SINOPSE: Os Eternos fazem parte de uma raça modificada geneticamente pelos deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Vindo de um planeta muito distante, chegaram na Terra há milhares de anos atrás. Esses super-seres têm protegido a humanidade desde o início dos tempos dos Deviantes. O retorno dessas criaturas leva os Eternos a unirem seus poderes para poderem salvar o mundo.

Após o final da Saga do Infinito, a Marvel prometeu filmes mais heterogêneos e histórias menos interligadas quando comparada as primeiras fases do MCU. Porém as primeiras produções da fase 4 não trouxeram tantas novidades narrativas. “Viúva Negra” seguiu os mesmos moldes dos longas-metragens anteriores e “Snang-Shi” trouxe algumas coisas novas, mas nem tanto.

As minhas apostas e acredito de muitas pessoas era que “Eternos” traria uma história e uma estrutura diferente do que vimos até agora no MCU. Esse sentimento surgiu pelas declarações dos responsáveis pelo longa-metragem e pela própria narrativa existente no material original.

E é justamente a primeira coisa que chama atenção em “Eternos”: a estrutura e o tom narrativo. A trama dos habitantes de Olympia nos quadrinhos tem um tom messiânico pois Jack Kirby ao criar os Eternos quis subverter os conceitos religiosos e evolutivos humanos: homens, deviantes e eternos são experiências realizadas pelos Celestiais em primatas. E os eternos por serem imortais, por mais que não tenham interferido na história humana, deram origem aos mitos dos deuses.

O filme é bem fiel ao tom existente nos quadrinhos, mas com algumas mudanças, como por exemplo: os eternos no longa-metragem são descendentes do planeta Olympia bem como os deviantes são uma raça alienígena. Mas tirando algumas alterações, “Eternos” possui o tom messiânico das hqs. Os eternos acabam sendo confundidos com deuses e os Celestiais fazem o papel dos criadores do universo.

Aliás, no filme, os Celestiais são representados como nas hqs: como seres que existem desde o início do universo, ou até antes dele, já que eles estão por aí antes mesmo das Joias do Infinito. Essas criaturas tem a missão de criar e destruir vidas e mundos. E essa sensação de imponência fica mais evidente quando vemos as proporções desses seres: quando Arishem está ao lado da Terra, vemos que ele é tão grande quanto nosso planeta.

Aliás preciso falar que colocar Arishem como o Celestial Primordial é a maior mudança e relação à história desses seres, Nos quadrinhos Arishem é o líder da Quarta Expedição, que tem o objetivo de julgar de decidir o destino de suas experiências. Na mitologia das hqs da Marvel o mais o líder dos Celestiais é One Above All. Além disso, o visual de Arishem não é o mostrado nos quadrinhos, se assemelhando mais com o de Eson.

Acredito que por “Eternos” ter essas características em sua história, a forma como ela é contada é tão diferente dos demais filmes da Marvel. Alternando passado e pressente, a estrutura narrativa desse longa-metragem é tão única quando comparamos com as demais produções do MCU.

Sabemos que os filmes do MCU são estruturados na já conhecida “Fórmula Marvel”. Até mesmo “Vingadores: Guerra Infinita” trabalha dentro das características dessa “receita de bolo” de sucesso.

Porém, “Eternos” narra sua história de uma forma totalmente diferente do que acostumamos a ver no universo cinematográfico da Marvel. E essa ousadia deu muito certo pois o que vi na telona foi algo completamente novo.

Talvez o maior exemplo dessa ousadia seja as reviravoltas que acontecem em “Eternos”, que são inesperadas. Foi uma surpresa descobrir a verdadeira razão da vinda dos eternos à Terra.

E surpresa maior ainda foi descobrir quem é o verdadeiro vilão do longa-metragem, pois enquanto os demais filmes da Marvel (com exceção de “Capitão América: Guerra Civil”) onde o bem e o mal estão bem definidos, em “Eternos” essa linha não está bem delineada.

Essa “traição” (um pouquinho de spoiler não mata ninguém, hehehehe) é fruto da devoção de um dos heróis. Coloco essa traição entre aspas porque “Eternos” levanta a discussão a respeito do quanto as pessoas tem dificuldade em mudar quando seus pensamentos são voltados para uma única ideia. Posso até ir mais longe e dizer que é uma questão fé inabalável vs. realidade.

Essa discussão é evidenciada não somente ao mostrar a traição de um dos eternos por causa de sua devoção, mas ao mostrar os demais integrantes do grupo precisando lidar com suas dúvidas e indecisões quando tirados da zona de conforto, sendo Sersi o maior exemplo disso.

Toda essa trama complexa e inovadora é contada de forma impecável graças à tutela de Chloé Zhao. A diretora e roteirista de “Eternos” mereceu ganhar os Oscars de Melhor Filme e Melhor Diretora por “Nomadland”. “Eternos” não é só um filme de super-herói mas uma história que fala de devoção, amor, e relações pessoais como nenhum outro filme da Marvel conseguiu.

O elenco escalado para “Eternos” é outro ponto positivo do filme, que aliado ao ótimo roteiro consegue dar espaço para todos em cena. Todos seus personagens tem dramas bem desenvolvidos  e explorados de forma igualitária.

Vale destacar a presença da belíssima Salma Hayek que interpreta Ajak, líder da missão dos eternos. Essa mudança é muito bem-vinda pois nos quadrinhos ele não possui esse protagonismo.

E claro que precisamos falar de Angelina Jolie que é utilizada de forma extremamente inteligente em “Eternos”.  Sua presença é quase que uma participação mais que especial no filme, o que permite que os demais atores e atrizes brilhem também.

Mas na minha opinião, o melhor personagem de “Eternos” é Druig (Barry Keoghan). A princípio parece que o integrante do grupo vindo de Olympia está cagando e andando para o que acontece ao redor, sempre com uma cara de bunda que chefa a irritar. Mas em determinado momento, percebemos que toda essa marra é uma forma de lidar  com o que ele sente pelos homens e pelos seus companheiros.

As cenas pós-créditos deixam o gancho para uma sequência que vai mostrar as consequências das decisões tomadas pelos eternos e a possível introdução do portador da Espada de Ébano e quem sabe a estreia de Mahershala Ali.

Com uma história com tons épicos e porque não dizer, messiânicos, “Eternos” é ousado e diferente de tudo que já foi feito no MCU. Digo que “Eternos”, está no mesmo patamar de “Vingadores: Guerra Infinita” que considero o melhor filme da Marvel.

“Eternos” era um dos filmes que mais esperava ver esse ano e ele não me decepcionou. E junto com outros dois filmes, disputa fortemente o posto de Melhor Filme de 2021 do Cinemaníacos.

Dito tudo isso, é claro que só posso dizer que vale muito a pena assistir “Eternos”!

Ficha Técnica:

Título Original: Eternals

Título no Brasil: Eternos

Gênero: Super-Herói

Duração: 157 minutos

Diretor: Chloé Zhao

Produção: Kevin Feige, Nate Moore

Roteiro: Chloé Zhao, Patrick Burleigh,Ryan Firpo,Kaz Firpo

Elenco: Gemma Chan, Richard Madden, Kumail Nanjiani, Lia McHugh, Brian Tyree Henry, Lauren Ridloff, Barry Keoghan, Don Lee, Harish Patel, Kit Harington, Salma Hayek, Angelina Jolie, Bill Skarsgård, David Kaye, Harry Styles, Patton Oswalt, Mahershala Ali

Companhias Produtoras: Marvel Studios

Distribuição: Walt Disney Studios

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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