objetivo a destruição do pluralismo religioso que existe na Noruega e principalmente em Kattegat.
O final de “Vikings: Valhalla” deixa muitas pontas soltas para o futuro do nosso trio de protagonistas. E por isso acredito que a Netflix deva autorizar uma segunda temporada além de que o spin-off / sequência deve ter tido uma boa audiência, graças ao legado deixado pela produção original. Porém, se houver uma renovação para “Valhalla” que o responsáveis pela série trabalhem melhor os personagens, que são o fator determinante de sucesso de “Vikings”, bem como aprofundar mais esse debate entre nórdicos cristões e os que seguem os deuses antigos.
Esperava bem mais, mas preciso admiti que me diverti mesmo com todos os problemas que mencionei. E somente por isso, e com expectativas que uma segunda temporada siga mais o que vimos na série original, é que vale a pena assistir “Vikings: Valhalla”.
Ficha Técnica:
Título Original: Vikings: Valhalla
Título no Brasil: Vikings: Valhalla
Gênero: Ação, Drama Histórico
Temporadas: 1ª
Episódios: 8
Criadores: Jeb Stuart
Produtor: Jeb Stuart, Morgan O’Sullivan, Michael Hirst, Sheila Hockin, Steve Stark, James Flynn, John Weber, Niels Arden Oplev, Sherry Marsh, Alan Gasmer, Paul Buccieri
Diretores: Niels Arden Oplev, Steve Saint Leger, Hannah Quinn, David Frazee
Elenco: Sam Corlett, Frida Gustavsson, Leo Suter, Bradley Freegard, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Caroline Henderson, Laura Berlin, David Oakes, Lujza Richter, Gavan O’Connor-Duffy, Edward Franklin, Sam Stafford, Álfrún Laufeyjardóttir, Jack Mullarkey, Kenneth M. Christensen, James Ballanger, Christopher Rygh, Pääru Oja, Jaakko Ohtonen, Robert Mccormack, Louis Davison, Gavin Drea, Asbjørn Krogh Nissen, Annabelle Mandeng, Pollyanna McIntosh, Søren Pilmark, Henessi Schmidt, Ruben Lawless, Bosco Hogan, Wolfgang Cerny, Yvonne Mai, Bill Murphy, Frank Blake, Leifur Sigurðarson, Julian Seager, John Kavanagh, Stephen Hogan, Jack Hickey
Companhias Produtoras: Metropolitan Films International, History, MGM Television
Transmissão: Netflix