Muitos consideram “Holocausto Canibal” de 1980, como o primeiro filme found footage dos cinemas. Mas foi em 1999 com a “A Bruxa de Blair” que o gênero popularizou e ganhou seu espaço na indústria cinematográfica. Mas você sabe o que é o gênero found footage?
Utilizado para produzir longas-metragens de terror, o found footage (“filmagem encontrada” em tradução livre), é aquele tipo de filme apresentado como gravação encontrada, descoberta depois dos eventos, com as filmagens podendo ser feitas pelos próprios atores ou por câmeras que utilizam técnicas de câmera de tremulação, ambas combinadas com atuação naturalista.
Mas por que esse subgênero do terror viralizou? Pelo lado da indústria cinematográfica, o found footage mostrou que não é preciso milhões de dólares e uma equipe gigantesca para produzir um filme lucrativo e de sucesso (“A Bruxa de Blair” custou US$ 60 mil e faturou US$ 248 milhões e “Atividade Paranormal” saiu pela bagatela de US$ 14 mil e arrecadou US$194 milhões). Já os espectadores parecem se sentir atraídos por esses longas-metragens justamente por serem filmados para passar a sensação de que tudo o que estamos vendo é real.
Desde a viralização do found footage, centenas (e quem sabe milhares) de filmes já foram lançados. E dentro dessa lista gigantesca, o Cinemaníacos escolheu cinco longas-metragens desse subgênero que gostamos muito.
A Bruxa de Blair (1999)
SINOPSE: Três estudantes de cinema embrenham-se nas matas do estado de Maryland para fazer um documentário sobre a lenda da bruxa de Blair e desaparecem misteriosamente. Um ano depois, uma sacola cheia de rolos de filmes e fitas de vídeo encontrada na mata. As imagens registradas pelo trio dão algumas pistas sobre seu macabro destino.
Se hoje o found footage é um subgênero do terror estabelecido no cinemas é graças a esse filme. Não vou entrar em muitos detalhes aqui porque o Cinemaníacos já fez um especial muito legal sobre “A Bruxa de Blair”.
Atividade Paranormal (2007)
SINOPSE: Desde criança Katie (Katie Featherston) ouve ruídos estranhos, sussurros e sente sensações inesperadas. Já adulta, ela mora com seu namorado Micah (Micah Sloat), que, meio cético quanto aos depoimentos, resolve usar uma câmera para gravar tudo o que acontece enquanto eles dormem e vivem dentro da casa. O que era para ser apenas uma forma de esclarecer o mistério torna-se uma experiência intrigante e assustadora.
Produzido Blumhouse Productions, um estúdio com um verdadeiro toque de Midas em Hollywood, “Atividade paranormal” é centrado em um jovem casal ( Katie Featherston e Micah Sloat) que é assombrado por uma presença sobrenatural em sua casa. Eles então instalam uma câmera para documentar o que os assombra.
“Atividade Paranormal” trabalha muito bem a ansiedade do espectador, pois a história é contada em uma crescente de fatos paranormais à medida que Micah insiste em filmar as presepadas da entidade. Para criar esse clima de tensão, o filme trabalha muito com o som e vultos, além é claro, da filmagem amadora para passar a sensação de que as imagens são reais.
Segundo informações dos bastidores, Steven Spielberg, que foi um dos produtores, deu a sugestão de mudar o desfecho da história pois achava o final do filme pouco atrativo tanto para a crítica quanto para os espectadores. O final original do longa-metragem mostraria Katie reclusa e catatônica dentro de casa após matar Micah. Por fim, policiais invadem a casa e a encontram segurando uma faca, coberta de sangue e confusa sobre o que está acontecendo. Os policiais se assustam e atiram em Katie, matando-a.
Outros dois desfechos foram pensados: um onde Katie caminha até o quarto e corta a própria jugular com a faca em frente a câmera e outro onde ela espancaria o namorado até a morte com sua câmera, enquanto os espectadores assistem do ponto de vista dessa câmera (esse nunca filmado).
No vídeo abaixo, você pode ver os três finais fimados.
“Atividade Paranormal” teve mais cinco filmes: “Atividade Paranormal 2”, “Atividade Paranormal 3”, “Atividade Paranormal 4” e “Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal” e “Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma”, além de “Atividade Paranormal em Tóquio”, uma espécie de remake japonês. Foi noticiado recentemente que um novo longa-metragem da franquia chegará aos cinemas em 19 de março de 2021
REC (2007)
SINOPSE: Ángela Vidal (Manuela Velasco) é uma jornalista que, juntamente com seu operador de câmera Pablo (Pablo Rosso), faz uma reportagem em um quartel do Corpo de Bombeiros, na intenção de mostrar seu cotidiano. Porém o que aparentemente seria uma saída noturna rotineira de resgate logo se transforma em um grande pesadelo. Presos em um edifício, a equipe de filmagens e os bombeiros enfrentam uma situação desconhecida e letal.
Muitos consideram “REC” o melhor found footage já feito. Sou fã e defensor de “A Bruxa de Blair”, mas tirando o pioneirismo e a revolução que ele trouxe ao cinema de terror, sou da mesma opinião. “REC” trabalha muito bem a câmera tremida e em movimento que um longa-metragem de “filmagens encontradas” precisa ter, mas sempre mostrando com uma excelente nitidez o que precisa ser visto. Além disso, o filme trabalha com excelência a sua principal e única missão: assustar os espectadores. Os jump scares são vários e muito bem utilizados para fazer você pular da cadeira. E a cena final, onde temos Ángela Vidal (Manuela Velasco) e Pablo (Pablo Rosso) presos em um apartamento na total escuridão com um demônio, e enxergando somente pela visão noturna da câmera, é completamente claustrofóbica.
“REC” teve três continuações, onde o segundo longa-metragem da franquia mantém o nível do primeiro. Mas “REC 3: Gênesis” e “REC 4: Apocalypse” são horríveis. Muito dessa queda na qualidade narrativa se deu porque Jaume Balagueró e Paco Plaza que dirigiram e escreveram os dois primeiros filmes juntos, se separaram, onde Paco Plaza filmou “REC 3: Gênesis” e Paco Plaza ficou responsável por “REC 4: Apocalypse”.
O sucesso de “REC” foi tão grande ao redor do mundo, que Hollywood fez dois remakes intitulados “Quarentena” e “Quarentena 2”. Um conselho: fuja dessas porcarias.
“REC”, um filme espanhol, provou que existe cinema de terror de qualidade fora dos EUA.
Fenômenos Paranormais (2011)
SINOPSE: Lance Preston (Sean Rogerson) e sua equipe do programa “Grave Encounters”, um reality show caça-fantasmas, decide gravar um episódio no interior de um hospital psiquiátrico abandonado, que tem fama de ser assombrado por espiritos de pacientes que viviam presos naquele local. Após entrarem no prédio, o grupo vai passar por uma série de experiências sobrenaturais. Mas fugir do local não será nada fácil, pois o tempo e o espaço estão fora de sincronia, e eles vivem um terrível pesadelo, que vai sendo registrado em suas câmeras.
“Fenômenos Paranormais” tinha tudo para ser mais um longa-metragem found footage, mas graças ao hype da internet, o filme foi catapultado ao sucesso.
A história é clássica e bem conduzida, e por isso vale o hype em cima de “Fenômenos Paranormais”: pessoas resolvem passar a noite em um manicômio abandonado, que tem fama de ser mal-assombrado, e acabam encontrando a morte. O que mais chama a atenção nesse filme é a ambientação, com salas e corredores abandonados e tudo visto através da visão noturna, criando assim um senso de perigo a cada nova porta aberta, a cada novo recinto vasculhado.
“Fenômenos Paranormais” ganhou uma sequência, mas é muito inferior em relação ao primeiro filme.
As Fitas de Poughkeepsie (2007)
Essa é uma produção que sempre está listado entre os mais perturbadores filmes de terror da história. Um título merecido, pois “As Fitas de Poughkeepsie” é produzido para chocar o espectador.
A forma como o filme foi filmado, metade imagens encontradas e metade atores fazendo papéis de delegados, vítimas, psicólogos; me passaram a sensação de estar vendo aqueles documentários sobre algum serial killer real. E essa sensação na época foi reforçada pois assisti no canal A&E, que tem esse tipo de programa em sua grade.
O filme tem toda uma pegada gore, com várias sequências de tortura física e psicológica. Por isso, apesar de ser um longa-metragem que você, fã de found footage, precise assistir, esteja preparado para cenas que causam repulsa.