SINOPSE: Chicago, 1954. Atticus Turner (Jonathan Majors) é um veterano do exército que vê sua vida mudar quando seu pai desaparece misteriosamente. Decidido a encontrá-lo, o jovem embarca numa viagem de carro ao lado do tio George (Courtney B. Vance) e da amiga de infância Letitia (Jurnee Smollett), mas a jornada logo se revela muito mais perigosa do que eles esperavam.

Posso dizer com certeza que em 2020 a HBO atropelou e esmagou a concorrência. São tantas produções excelentes que dificilmente a Home Box Office não ocupe as três posições no Top 3 de séries desse ano do Cinemaníacos. E por falar em excelentes produções, vamos falar de “Lovecraft Country”.

Baseada no livro homônimo escrito por Matt Ruff, “Lovecraft Country” mostra os protagonistas tendo que lidar com a pior fase do racismo nos Estados Unidos ao mesmo tempo que se veem envolvidos com magos, bruxas, seitas, fantasmas, viagens pelo tempo e outros universos, e outras coisas sobrenaturais ou saídas de obras de ficção científica

A série trabalha muito bem esse período conturbado da história estadunidense onde os negros eram tratados com sub-raça pelos brancos. Mas a produção da HBO consegue ir além, não só detalhando mais situações presentes no livro homônimo, mas mostrando situações novas, como o espancamento a morte brutal de um garotinho, e momentos históricos, como o massacre de Tulsa.

Mas nessa resenha quero falar sobre algo que a editora Intrínseca e o escritor Matt Ruff vendem espalhafatosamente, mas quase não existe na história do livro: o terror. O título da obra literária, “Lovecraft Country”, na minha opinião, é somente uma jogada de marketing, pois faz uma relação entre o preconceito conhecido por parte de Lovecraft com uma história protagonizada por negros.

Porém, na série, o terror é muito mais bem explorado. Nesse ponto, vemos a influência de Jordan Peele, diretor e roteirista de “Corra!” e “Nós”, e atualmente, um dos nomes mais influentes em Hollywood quando o assunto são filme de terror. O primeiro episódio de “Lovecraft Country” já começa com um sonho de Atticus (Jonathan Majors), onde ele dá de cara com Cthulhu (aqui sim, uma clara referência ao Mestre do Horror Cósmico). Algumas situações que são meros artifícios para dar um ar sobrenatural a obra literária, na série são mostradas muito melhor, como o ataque das criaturas que vivem na floresta ao redor de Ardham. Mas de todas as partes assustadoras e bizarras, duas me chamaram muito a atenção: a maldição lançada em Diana (Jada Harris) que passa a ser perseguida por duas “crianças” que me lembraram bastante os duplos de “Nós”; e quando Ruby Baptiste (Wunmi Mosaku) “encasulada” como mulher branca, volta a ser negra: um momento cheio de sangue, pele rasgando e barulhos de ossos quebrando).

“Lovecraft Country” altera bastante coisa em relação ao material original, como a troca de gênero de alguns personagens (Christina Braithwhite (Abbey Lee) e Diana são do sexo masculino). Existem também mudanças narrativas como a morte de George Freeman (Courtney B. Vance) (algo que no livro homônimo não ocorre). Mas a mudança mais relevante é o episódio onde Hippolyta Freeman (Aunjanue Ellis) encontra uma máquina que a permite viajar pelo espaço-tempo. E sabe como os produtores explicam todas essas alterações? Simples: Atticus usa a mesma engenhoca que permite viajar por outros universos e momentos no tempo, e mostra um livro chamado “Lovecraft Country”, onde a história contada é a que lemos na obra escrita por Matt Ruff. Uma saída criativa e inteligente.

Com relação aos aspectos técnicos, o que posso dizer é que a qualidade é a que conhecemos de outras produções da HBO. A fotografia está impecável, nos transportando para dentro da década de 1950. O roteiro está muito bem escrito. Os atores e atrizes (seja do elenco principal, secundário ou recorrente), estão excelentes em cena. Mas preciso destacar a trilha musical de “Lovecraft Country” que vou definir de forma bem simples: ela é FODA PRA CARAIO!

“Lovecraft Country” vai muito bem durante noves episódios, adaptando e explorando muito bem o material original, além de o enriquecer com novas situações (com direito até a uma kyuubi). Enfim, a série vinha perfeita até chegar no último capítulo, que perde o excelente ritmo narrativo, e conta o desfecho de forma extremamente apressada. Fiquei com a impressão de que os produtores foram escrevendo histórias atrás de histórias e do nada, se deram conta que ocuparam nove das dez partes de “Lovecraft Country”. Mas essa pressa narrativa no último episódio é um pequeno detalhe negativo dentro de tantos positivos.

“Lovecraft Country” encerra com o que me pareceu um gancho para uma possível segunda temporada, algo que a HBO deve fazer acontecer pelo sucesso de crítica e audiência. Torço para que essa renovação aconteça, pois os produtores mostraram que podem muito bem contar ótimas histórias novas e diferentes do que vemos no livro.

Meu veredicto sobre essa série é fácil: é claro que vale, mas vale muito a pena assistir “Lovecraft Country”!

Ficha Técnica:

Título Original: Lovecraft Country

Título no Brasil: Lovecraft Country

Gênero: Ficção científica, Drama, Terror

Temporada:

Episódios: 10

Criador: Misha Green

Produtores: Misha Green, J. J. Abrams, Jordan Peele, Yann Demange, David Knoller, Bill Carraro, Ben Stephenson, Daniel Sackheim

Elenco: Jurnee Smollett, Jonathan Majors, Aunjanue Ellis, Courtney B. Vance, Wunmi Mosaku, Abbey Lee, Jamie Chung, Jada Harris, Michael K. Williams, Jordan Patrick Smith, Jamie Neumann, Erica Tazel, Mac Brandt, Deron J. Powell, Lucius Baston, Jamie Harris, Demetrius Grosse, Tony Goldwyn, Shangela, Monét X Change, Darryl Stephens, James Kyson, Monique Candelaria

Companhias Produtoras: Monkeypaw Productions, Bad Robot Productions, Warner Bros. Television Studios, HBO

Transmissão: HBO

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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