SINOPSE: Seis semanas após a morte de seu filho, Dorothy (Lauren Ambrose) e Sean Turner (Toby Kebbell) contratam uma jovem babá, Leanne (Nell Tiger Free), para morar e cuidar de seu bebê, Jericho, um boneco. O boneco, que Dorothy acredita ser seu filho de verdade, foi a única coisa que a tirou de seu estado catatônico após a morte de Jericó. Enquanto Sean lida com o sofrimento sozinho, ele fica profundamente desconfiado de Leanne.

 

M. Night Shyamalan é um dos grandes nomes de Hollywood. Quando o diretor, produtor, roteiristas e ator indiano acerta a mão somos presentados com grandes histórias. Mas todo gênio (sim, considero Shyamalan um dos gênios da sua profissão) pode fazer produções que são horríveis.

Em 2019 fomos surpreendidos com o anúncio de “Servant”, série produzida pela AppleTV+ e comandada por M. Night Shyamalan. Admito que fiquei muito empolgado com sua primeira investida em séries. E minha empolgação foi completamente atendida, pois a primeira temporada tem tudo que os melhores trabalhos de Shyamalan possuem: uma trama bem construída, muitos elementos estranhos e bizarros e um final, que não é bem um plot twist, mas explodiu minha cabeça e deixou mais perguntas que respostas.

Com um temporada de estreia instigante e espetacular, a minha ansiedade e empolgação para o segundo ano estava a mil e achei que Shyamalan só poderia melhorar a história iniciada.

Mas não poderia estar mais errado a respeito da segunda temporada de “Servant”.

A segunda temporada de “Servant” se concentra na busca de Doroty por Leanne e o pequeno Jericho (Mason e Julius Belford), o filho morto da família Turner que “ressuscita” no corpo de um boneco extremamente realista e esquisito e que depois volta a ser um objeto inanimado.

Achou esquisito um criança morta “voltar” no corpo de um boneco? A própria Leanne, responsável por esse milagre bizarro, aparentemente está morta, vítima de um suicídio coletivo de uma seita religiosa. E ao final da primeira temporada, ela simplesmente desaparece. 

Eram esses mistérios que esperava serem respondidos na segunda temporada, mas nenhum deles é respondidos a contento.

A segunda temporada de “Servant” foca quase que exclusivamente em Doroty e sua obsessão em encontrar Leanne. Até aí tudo bem, afinal estamos falando de uma mãe que milagrosamente tem seu filho morto de volta e que da mesma forma misteriosa que ele retornou, desapareceu. O problema que o que é um dos pontos altos do primeiro ano da série: a excentricidade da personagem, para não falar que ela é doida de pedra, aqui é utilizado além do limite do aceitável, tornado Dorothy em um personagem chato e insuportável.

Aliás, parece que a ideia de Shyamalan era tornar todos os personagens de “Servant” em figuras irritantes e cansativas. Julian Pearce (Rupert Grint) que na primeira temporada está bem balanceado como um riquinho arrogante, no segundo ano é um verdadeiro pedaço de madeira introduzido no orifício corrugado do ser humano.

Sean Turner, que é o outro personagem que divide o protagonismo da série, dispensa qualquer comentário, pois continua insosso e desinteressante e se morresse ou sumisse da série, não faria nenhuma falta.

Se fosse somente os personagens, até que a segunda temporada de “Servant” poderia ser salva, mas a própria história é um monte de enrolação que não levam a lugar nenhum. Em determinado momento do segundo ano Leanne reaparece e é dada uma explicação meia-boca. O tio George (Boris McGiver), uma pessoa enigmática e assustadora, na segunda temporada é mostrado como uma figura bisonha que faz uma macumba para expurgar o mal e a escuridão que Leanne trouxe para a casa dos Turner.

Não que a segunda temporada seja de todo ruim, pois quando M. Night Shyamalan resolve abordar os mistérios que cercam “Servant” vemos o brilhantismo da história apresentada no primeiro ano da série, como quando é explicado que a presença de Leanne na casa dos Turner não foi autorizada por “Ele” e que essa decisão pode trazer a escuridão a Dorothy e Sean.

Outro grande momento da segunda temporada é quando Leanne traz de volta uma pessoa que teve uma overdose, meio que comprovando suas capacidades “sobrenaturais”. A fala do personagem recém-ressuscitado é assustadora e de atiçar a curiosidade de qualquer um: “Eu vi Jericho”.

Mas esses momentos que tanto tornaram a primeira temporada em uma ótima trama de mistério sobrenatural, fica em segundo plano. E tentando entender por que Shyamalan literalmente cagou no pau no segundo ano, acabei me deparando com uma entrevista dele que disse que “precisa de 60 episódios” para contar toda a história de “Servant”. E essa fala do produtor da série explica tamanha encheção de linguiça, ainda mais se a AppleTV+ concordar com os planos dele.

Espero realmente que M. Night Shyamalan tenha falado por falar quando disse que serão necessários 60 episódios, pois a menos que ele consiga trazer elementos e reviravoltas que somente ele consegue criar e em quantidade suficiente, a história de “Servant” não se sustenta.

Servant” tem potencial para ser uma ótima série de suspense e terror psicológico há tempos não assistia. E por esse motivo fiquei muito decepcionado com a segunda temporada

Acredito que a AppleTV+ vá renovar “Servant” para pelo menos mais um ano, até para poder encerrar a história da série, e que assim Shyamalan resgate a genialidade do primeiro ano.

Não vale a pena assistir a segunda temporada de “Servant”, a menos que você tenha assistido ao primeiro ano como eu fiz.

Ficha Técnica:

Título Original: Servant

Título no Brasil: Servant

Gênero: Terror Psicológico, Suspense

Temporadas: 2

Episódios: 10

Criador: Tony Basgallop

Produtores: Tony Basgallop, M. Night Shyamalan, Ashwin Rajan, Jason Blumenthal, Todd Black, Steve Tisch

Diretor: Vários

Roteiro: Tony Basgallop

Elenco: Lauren Ambrose, Toby Kebbell, Nell Tiger, Rupert Grint, Mason Belford, Julius Belford, Phillip James Brannon, Tony Revolori, S.J. Son, Molly Griggs, Boris McGiver, Jerrika Hinton, Todd Waring, M. Night Shyamalan, Alison Elliott, Katie Lee Hill, Barbara Sukowa

Companhias Produtoras: Blinding Edge Pictures, Escape Artists, Dolphin Black Productions

Transmissão: Apple TV+

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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