SINOPSE: O lendário espião e restaurador de arte Gabriel Allon estava prestes a se tornar o chefe do serviço de inteligência secreto de Israel. Mas, na véspera da sua promoção, eventos terríveis o obrigam a realizar uma operação de campo, sua última missão. O Estado Islâmico, conhecido como ISIS, detonou uma bomba no bairro de Marais, em Paris, e o governo francês está desesperado. Agora, Gabriel precisa eliminar o homem responsável antes que ele ataque de novo e seja tarde demais.

Meu primeiro contato com Daniel Silva foi através da leitura de “A Ordem”, mas o primeiro livro que comprei do escritor foi “A Viúva Negra”. E o que me fez comprar a obra foi a sinopse que me atraiu de imediato. Mas essa empolgação veio junto com um misto de apreensão, uma vez que minhas expetativas poderiam não ser atendidas, além do fato que minha última experiência com o escritor não foi satisfatória.

A primeira coisa que me chamou a atenção em “A Viúva Negra” é a grande semelhança entre a ficção e a realidade. Nesse thriller de espionagem, o estopim é um atentado à bomba seguido de fuzilamentos em Paris. Os responsáveis por esse ataque terrorista? O ISIS, também conhecido como Estado islâmico.

Em novembro de 2015 na Cidade Luz, ocorreram uma série de atentados terroristas que consistiram em fuzilamentos em massa, atentados suicidas, explosões e uso de reféns. Os responsáveis por esse ataque terrorista? O ISIS, também conhecido como Estado islâmico.

A incrível semelhança entre o que lemos nessa história ficcional de espionagem e os atentados terroristas reais ocorridos em Paris são assustadores. “A Viúva Negra” foi lançado em 2016, o que significa que Daniel Silva o estava escrevendo na época do ataque. E apesar do escritor dizer que é mera semelhança, não me surpreenderia se ele utilizou esse ato vil de violência como inspiração.

“A Viúva Negra” apresenta uma história com um tom muito mais pé no chão. Então não espere todas as peripécias incríveis praticadas por 007 e Jason Bourne. E para dar esse tom mais pé no chão, fica evidente o extenso trabalho de pesquisa de Daniel Silva, abordando fatos como as consequências do atentado do 11 de setembro e da segunda invasão ao Iraque, a história do surgimento da Al-Qaeda e do ISIS, entre outros, para criar esse alicerce de realismo à parte ficcional dessa história.

Acredito que até mesmo o treinamento Natalie Mizrahi para se infiltrar no Estado Islâmico bem como a descrição das regiões controladas pelo ISIS e seus costumes, mostram que o escritor, além da grande experiência em thrillers de espionagem, fez sua lição de casa para aproximar sua ficção de espionagem das histórias verdadeiras envolvendo contraterrorismo e  organizações como o EI.

Com relação ao lendário Gabriel Allon, devo dizer que gostei bastante da forma como o escritor abordou o espião israelense em “A Viúva Negra”. Fica evidente que ele é um assassino habilidoso e respeitado por seus pares, mas nessa história ele atua muito mais nos bastidores, arquitetando um plano para impedir um atentado ainda maior ao ocorrido em Paris. O que vemos é um jogo de xadrez, com o lendário espião israelense e seu nêmesis tentando antecipar os movimentos um do outro.

Aliás, Saladin comprova o ditado de que “todo grande herói precisa de um grande vilão”, colocando à prova toda a experiência e inteligência de Gabriel Allon. O escritor Daniel Silva criou um desafio indigesto e muito superior às habilidades do lendário espião israelense.

Frio e calculista, Saladin se mostra um estrategista tão formidável quanto Gabriel Allon. Ele não compartilha completamente das crenças religiosas extremistas da organização terrorista, lhe permitindo utilizar o EI para completar seu plano de vingança de forma mais sóbria e racional. E mesmo a união entre o Escritório (setor do serviço de espionagem israelense), o MI-6, o DSGI (órgão de inteligência francesa) e a CIA, não é capaz de parar Saladin.

O final de “A Viúva Negra” é surpreendente e ousado, mostrando a impotência das maiores organizações de inteligência perante um inimigo extremamente inteligente e movido pelo ódio e a cega devoção religiosa.

Com relação à escrita de Daniel Silva, tenho que dizer que ele é um mestre em criar um thriller de espionagem. Misturando com maestria realidade com ficção, sua história possui um ritmo ágil e viciante. Mas admito que tive um pouco de dificuldade no começo de “A Viúva Negra”, mas por causa da diagramação do livro que traz as linhas muito juntas e letras pequenas. Mas depois que acostumei ao formato da mancha gráfica das páginas, a leitura fluiu muito bem.

Como disse no começo, minha primeira experiência com Daniel Silva não foi satisfatória, mas “A Viúva Negra” comprovou porque o escritor é uma referência quando o assunto é thriller de espionagem.

Realista, visceral, brutal, viciante e empolgante, “A Viúva Negra” é uma de minhas melhores leituras de 20

Ficha Técnica:

Título Original: The Black Widow

Título no Brasil: A Viúva Negra

Autor: Daniel Silva

Tradutor: Laura Folgueira

Capa: Comum

Número de páginas: 400

Editora: HarperCollins

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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