A Maldição da Mansão Bly
SINOPSE: Intitulada “A Maldição da Mansão Bly”, a segunda temporada da série antológica “A Maldição”, vai mostrar a jovem Dani Clayton (Victoria Pedretti) sendo contratada por Henry Wingrave (Henry Thomas) para trabalhar numa enorme e antiga mansão, cuidando de seus dois sobrinhos órfãos. Mas tudo se complica quando os irmãos Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) começam a apresentar um comportamento estranho. A história se passa na Inglaterra de 1987 e é inspirada no conto “A Volta do Parafuso”.
Sempre falei que a Netflix tem mais quantidade do que qualidade no seu portfólio (algo que vem mudando nos últimos dois anos). Mas de vez em quando surge uma produção original que se destaca, sendo a ”A Maldição da Residência Hill” um exemplo, que recebeu excelentes reações positivas da crítica e dos espectadores. Por esse motivo, a segunda temporada, intitulada “A Maldição da Mansão Bly”, veio cercada de expectativa.
A primeira coisa que preciso falar é que se você está esperando uma série de terror, muito provavelmente irá se decepcionar. Apesar de “A Maldição da Mansão Bly” ser baseada em uma história de horror, não existem sustos nem clima de tensão. Mas e os fantasmas? Eles estão presentes, mas ao contrário do que vimos em “A Maldição da Residência Hill”, onde eles realmente nos assustavam, nessa temporada os espíritos não têm essa função. Então, tirando a Mulher do Lago, um espírito raivoso que lembra bastante a Kayako de “O Grito”; sim, a Netflix faz uma baita propaganda enganosa, ao vender essa temporada como uma história de terror.
Então por que assistir “A Maldição da Mansão Bly”, se não é uma história de terror? A resposta é simples: o roteiro dessa temporada é muito mais enxuto e organizado do que vi em “A Maldição da Residência Hill”, que apresentava uma narrativa meio perdida em alguns momentos. Nessa segunda temporada, podemos dividir a história em duas partes: até o sexto episódio os fatos são apresentados de forma que nada parece fazer sentido; mas os três últimos capítulos explicam tudo e amarram todos os mistérios: por quê os fantasmas ficam presos na mansão, por quê a Moça do Lago é um espírito enfurecido entre outras coisas.
Uma observação, muitas pessoas disseram que a única coisa que ficou sem explicação foi a casa de bonecas de Flora Wingrave (Amelie Bea Smith). Mas assim, a resposta estava na cara: as bonecas representavam todos os presentes dentro da Mansão Bly, tanto os vivos, como os mortos.
Mas o melhor momento dessa temporada envolve Hannah Grose, interpretada pela atriz T’Nia Miller. A governanta da Mansão Bly se apresenta como uma personagem bem insossa, com algumas esquisitices (algo que não estranhei muito pois todos os personagens têm suas esquisitices). Porém em um plot twist digno de M. Night Shyamalan, sua história tem uma reviravolta que, apesar das pistas sutis que a série vai deixando, jamais imaginei e nem suspeitei. Nesse ponto, dou meus parabéns a Mike Flanagan, criador de “A Maldição da Mansão Bly”.
Por falar em Mike Flanagan, preciso dizer que me tornei fã dele. Meu primeiro contato com seu trabalho foi “Jogo Perigoso”, longa-metragem baseado no livro homônimo de Stephen King, que achei bem fraco (mas como achei o livro bem ruim também, então dei um desconto). Quando foi anunciado que ele iria dirigir “Doutor Sono”, fiquei bem preocupado que o resultado fosse outra decepção, mas sua forma de contar histórias em um ritmo mais lento e cadenciado, me convenceram do contrário, e hoje acho esse filme uma das melhores adaptações das obras do Mestre do Terror (mas confesso que precisei rever “Doutor Sono” para chegar a essa opinião).
Quando descobri que “A Maldição da Mansão Bly” tinha nove episódios de 50 minutos em média, meu primeiro pensamento foi: “Puta merda, haja paciência.”. Mas esse ritmo mais lento e cadenciado de contar histórias de Mike Flanagan combinou perfeitamente com a história, dando espaço e tempo para todos os personagens e tramas serem desenvolvidas.
O final de “A Maldição da Mansão Bly” mostra que acompanhamos uma história trágica de amor com elementos sobrenaturais. Achei o desfecho satisfatório e gostei muito do fato da Moça do Lago ser uma alma furiosa, consumida pela vingança e rancor; sem nenhuma possibilidade de redenção.
Se a FOX tem “American Horror Story”, a Netflix tem “A Maldição”, uma antologia que pode ter vida longa e render bons frutos, afinal o que não faltam são livros de casas mal-assombradas para serem adaptados, que podem seguir essa linha mais gótica como “A Casa No Limiar” ou algo mais assustador e pesado como “A Casa Infernal”.
Apesar da propaganda enganosa da Netflix (em vender a segunda temporada como uma história de terror), digo que vale a pena assistir “A Maldição da Mansão Bly”!
Ficha Técnica:
Título Original: The Haunting of Bly Manor
Título no Brasil: A Maldição da Mansão Bly
Gênero: Romance gótico, Drama, Sobrenatural
Temporada: 2ª
Episódios: 9
Criador: Mike Flanagan
Produtores: Darryl Frank, Justin Falvey, Trevor Macy, Mike Flanagan, Diane Ademu-John, Kathy Gilroy, Leah Fong
Elenco: Victoria Pedretti, Oliver Jackson-Cohen, Amelia Eve, T’Nia Miller, Rahul Kohli, Tahirah Sharif, Amelie Bea Smith, Benjamin Evan Ainsworth, Henry Thomas, Carla Gugino, Roby Attal, Daniela Dib, Alex Essoe, Matthew Holness, Kate Siegel, Catherine Parker, Liam Raymond Dib, Kamal Khan, Christie Burke, Thomas Nicholson, Duncan Fraser, Greg Sestero
Companhias Produtoras: Intrepid Pictures, Amblin Television, Paramount Television Studios, Netflix
Transmissão: Netflix