SINOPSE: Madison (Annabelle Wallis) passa a ter visões dos crimes enquanto acontecem. Aos poucos, ela percebe que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel. Para impedir a criatura, Madison precisará investigar de onde ela surgiu e enfrentar seus traumas de infância.

Existe uma espécie de “lenda” em Hollywood que diz que quando James Wan somente produz os filmes, eles não estão à altura de seu nome. Mas quando ele produz e DIRIGE a história muda de rumo e alguns exemplos disso são o primeiro “invocação do Mal” e “Jogos Mortais” de 2004.

Por esse motivo, “Maligno” entrou no meu radar pois James Wan volta ao gênero que o lançou ao sucesso. Além disso ele produz e dirige o filme, prometendo uma nova visão do terror.

“Maligno” é influenciado fortemente pelo Giallo: gênero literário e cinematográfico italiano de suspense e romance policial, que eu mesmo desconhecia até pouco tempo, mas que foi um dos principais fatores para a criação de um subgênero de terror que todo fã ama: o slasher. Tendo isso em mente fica mais fácil identificar alguns elementos do Giallo como o detetive que procura o assassino que quase sempre usa luvas causa mortes chocantes a suas vítimas.

Mas apesar da forte influência do Giallo, James Wan também brinca com outros subgêneros do terror, tornando “Maligno” em uma miscelânia de tudo que o diretor e produtor malaio gosta. O filme já começa com uma cena envolvendo um hospital psiquiátrico que parece fazer experimentos estranhos e que parecem ter alguma relação com Gabriel. Quer algo mais raíz para o terror que uma instituição médica localizada no alto de um morro e que pratica procedimentos duvidosos do ponto de vista ético?

O próprio Gabriel (movimentos de Marina Mazepa e voz de Ray Chase) parece ser uma mistura de Diana de “Quando as Luzes se Apagam” com Samara (Sadako no Japão) de “O Chamado”, mostrando mais um vez a paixão de James Wan pelo cinema de terror e sua imaginação fértil e doentia para trazer criaturas bizarras.

Mas além das homenagens a outros subgêneros e filmes de terror, James Wan também faz referências a sua própria filmografia. Os ângulos de filmagem de “Maligno” lembram muito o primeiro “Invocação do Mal”, sendo a fuga de Madison dentro de sua casa vista de cima uma das cenas mais legais do filme. A fotografia também lembra a produção de estreia do “Wanverso” aparentando uma história passada na década de 1970, porém contada nos dias atuais.

Mas a maior homenagem de James Wan em “Maligno” é para o filme que o alçou ao estrelato em 2004: o primeiro “Jogos Mortais”. Os elementos que demonstram essa afirmação são muitos a começar pelo próprio Gabriel, que busca uma espécie de “justiça” pelo que foi feito a ele, remetem muito a John Kramer (Tobin Bell), bem como sua voz transmitida por aparelhos eletrônicos lembrando muito as mensagens passadas pelo boneco Billy.

Porém, a forma como a história é contada, a maior referência à estreia de Jigsaw e de James Wan nos cinemas, com muitos eventos sendo lançados sem explicação nenhuma como a cena de abertura do filme, a relação de Gabriel com Madison, entre outros. Até mesmo os créditos iniciais, com cenas de cirurgias sangrentas, parecem algo solto, mas  igual ao desfecho de “Jogos Mortais”, no terço final desse longa-metragem tudo é explicado e vemos que tudo que foi apresentado se conecta.

Aliás, a origem de Gabriel e sua relação com Madison é igual ao final de “Jogos Mortais” de 2004, no quesito inesperado, derrubando qualquer teoria que fiz a seu respeito e do por quê ele ser “ao contrário”.

O terço final de “Maligno”, além das revelações inesperadas e das peças do quebra-cabeça sendo encaixadas, é uma referência claríssima aos filmes slashers como “Sexta-Feira 13” ou “Halloween”, devido ao banho de sangue que Gabriel promove.

Até determinado momento de “Maligno“ achei que seria mais um filme dentro do que James Wan vem apresentando no seu “Wanverso”, mas do meio para o fim do longa-metragem, minha opinião mudou, mostrando que o diretor e produtor malaio brincou até com minhas percepções. Porém, não posso concordar com a afirmação dele e dos materiais promocionais que dizem que “Maligno” é uma nova visão do terror.

Por ser uma miscelânia de vários subgêneros e produções cinematográficas que tanto gosto e por 111 minutos de diversão, posso dizer que vale a pena assistir “Maligno”.

Ficha Técnica:

Título Original: Malignant

Título no Brasil: Maligno

Gênero: Terror

Duração: 111 minutos

Direção: James Wan

Produção: James Wan, Michael Clear

Roteiro: Akela Cooper

Elenco: Annabelle Wallis, Mckenna Grace, Maddie Hasson, George Young, Michole Briana White, Marina Mazepa, Ray Chase, Jean Louisa Kelly, Madison Wolfe, Susanna Thompson, Jake Abel, Jacqueline McKenzie, Christian Clemenson, Amir AboulEla, Ingrid Bisu, Andy Bean, Patricia Velásquez, Zoë Bell

Companhias Produtoras: New Line Cinema, Atomic Monster Productions, Starlight Media, Midas Innovation

Distribuição: Warner Bros. Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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