SINOPSE: Alice (Cricket Brown) é uma jovem com deficiência auditiva que, após uma suposta visita da Virgem Maria, inexplicavelmente volta a falar, ouvir e curar as pessoas. À medida que a notícia se espalha e pessoas de perto e de longe se reúnem para testemunhar seus milagres, o jornalista decadente Gerry Fenn (Jeffrey Dean Morgan), que espera reviver sua carreira, visita a pequena cidade da Nova Inglaterra para investigar o fenômeno. Quando eventos terríveis começam a acontecer por toda parte, ele começa a questionar se esses fenômenos são obras da Virgem Maria ou algo muito mais sinistro.
Muitos conhecem Sam Raimi por ter dirigido a primeira trilogia do Homem-Aranha nas telonas. Porém, sua carreira começou em 1981, com “Evil Dead” (lançado no Brasil como “A Morte do Demônio” ou “Uma Noite Alucinante), um dos filmes de terror mais legais do cinema
Mas sempre que pode, Sam Raimi volta às suas raízes e dirige, escreve ou produz uma nova história de terror, sendo que nos últimos anos, ele vem fazendo uma parceria com o ator Jeffrey Dean Morgan. Em 2012, essa dupla trazia aos cinemas “Possessão”, longa-metragem baseado em uma creepypasta que fala de uma caixa dibbuk (artefato de origem judia que serve para aprisionar demônios). Com a alcunha de “baseado em uma história real”, um bom roteiro e boas atuações, o filme é bem avaliado pela crítica e pelos aficionados do gênero de terror.
Esse ano, tentando repetir o relativo sucesso e a bilheteria alcançada com “Possessão”, Sam Raimi e Jeffrey Dean Morgan retornam a parceria em “Rogai por Nós”.
Vendo “Rogai por Nós”, percebi que a melhor coisa dele é a ideia central da história: e se nossas preces por dádivas forem ouvidas não por anjos, santos, Jesus ou Deus; mas pelo Diabo ou outras entidades malignas? Há um tempo atrás, assisti a uma série que trazia o exorcista-chefe do Vaticano investigando casos de milagres que se revelaram como obras do Tinhoso, que ouviu as orações das pessoas. E como na produção televisiva, à medida que aumenta o número de crentes nos milagres que acontecem na cidade de Banfield, “Maria” se torna mais e mais poderosa.
Porém, apesar de não esperar, gostaria de ver um conceito que também foi abordado na série que infelizmente não lembro o nome: você renunciaria à dádiva alcançada se soubesse que foi o Diabo quem a realizou? Você voltaria a ser surda-muda ou a retornar a andar de cadeira de rodas se descobrisse que foi o Capiroto e não Deus quem operou tal milagre?
Mas mesmo com um conceito tão interessante (“Cuidado com lobos em pele de cordeiros.”), a execução da narrativa de “Rogai por Nós” é algo que passa muito longe do que a dupla Raimi / Dean Morgan fizeram em “Possessão”.
Mesmo em filmes com pouco dinheiro para produção é possível ter um CGI decente. Mas o que vi em “Rogai por Nós” é algo bizarro. A “Santa Maria de Banfield”, criada quase que exclusivamente com esse tipo de efeito especial, se apresenta com uma figura esquisita e não assustadora, com olhos que me lembraram o Gatos de Botas do “Shrek” e um cospobre da Samara de “O Chamado” ao andar pelo chão. Nesse ponto devo dizer que Sam Raimi com a experiência que tem em extrair o melhor de orçamentos baixos (“Evil Dead” custou apenas US$ 350 mil), fez um belo trabalho de merda.
O roteiro é simples, mas não no sentido bom. A história não apresenta nenhum grande susto mesmo nas aparições de “Maria” e nem possui um clima perturbador como em filmes de terror psicológico. E quando o roteiro não é bom, geralmente as atuações são fracas, tirando raríssimas exceções. “Rogai por Nós” não é um filme que tinha pretensão (acho né) de ser indicado para as categorias de melhor ator ou atriz em premiações, mas o que vi foram interpretações preguiçosas. Me pareceu que Jeffrey Dean Morgan e cia. estavam tipo o braço-direito do cangaceiro Severino do “Auto da Compadecida”: “Não gosto de atuar nesse filme não, mas já que não tem jeito…”
O filme encerra com a expressão “Cuidado com lobos em pele de cordeiros”, inspirada na passagem de Mateus 7:15 existente na Bíblia. E ela vale para “Rogai por Nós”, pois o assisti esperando algo próximo ao ótimo “Possessão” e o que vi poderia ir direto para o saudoso “Cine Trash”, onde esse se encaixaria bem entre títulos como “A Geladeira Assassina” e “O Sorveteiro”.
Gosto muito da dupla Raimi / Dean Morgan, mas dessa vez essa parceria deu muito ruim, pois não vale a pena assistir “Rogai por Nós”.
Ficha Técnica:
Título Original: The Unholy
Título no Brasil: Rogai por Nós
Gênero: Terror
Duração: 99 minutos
Direção: Evan Spiliotopoulos
Produção: Sam Raimi, Robert Tapert, Evan Spiliotopoulos
Roteiro: Evan Spiliotopoulos
Elenco: Jeffrey Dean Morgan, Katie Aselton, William Sadler, Diogo Morgado, Cricket Brown, Cary Elwes
Companhias Produtoras: Screen Gems, Ghost House Pictures
Distribuição: Sony Pictures Releasing