SINOPSE: Uma jovem professora (Keri Russell) descobre que seu aluno (Jeremy T. Thomas) esconde um segredo mortal a respeito de seu pai e irmão mais novo. Tendo decidido tomar conta do menino, ela deve lutar pela sobrevivência contra horrores além da imaginação.
Sempre vale a expectativa quando o nome de Guilhermo del Toro está envolvido em alguma produção, ainda mais quando o filme é de terror. Além de del Toro, o diretor de “Espíritos Obscuros”, Scott Cooper, chama a atenção e cria expectativas. Para quem não está familiarizado com o nome, ele dirigiu “Aliança do Crime” e o incrível “Hostis”.
Mas além de del Toro e Scott Cooper, o material promocional de “Espíritos Obscuros”, bem como a sinopse me deixaram instigado a assiti-lo, criando a expectativa de que veria um dos filmes a figurar no Top 3 de filmes de terror de 2021 do Cinemaníaco
Porém, a expectativa foi se tornando em frustração a medida que assistia a “Espíritos Obscuros”. E o motivo dessa frustração é que o filme tem uma ótima trama mas não tem ritmo capaz de segurar minha atenção e empolgação.
“Espíritos Obscuros” tem como ponto central a lenda do wendigo: uma criatura do folclore algonquiano que surge quando um humano decide praticar canibalismo. Seu desenvolvimento pode se dar quando ao praticar o canibalismo, o homem será incorporado pelo espírito maligno do wendigo que irá torna-lo em um monstro irracional extremamente brutal, sanguinário e por uma compulsão insaciável por carne humana.
Tendo essa breve explicação sobre o que é um wendigo, “Espíritos Obscuros” mostra Lucas Weaver (Jeremy T. Thomas), uma criança, por volta dos 10 ou 12 anos, muito calada e introvertida, que caça animais ou coleta carcaças para levar para casa. Logo ficamos sabendo que esses animais são a refeição do seu pai e do seu irmão mais novo, que ficam trancados no sótão.
Essa é a única parte de “Espíritos Obscuros” que é interessante pois vemos Lucas dividido entre o amor pelo seu pai e seu irmão mais novo, ao cuidar e protegê-los e o medo ao ter que viver na mesma casa com as criaturas, ainda que a transformação esteja incompleta, que seus parentes se tornaram.
No começo do filme, vemos o pai de Lucas sendo atacado por algo preso dentro de uma espécie de mina. Vendo no que está se transformando, pede que seu primogênito o tranque no sótão, mas nesse processo, acaba levando seu filho mais novo junto.
O problema de “Espíritos Obscuros” é que nem a trama principal e nem as subtramas são desenvolvidas. Em um determinado momento, o pai de Lucas come carne humana e completa sua transformação em wendigo e acaba fugindo. Mas o que deveriam ser os pontos de tensão do filme, se mostram em cenas de mortes um tanto fracas.
Quanto as subtramas, a falta de ritmo permanece. A presença de Julia (Keri Russell), a professora que se compadece da situação se Lucas, deveria abordar a questão do abuso e violência infantil, porém o que vi foi algo insípido. Outro ponto é a proliferação de laboratórios de meta-anfetina em cidadezinhas dos EUA, que também poderia nem ter sido citado.
Com uma narrativa desprovida de ritmo que me deixasse interessado, o desfecho de “Espíritos Obscuros” que deveria ser tenso e emocionante, é tão sem gosto como água de chuchu: matar o irmão mais novo de Lucas, que só precisa comer carne humana para se transformar em wendigo não me causou nenhum sentimento. Até mesmo o destino de Lucas é algo entre o “ah… legal” e o”nhééé”.
“Espíritos Obscuros” poderia até ter se salvado se ficasse completamente na relação de Lucas com sua família, pois nesses momentos minha atenção ficou presa a narrativa como quando ele usa fones de ouvido para não ouvir seu irmão dizer que está com fome (por carne humana) ou o amor/medo de uma criança de 10 anos em entrar no sótão para alimentar algo que já foi seu pai.
Uma ótima ideia mas completamente sem ritmo definem esse filme. E por essas razões é que não vale a pena assistir “Espíritos Obscuros”.
Ficha Técnica:
Título Original: Antlers
Título no Brasil: Espíritos Obscuros
Gênero: Terror
Duração: 99 minutos
Diretor: Scott Cooper
Produção: Guillermo del Toro, David S. Goyer, J. Miles Dale
Roteiro: C. Henry Chaisson, Nick Antosca, Scott Cooper
Elenco: Keri Russell, Jesse Plemons, Jeremy T. Thomas, Graham Greene, Scott Haze, Rory Cochrane, Amy Madigan, Cody Davis, Sawyer Jones, Jake T. Roberts
Companhias Produtoras: TSG Entertainment, Phantom Four Films, Double Dare You Productions
Distribuição: Searchlight Pictures