SINOPSE: Riley Flynn (Zach Gilford) retorna para sua cidade natal depois de anos e esconde um passado sombrio. E com a chegada do padre Paul (Hamish Linklater) nessa comunidade costeira e isolada, eventos milagrosos e presságios assustadores começam a acontecer, causando comoção entre os moradores da pequena ilha.

Mike Flanagan se tornou conhecido por suas ótimas adaptações. Entre as mais conhecidas estão “A Maldição da Residência Hill”, “A Maldição da Mansão Bly” e o excelente “Doutor Sono”.

Seu projeto mais recente é uma história de sua autoria. Estou falando de “Missa da Meia-Noite”, que veio cercado de expectativas, graças ao sucesso de seus trabalhos anteriores e pelo mistério que cercava a nova série do cineasta.

Apesar de ser uma história original, “Missa da Meia-Noite” segue a fórmula drama-terror vista em “A Maldição da Residência Hill” e “A Maldição da Mansão Bly”. Riley Flynn (Zach Gilford), retorna para a ilha onde nasceu após passar quatro anos preso por matar uma mulher enquanto dirigia embriagado. Mas esse local isolado é habitado por outras pessoas com seus próprios demônios interiores

Essa fórmula já experimentada com sucesso por Mike Flanagan me incomodou em vários momentos, pois fui expostos à longas sequências em que personagens relatam ou revivem seus dramas pessoais ou a diálogos filosóficos e metafísicos extensos e cansativos. Entendo que esses artifícios narrativos são utilizados para dar profundidade aos personagens, mas em “Missa da Meia-Noite” os tornam chatos e nada carismáticos.

De todos os personagens, dois se salvam: o padre Paul (Hamish Linklater) e a beata Bev Keane (Samantha Sloyan). Enquanto o novo pároco da ilha nos conquista pela aura de mistério que o envolve e pelos milagres que realiza, Bev é uma mulher religiosa que beira o fanatismo.

Aliás, um dos temas centrais de “Missa da Meia-Noite” é a religião e a fé e como eles podem desenvolver pessoas e comunidades ou destruí-las quando seus dogmas são deturpados. Esse conceito fica bem claro na forma como Bev se comporta e vê as coisas. A beata é um pé no saco, chata pra caraio, mas o roteiro e a atuação de Samantha Sloyan me fez querer vê-la em cena mais vezes, mesmo odiando sua personagem.

Até o quarto episódio, mais ou menos, “Missa da Meia-Noite” foca nos dramas pessoais dos personagens, quando é revelado quem é o padre Paul. Descobrimos que seus milagres tem a ver com a descoberta de um “anjo” no deserto. À partir daí, a série começa a ganhar ares de terror e percebemos as influências que levaram Mike Flanagan a escrever essa história.

A referência mais proeminente de “Missa da Meia-Noite” é “Salem’s Lot” na forma como a história de desenrola a partir da revelação da identidade do padre Paul e seu encontro com o “anjo”. Porém, essa influência não é nenhuma novidade, já que Mike Flanagan se declarou um fã fervoroso de Stephen King (que além de ter adaptado “Doutor Sono” para os cinemas, dirigiu e produziu “Jogo Perigoso” e tem vontade de fazer filmes e séries de outras obras do Mestre do Terror).

Mas apesar de “Missa da Meia-Noite” ser fortemente influenciado por “Salem’s Lot”, Mike Flanagan coloca um forte senso religioso, mostrando como a fé pode ser algo maligno quando utilizada por pessoas com visões deturpadas a respeito dela. No caso do padre Paul existe uma espécie de “cegueira” de sua parte, já que ele não percebe a catástrofe que se anuncia graças aos seus atos. Já Bev vê na criação do exército do padre Paul uma oportunidade de assumir o controle das pessoas e edificar sua ideia de comunidade perfeita.

Além de “Salem’s Lot”, a série apresenta ideias vista em “30 Dias de Noite” ao mostrar como os conspiradores do padre Paul e de Bev isolam a pequena ilha do resto do mundo.

Os últimos episódios são completamente voltados para o terror, quando presenciamos a ascensão de Bev e de seu exército de “anjos” dominando a ilha e arrebanhando à força os habitantes que moram no local.

O final deixou algumas pessoas com a sensação de que poderíamos ter uma segunda temporada, o que acho que não deve acontecer, já que Mike Flanagan já declarou que seu próximo projeto será algo mais assustador e brutal, bem diferente do drama-terror que ele fez até agora.

O terror apresentado do meio da série para o final é bem conduzido e desenvolvido, mostrando que Mike Flanagan sabe o que está fazendo quando trabalha esse gênero. Porém a parte dramática de “Missa da Meia-Noite” é cansativo e uma cópia do que vi em outros trabalhos do cineasta.

Pelo terror mostrado e como ele foi conduzido, digo que vale a pena assistir “Missa da Meia-Noite”.

Ficha Técnica:

Título Original: Midnight Mass

Título no Brasil: Missa da Meia-Noite

Gênero: Drama, Terror

Temporadas: 1

Episódios: 7

Criador: Mike Flanagan

Produtores: Jeff Howard, Trevor Macy, Mike Flanagan

Diretor: Mike Flanagan

Elenco: Kate Siegel, Zach Gilford, Kristin Lehman, Samantha Sloyan, Igby Rigney, Rahul Kohli, Annarah Cymone, Annabeth Gish, Alex Essoe, Rahul Abburi, Matt Biedel, Michael Trucco, Crystal Balint, Louis Oliver, Henry Thomas, Hamish Linklater

Companhias Produtoras: Intrepid Pictures

Transmissão: Netflix

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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