Séries – NOS4A2 (Nosferatu) (2ª Temporada)

“Nosferatu” (ou “NOS4A2”) é, na minha opinião, o melhor livro de Joe Hill. Então quando soube que a AMC iria adaptar a obra literária para uma série, fiquei muito empolgado. E narrando os eventos do material original de forma bem fiel, ao mesmo tempo que trazia situações novas que enriqueceram a história, a primeira temporada correspondeu às minhas expectativas.

Com uma boa audiência, a AMC anunciou a renovação da série, o que me deixou muito feliz. E é sobre a segunda temporada de “NOS4A2” que vamos falar agora.

A segunda temporada de “NOS4A2” adapta a parte do livro homônimo de Joe Hill que mostra Vic McQueen como mãe. Mas essa maternidade é conturbada pelo seu alcoolismo e pelo trauma de ter enfrentado Charlie Manx.

Aqui, a série faz uma mudança, uma vez que no livro Charlie Manx não acaba em uma cama de hospital, em coma, e posteriormente, morto. Mas essa alteração em relação ao material original, acaba sendo positiva, pois quando o condutor do Wraith ressurge, está mais violento e perigoso do que antes, disposto a destruir a vida de Vic McQueen.

A segunda temporada também mostra o passado de Charlie Manx, mostrando os abusos sofridos na infância e o desprezo da família rica de sua esposa por ele ser de família humilde. Esses fatos acabam por transformá-lo no Criativo que conhecemos e na razão distorcida para a criação da Terra do Natal.

E por falar em Criativos, a segunda temporada de “NOS4A2” mostra mais detalhes sobre eles, apresentando outras pessoas como Charlie Manx, Vic McQueen e Maggie (Jahkara J. Smith); como o Ampulheta (Paul Schneider) que possui o poder de controlar as pessoas. Também ficamos sabendo algumas formas de controlar e evitar os efeitos colaterais causados pelo uso dos poderes por parte dos Criativos.

O segundo ano de “NOS4A2” explica o que é o Bar Parnassus: uma dimensão ou um espaço formado pelo inconsciente coletivo de uma comunidade de Criativos. Mas para acessar o Parnassu, o Criativo requer uma certa escuridão na alma. Esse local revela que Vic McQueen é de certa forma, uma criatura sombria, ao conseguir chegar a esse local.

Uma curiosidade: na primeira temporada, o bar Parnassus apresenta alguns easter eggs, como a presença de Pennywise (“It: A Coisa”), Lloyd (o barman do Overlook Hotel de “O Iluminado”) e Freddy Krueger (da franquia cinematográfica “A Hora do Pesadelo”). Mas mesmo com tantas celebridades malditas, Charlie Manx é a pior criatura a frequentar o Parnassus, pois quando ele entra no Bar, todos os outros seres sombrios saem ou fogem do local.

E a última mudança que a segunda temporada de “NOS4A2” que destaco em relação ao livro  é o desgaste da relação de Bing Partridge (Ólafur Darri Ólafsson) com Charlie Manx, ao descobrir o destino dos outros ajudantes do condutor do Wraith e ao perceber que mesmo fazendo tudo o que lhe é pedido, sua entrada na Terra do Natal pode não acontecer.

Mas, mesmo com essa interessante expansão da mitologia existente no livro, a segunda temporada de “NOS4A2” não possui o mesmo ritmo narrativo do primeiro ano. E o que começou como empolgação, foi se tornando em algo maçante de assistir. E mesmo com a promessa de um desfecho eletrizante, que é quando Vic McQueen invade a Terra do Natal e precisa enfrentar Charlie Manx e sua prole de crianças deformadas (que estão sempre querendo brincar de “Tesoura no Mendigo”), o final não me trouxe a satisfação que esperava.

O final da segunda temporada deixava “NOS4A2” com uma possibilidade de ganchos para um terceiro ano, como a fuga de Millie Manx (Mattea Conforti) e a atração constante de Wayne McQueen (Jason David) pela Terra do Natal. Mas devido a queda brusca na audiência, a série foi cancelada pela AMC.

“NOS4A2” é o melhor livro que já li de Joe Hill. E como a obra literária, a primeira temporada veio com um excelente ritmo narrativo, porém, perdeu fôlego em seu segundo ano. Mas, por explorar e expandir a mitologia criada por Joe Hill, digo que vale a pena assistir a segunda temporada de “NOS4A2”