SINOPSE: Shang-Chi (Simu Liu) é um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho.
No dia 02 de setembro de 2021, a Marvel Studios deu início à fase 4 do MCU com “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”. As expectativas em cima do filme eram gigantes para vermos o que o “Parlamento da Marvel Studios” (composto por por Kevin Feige, Jonathan Schwartz, Nate Moore, Trinh Tran, Brad Winderbaum, Eric Carroll e Stephen Broussard) iria nos trazer. Expectativas essas que só aumentaram devido ao adiamento do longa-metragem por causa do Covid.
Minha primeira e maior preocupação em relação a “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” era com as cenas de lutas, afinal estamos falando do maior lutador marcial de toda a Casa de Ideias. Essa apreensão deve-se ao que vi na série “Punho de Ferro”, o campeão de K’un-L’um e considerado por muitos o único capaz de rivalizar com o Mestre do Kung-Fu na porradaria. Mas nesse ponto fiquei bem feliz com o que vi, pois as cenas de lutas são muito bem coreografadas e conduzidas, apresentando a plasticidade de muitos filmes de artes marciais chineses ou com atores nascidos no país.
Vale destacar algumas sequências como a do ônibus, onde Shang-Shi luta contra Razor Fist(Florian Munteanu) e sua gangue, lembrando bastante os combates dos longas-metragens estrelados por Jack Chan. Aliás Jack Chan é homenageado duas vezes, pois a fuga de Shang-Shi e Katy (Awkwafina) do clube de Xu Xialing (Meng’er Zhang) é muito “A Hora do Rush 2”. Mas é legal ver também o filme mostrando o estilo wushu visto em “O Tigre e o Dragão”, como no combate entre Xu Wenw (Tony Leung) e Jiang Li (Fala Chen) que me lembrou muito
A produção das cenas de lutas foi algo que exigiu todo um cuidado por parte dos produtores e principalmente do diretor Destin Daniel Cretton (que dirigiu episódios de “Punho de Ferro”). A coreografia marcial de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, que mistura wushu e os combates frenéticos de Jack Chan, ficou sob a responsabilidade do coordenador supervisor de dublês, Brad Allan. Além disso, o elenco do filme treinou exaustivamente artes marciais para dar mais plasticidade e credibilidade aos movimentos. Simu Liu que tem conhecimento em taekwondo, ginástica e Wing Chun, treinou wushu, Muay Thai, silat, Krav Maga, jiu-jitsu, boxe e luta de rua. Meng’er Zhang treinou MMA, tai chi e dardo e corda.
A fórmula mágica da Marvel está presente em “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, alternando o heroísmo presente nos quadrinhos com o humor já característico de seus filmes. E falando de humor, é claro que o destaque é a atriz Awkwafina. Sua personagem lembra muito a Darcy (Kat Dennings) dos longas -metragens do Thor, mas também tem uma pitada de Luiz (Michael Peña) e Kurt (David Dastmalchian). Mas Shang-Shi também traz a comédia presente nos personagens vividos por Jack Chan (olha ele aí de novo). Quem me conhece sabe o quanto sou chato com essa questão da “piada pela piada”, mas no filme de estreia do Mestre do Kung-Fu, o humor está bem encaixado no contexto, entrando nas horas certas
E se estamos falando de humor, é preciso falar de Ben Kingsley reprisando o papel de Trevor Slattery, o ator contratado para ser o Mandarim em “Homem de Ferro 3”. Além de ser muito bom ver o ator atuando novamente, suas cenas são muito engraçadas, sendo sua “morte” no terço final do filme muito divertida.
Mas o peso e a grandiosidade do herói só são medidos de acordo com seu antagonista e em “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” temos um vilão que é bem competente nesses quesitos. Xu Wenw (Tony Leung), que já foi chamado de vários nomes, inclusive de Mandarim, é um conquistador chinês, portador dos Dez Anéis, que além de lhe dar grandes poderes também lhe deu a longevidade de milhares de anos. Líder da organização homônima aos artefatos misteriosos de sua posse, ele alterou os principais eventos da história em troca de riqueza e poder. Ao conhecer e Jiang Li, ele abandona essa vida e renega aos Dez Aneis em troca do amor e de sua família. Mas tudo retrocede quando Jiang Li morre.
Algo que pode ter chateado os fãs mais puristas é a forma como os Dez Anéis são mostrados. Artefatos de origem desconhecida, os poderes deles são mais homogêneos: disparar rajadas de energia, dar uma espécie de “capacidade de vôo”, além da já citada “imortalidade” ao portador. Nos quadrinhos os Anéis são anéis mesmo e não braceletes, e cada um tem uma capacidade diferente: explosão de gelo, mento-intensificador, explosão elétrica, explosão de chamas, luz branca, luz negra, feixe de desintegração, feixe de vórtice, feixe de impacto e reorganização da matéria.
Como sua origem é desconhecida e os artefatos são cercados de mistérios, pode ser que Kevin Feige e o MCU possam explorar esses poderes dos Anéis futuramente, apesar de achar bem difícil isso acontecer.
O final do filme, que se passa na vila de onde Jiang Li veio foi um misto de alegria e um pouco de decepção. O local escondido por um labirinto de árvores vivas é a parte mais chinesa de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, seja na estética cinematográfica, seja nas criaturas como kuramas, leões sino-mitológicos e até dragões. Porém achei desnecessárias a aparição e toda a sequência do verdadeiro vilão do filme. É isso mesmo que você leu: Xu Wenw acaba não sendo o principal antagonista de Shang-Shi. E isso me decepcionou um pouco, pois todo o drama desenvolvido entre o filho que precisa lidar com sentimentos contraditórios em relação ao pai, são meio que jogados fora ao mostrar que tudo não passou de um jogo de sombras orquestrado por algo.
A primeira cena pós crédito pode tanto ser algo específico para um segundo filme de Shang-Shi como algo a ser explorado como uma ameaça para todo o MCU: os Anéis, que tem suas origens desconhecidas até mesmo por pessoas entendidas nos assuntos místicos e do espaço, estão transmitindo um espécie de “chamado” para uma região desconhecida do universo.
Ao contrário do andei lendo, o filme não é tão ousado assim na minha opinião, pois a fórmula Marvel está muito presente, mas é um excelente pontapé para a fase 4 do MCU.
Divertido e com ótimas cenas de luta, é claro que vale a pena assistir “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”!
Ficha Técnica:
Título Original: Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings
Título no Brasil: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Gênero: Ação, Super-Herói
Duração: 132 minutos
Direção: Destin Daniel Cretton
Produção: Kevin Feige, Jonathan Schwartz
Roteiro: David Callaham, Destin Daniel Cretton, Andrew Lanham
Elenco: Simu Liu, Awkwafina, Meng’er Zhang, Fala Chen, Florian Munteanu, Benedict Wong, Michelle Yeoh, Ben Kingsley, Tony Leung, Florian Munteanu
Companhias Produtoras: Marvel Studios
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures