SINOPSE: Logo após os acontecimentos mortais do primeiro filme, a família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe) precisa agora encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.
O terror é o gênero, seja qual for a mídia, que mais se reinventa, que mais traz novidades. Dessas mídias, o cinema é uma das que mais chamam atenção das pessoas. Porta de entrada de muitos diretores, produtores, roteiristas e atores, o gênero nas telonas nos últimos anos vem trazendo produções que fogem das convenções a que estamos acostumados a ver.
Preciso dizer que sou um apaixonado por histórias de terror, sejam elas nos livros, nos quadrinhos, nos games, nas séries ou nos filmes. E claro que gosto de um bom filme de terror com clichês (desde que bem utilizados), afinal foram eles que me fizeram criar essa fissura pelo gênero, mas é uma surpresa muito gratificante quando assisto a longas-metragens que fogem dessas convenções como “A Bruxa”, “Nós” ou “Midsommar”.
Nessa onda de novidades, em 2018, estreava nos cinemas um filme que utilizava um dos clichês mais clássicos do terror: “não faça barulho” (o outro é “não abra a porta”, hahahahahaha) de uma forma tão inovadora que surpreendeu os fãs do gênero. Estou falando de “Um Lugar Silencioso”.
Elevando ao nível máximo o perigo de fazer o menor ruído que fosse, o longa-metragem escrito e dirigido por John Krasinski criou um ambiente de pura apreensão e medo nas salas de cinema. Lembro claramente que nunca fui a uma sessão tão quieta como a de “Um Lugar Silencioso”. O momento em que Evelyn (Emily Blunt) pisa no prego e deixa cair o porta-retrato fez meu coração parar e pareceu extremamente alto, mesmo que tenha falado baixo, quando soltei um “Puta que pariu. Fudeu!”
Com um sucesso quase unânime de crítica, mas principalmente de bilheteria (US$ 341 milhões para orçamento de US$ 20 milhões), é claro que uma sequência seria questão de tempo. Então dois anos depois do primeiro filme, chegava aos cinemas “Um Lugar Silencioso 2”.
Admito que estava muito ansioso para ver o novo capítulo da luta pela sobrevivência da família Abbott, mas também bastante apreensivo, afinal como esse filme poderia manter a originalidade de explorar o silêncio absoluto como foi feito no longa-metragem de 2018?
A verdade é que “Um Lugar Silencioso 2” trabalha um pouco menos essa questão de manter o espectador imerso no silêncio. A ausência de fazer barulhos para se manter vivo continua sendo um dos pilares da história, mas John Krasinski o mescla com o elemento mais clássico dos filmes de terror: os jump scares. E logo no começo do longa-metragem você é submetido a um verdadeiro teste de cardíaco: na primeira aparição de uma das criaturas tomei um baita susto, que fez minha alma ir buscar pipoca na bomboniere do cinema e quando ela estava voltando tomei outro susto, que me fez pular na cadeira e minha alma dar meia-volta e ir ao banheiro.
Preciso dizer que “Um Lugar Silencioso 2” não utiliza os jump scares de forma leviana, ou como sempre digo: susto atrás de susto, atrás de susto, atrás de susto… como o que vemos em filmes como “Annabelle”. O objetivo além de enriquecer os cardiologistas, é usar os jump scares para passar a sensação do perigo a que as pessoas estão expostas no longa-metragem.
Vejo essa mudança como necessária, pois não acho que o clima de suspense e apreensão causado pelo extremo silêncio que permeia o primeiro filme quase que completamente, não entreteria tanto o espectador. Mas não se engane, “Um Lugar Silencioso 2” tem altas doses de suspense e desespero, como quando Emiliy precisa driblar uma das criaturas que estão bem na sua frente.
Porém acho que a grande sacada para causar desespero em quem assistia ao longa-metragem é quando passamos a não ouvir o mundo como Regan (Millicent Simmonds) sem seu aparelho auditivo. Nesses momentos, cheguei a sentir uma pontada de pânico, pois na completa ausência de som a que somos submetidos, vemos criaturas ao fundo se aproximando de uma adolescente completamente à mercê da situação.
E por falar em Regan, preciso mais uma vez aplaudir a interpretação de Millicent Simmonds, que é surda na vida real. Ela me conquistou no primeiro filme logo de cara e continuou me surpreendendo nessa sequência. Carismática e talentosa, ela é capaz de colocar totalmente em segundo plano Emily Blunt e Cillian Murphy, que são incríveis.
Mas se torcemos por Regan, Evelyn e Emmett (Cillian Murphy) para sobreviverem, queria muito que Marcus Abbott (Noah Jupe) morresse. Seu personagem é extremamente medroso e até aí tudo bem (afinal estamos falando de uma criança cercado por criaturas sanguinárias), mas seu descontrole e seu jeito atrapalhado, que colocava sua família em momentos difíceis sempre, me irritava demais.
Preciso destacar mais dois momentos nesse filme. O primeiro é quando Emmett e Regan chegam ao um píer e são cercados por um grupo de pessoas, que foi o momento em que mais me senti desconfortável e apreensivo, pois os habitantes do ancoradouro tinham um olhar que misturava a total falta de esperança e um ódio profundo.
O segundo momento é o início de “Um Lugar Silencioso 2” onde vemos a chegada das criaturas ao nosso planeta (sim, eles são alienígenas) em uma sequência que mostra todo o terror e a confusão causada por elas.
A confiança da Paramount Pictures em “Um Lugar Silencioso 2” é tão grande, que antes do filme estrear, o estúdio e John Krasinski anunciaram um derivado que acompanhará um outro grupo de pessoas tendo que lidar com os primeiros momentos das criaturas na Terra. Essa ideia me atrai bastante, pois gosto muito de ver histórias apocalípticas que mostrem a nossa confusão e medo diante da ruína da civilização.
Além desse derivado, um terceiro filme em que acompanhamos a família Abbott deve ser anunciado logo. Um dos motivos é que Hollywood adora trilogias e o final do segundo longa-metragem deixa ganchos para isso. O outro motivo é o mais importante para se continuar explorando franquias cinematográficas: o financeiro. “Um Lugar Silencioso 2”, que custou US$ 60 milhões, já arrecadou quase US$ 300 milhões (valor que ainda deve subir).
“Um Lugar Silencioso 2” se aproxima mais do que estamos acostumados a ver em outros filmes de terror, mas mantém os pilares que fizeram a franquia ser um sucesso: a utilização inteligentes dos sons (que quando são ouvidos, estão extremamente altos) ou a ausência dele e as incríveis atuações de um elenco incrível.
Dito tudo isso, é claro que vale muito a pena assistir a “Um Lugar Silencioso 2”!
Ficha Técnica:
Título Original: A Quiet Place Part II
Título no Brasil: Um Lugar Silencioso: Parte 2
Gênero: Terror
Duração: 97 minutos
Direção: John Krasinski
Produção: Michael Bay, Andrew Form, Brad Fuller, John Krasinski
Roteiro: John Krasinski
Elenco: Emily Blunt, Cillian Murphy, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Djimon Hounsou, John Krasinski, Scoot McNairy, Dean Woodward, Okieriete Onaodowan, Wayne Duvall, Barbara Singer
Companhias Produtoras: Platinum Dunes, Sunday Night Productions
Distribuição: Paramount Pictures