SINOPSE: Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), é uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas ao mesmo tempo que desenvolve seu incrível talento para o jogo, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo.
Faz algum tempo que a Netflix vem melhorando a qualidade de suas produções originais. Tanto é verdade que seus filmes e séries são indicadas as principais premiações ao redor do mundo.
Além da qualidade visível, algumas produções originais da Netflix vêm arrebatando a audiência. O caso mais recente é “O Gambito da Rainha”, estrelada por Anya Taylor-Joy, que foi assistida por 62 milhões de usuários em seus 28 primeiros dias desde a estreia, se tornando a minissérie mais visualizada na plataforma desde sua criação
“O Gambito da Rainha” é inspirado no livro homônimo publicado em 1983, pelo autor norte-americano Walter Tevis. Porém, apesar de ser uma história fictícia, a minissérie bebe muito nas técnicas e jargões utilizados pelos enxadristas para dar um ar de verossimilhança. Jennifer Shahade, campeã estadunidense e o russo Garry Kasparov, ex-campeão mundial, disseram em entrevistas que a minissérie retrata o mais próximo possível da atmosfera autêntica de torneios de xadrez.
No aspecto histórico, “O Gambito da Rainha” espelha muito o que foi chamado de o “Confronto do Século”, entre o estadunidense Bobby Fischer e Boris Spassky, na década de 1970 e no meio da Guerra Fria, que acabou se tornando mais que uma disputa de xadrez entre os dois melhores jogadores da época, mas uma disputa política entre EUA e URSS.
Na minissérie vemos grandes semelhanças de Beth Harmon com Bobby Fischer (os dois personagens começaram a jogar muito cedo (Beth com 9 anos e Fischer com 13)) e Vassíli Borgov (Marcin Dorociński) pode ser comparado com Boris Spassky.
Agora falando um pouco dos aspectos técnicos de “O Gambito da Rainha”, preciso dizer que a minissérie é um produto de altíssima qualidade.
A fotografia é muito boa, bem como as locações, os cenários e o figurino, que conseguem retratar a década de 1960 e toda a ambientação existente nos torneios de xadrez. Pesquisando um pouco, verifiquei que na URSS realmente existiam as salas imponentes onde os melhores enxadristas russos e do mundo jogavam.
O roteiro é um dos grandes aspectos técnicos a ser ressaltado. O ritmo narrativo de “O Gambito da Rainha” é contagiante, e mesmo tendo episódios com mais de uma hora, a vontade de maratonar a minissérie é grande. Eu mesmo, só não assisti em um único dia pois tinha outras coisas para fazer, e quem me conhece sabe o quanto acho cansativo assistir tudo de uma vez.
Mas a melhor coisa de “O Gambito da Rainha” tem nome: Anya Taylor-Joy, que desde seu aparecimento em “A Bruxa”, já mostrava o quanto era talentosa e versátil. Na minissérie da Netflix, atriz e modelo americana-argentina-britânica se consagra, pois sua interpretação está FODA DEMAIS. Completamente adaptada e à vontade no papel de Beth Harmon, é impressionante ver como a atriz demonstrar com perfeição, juntamente com a maquiagem e o figurino, as mudanças de sua personagem de adolescente para mulher.
Digo com total convicção: Anya Taylor-Joy é a MELHOR atriz de sua geração(chupa Millie Bobby Brown).
Vale destacar também a atriz mirim Isla Johnston, que interpreta com muita facilidade a Beth Harmon de 9 anos.
Com tantos elogios e um trabalho técnico e de pesquisa primoroso, estava pensando seriamente em colocar “O Gambito da Rainha” no meu Top 3 de séries em 2020. Mas essa ideia durou até o último episódio, que foi um banho de água fria na minha empolgação. Vale dizer, que o episódio não é ruim, mas o desfecho do confronto entre Beth Harmon e Vassíli Borgov é muito “Rocky 4”. Além disso, a minissérie se utiliza de vários clichês de produções hollywoodianas, como a forma que a protagonista supera seu vício de drogas e álcool, e como seus amigos se unem para ajudá-la a vencer o jogo mais importante da sua vida.
“O Gambito da Rainha”, na minha opinião, escorregou nos 45 minutos do segundo tempo e me fez repensar sua entrada no meu Top 3 de séries em 2020. Mas esse deslize, não retira de modo algum a excelência técnica e narrativa que a minissérie apresenta.
Por essa excelência técnica e narrativa, que resulta em excelentes horas de diversão, digo que vale muito a pena assistir “O Gambito da Rainha”!
Para quem tem curiosidade, CLIQUE AQUI e siga para uma matéria da Super Interessante explicando o lance que dá nome a série.
E abaixo, segue um vídeo muito legal dos bastidores de “O Gambito da Rainha”.
Ficha Técnica:
Título Original: The Queen’s Gambit
Título no Brasil: O Gambito da Rainha
Gênero: Terror, Drama
Temporada: 1ª
Episódios: 7
Criador: Scott Frank, Allan Scott
Produtores: William Horberg, Allan Scott, Scott Frank, Marcus Loges, Mick Aniceto
Elenco: Anya Taylor-Joy, Isla Johnston, Annabeth Kelly, Bill Camp, Moses Ingram, Christiane Seidel, Rebecca Root, Chloe Pirrie, Akemnji Ndifornyen, Marielle Heller, Harry Melling, Patrick Kennedy, Jacob Fortune-Lloyd, Thomas Brodie-Sangster, Marcin Dorociński, Sergio Di Zio, Dolores Carbonari, Eloise Webb, Matthew Dennis Lewis, Russell Dennis Lewis, Max Krause, Ryan Wichert, Louis Ashbourne Serkis, Janina Elkin, John Schwab, Millie Brady, Bruce Pandolfini, Marcus Loges
Companhias Produtoras: Flitcraft Ltd, Wonderful Films
Transmissão: Netflix