Mais de 60 romances e 200 contos (nesse exato momento devem estar sendo escritos mais 4 ou 5 livros). Em torno de 400 milhões de cópias vendidas. Publicações em mais de 40 países. Sabe quem é o dono desses números impressionantes? Sim, ele mesmo: Stephen King!
Com uma compulsão por escrever, o Mestre do Terror da atualidade, é uma máquina em lançar livros, contos, roteiros, novelas, seja sozinho, seja em parceria. Mas, mesmo sendo um fã fervoroso e torcendo para que o escritor residente do Maine lance cada vez mais coisas por ano (apesar da minha carteira não acompanhar seu ritmo, hehehehehehe), é evidente que nem tudo que é de autoria de Stephen King é realmente bom.
Vale ressaltar que esse fenômeno que Stephen King é hoje, deve-se muito a adaptação cinematográfica de um de seus primeiros trabalhos: “Carrie: A Estranha”. A partir daí, foram cerca de 48 filmes e 28 séries. E como acontece com suas obras literárias, nem todos os longas-metragens, telefilmes e séries são realmente bons.
Então aproveitando o mês de terror e aproveitando para homenagear o prolífico Mestre do Terror, que comemorou 73 anos no dia 21 de setembro de 2020, o Cinemaníacos resolveu fazer uma lista com Cinco Excelentes Adaptações de Terror de Stephen King que Você Precisa Assistir.
Nessa lista vamos falar um pouco sobre produções que de alguma forma tem o terror como fator predominante em suas histórias. Dessa forma, longas-metragens como “A Espera de Um Milagre” e “Um Sonho de Liberdade” não entraram, apesar de sempre estarem entre as melhores adaptações de obras de Stephen King.
Então chega de enrolação, e vamos lá!
Minissérie: A Tempestade do Século
SINOPSE: Little Tall é uma pequena cidade que fica em uma ilha longe do continente e está prestes para receber uma violenta tempestade de neve. Paralelamente Andre Linoge (Colm Feore), um forasteiro bastante estranho, chega na pequena cidade e cria pânico e morte entre os moradores. Ele sabe tudo sobre todos e quando Linoge conta a verdade sobre um deles a pessoa nega tal afirmação. Mike Anderson (Timothy Dale), o policial da cidade, tenta manter cada um em alerta contra a forte tempestade e Linoge. O forasteiro, por sua vez, repete sem cessar “Dê-me o que quero e eu irei embora”, sem explicar o significado exato destas palavras.
Ao contrário de muitas outras adaptações, “ A Tempestade do Século” não foi baseado em nenhum romance ou conto de Stephen King, mas em um roteiro original escrito pelo autor e produzido diretamente para a televisão. Porém, antes da transmissão da minissérie na TV, o roteiro foi publicado como um livro em fevereiro de 1999.
“A Tempestade do Século” possui todos os elementos de um bom livro de Stephen King, a começar por Andre Linoge, que não pode ser rotulado como o vilão da história, pois sua presença na cidade se dá por causa dos segredos dos habitantes de Little Tall. O aparecimento e a busca dessa figura sobrenatural (“Dê-me o que quero e eu irei embora”) tem relação com outras tempestades, e com fatos misteriosos como a lenda de Roanoke.
A natureza humana nada nobre, algo muito utilizado por Stephen King, é mostrado pelos habitantes de Little Tall, Todos, sem exceção, se mostram como pessoas honestas, bondosas e cordiais; mas a medida que a minissérie avança, vemos que tudo não passa de uma cortina de fumaça para ocultar segredos, alguns bem sujos. E são justamente esses segredos que atraem a tempestade e Andre Linoge, como uma espécie de justiça divina. Em um diálogo, Mike Anderson diz que talvez o que está acontecendo seja porque eles não são os filhos preferidos de Deus, e dá sua versão sobre a passagem da Bíblia que fala sobre Jó: “Acho que quando Jó perguntou para Deus o por quê dele estar passando por tudo aquilo, Ele deve ter respondido: ‘Sabe Jó, tem algo em você, que realmente me irrita muito.’”
Quando realmente é revelado o quê Linoge está procurando percebemos que Stephen King estava inspirado quando escreveu “A Tempestade do Século”. O final dessa história, além de sacramentar o lado vil e egoísta do ser humano, também serve como uma sentença pior que a morte para os habitantes de Little Tall.
Filme: O Nevoeiro
SINOPSE: Após uma violenta tempestade devastar a cidade de Maine, David Drayton (Thomas Jane) e Billy (Nathan Gamble), seu filho de 8 anos, correm rumo ao supermercado, temendo que os suprimentos se esgotem. Porém um estranho nevoeiro toma conta da cidade, o que faz com que David, Billy e outras pessoas fiquem presas no supermercado. Logo David descobre que há algo de sobrenatural envolvido e que, caso deixem o local, isto pode ser fatal.
“O Nevoeiro” é o conto mais longo de Stephen King (e está presente na coletânea “Tripulação de Esqueletos”, publicado pela editora Suma). O filme baseado nesse conto foi escrito e dirigido por Frank Darabont, que é disparado, a pessoa que fez as melhores adaptações das obras do Mestre do Terror. Além de “O Nevoeiro”, Darabont tem no currículo “Um Sonho de Liberdade” e “A Espera de Um Milagre”.
Um dos alicerces para criar o clima de terror e tensão no filme é o nevoeiro que toma conta da cidade próxima, sitiando David Drayton (Thomas Jane), seu filho, e outras pessoas em um mercadinho. Então, é revelado que esse estranho evento climático é resultado da abertura de um portal interdimensional para um mundo dominado pela neblina e por criaturas grotescas que agora invadem nosso mundo e se mostram uma ameaça para a humanidade. Esse portal foi aberto devido as pesquisas realizadas pelo projeto militar Ponto de Flecha, que procurava estudar a existência de universos paralelos. Nesse ponto, vejo uma clara referência a H.P. Lovecraft ao revelar estranhas e insanas realidades, e que o homem não deve ter conhecimento e acesso as mesmas.
O filme mostra uma verdadeira fauna saída dos pesadelos mais absurdos, com vespas gigantes (no conto, elas se parecem mais com vermes alados), pterodátilos mutantes, quimeras de homens e caranguejos, seres com vários e imensos tentáculos que possuem bocas e dentes afiados, e até uma criatura de centenas de metros que deixariam Lovecraft orgulhoso. Mas de todas essas aberrações abissais, nenhuma imprime tanto medo e aflição quanto as aranhas que alguns personagens enfrentam ao invadirem um farmácia.
Mas se fora do mercadinho o mundo virou o inferno, dentro dele pode ser tão ruim quanto, ao apresentar a fanática religiosa Sra. Carmody, que vê no aparecimento do nevoeiro e das criaturas o começo do Apocalipse. A personagem fica completamente insana após esse evento interdimensional e passa a pregar que a salvação se dará através de sacrifícios e a morte dos infiéis.
O final do filme é diferente. Frank Darabont escreveu um final diferente do apresentado no conto, que foi considerado por Stephen King muito mais sombrio.
Filme: It: A Coisa e It: Capítulo 2
SINOPSE: Em “It: A Coisa”, a pacata rotina de Derry, uma cidade no Maine, é abalada quando crianças começam a desaparecer e tudo o que pôde ser encontrado delas são partes de seus corpos. Logo, um grupo de sete adolescentes auto-intitulado de o Clube dos Perdedores, acabam ficando face a face com o responsável pelos crimes: o palhaço Pennywise.
SINOPSE: Em “It: Capítulo 2”, 27 anos depois dos eventos de “It – A Coisa”, Mike (Isaiah Mustafa) percebe que o palhaço Pennywise (Bill Skarsgard) está de volta à cidade de Derry. Ele convoca os antigos amigos do Clube dos Otários para honrar a promessa de infância e acabar com o inimigo de uma vez por todas. Mas quando Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Ritchie (Bill Hader), Ben (Jay Ryan) e Eddie (James Ransone) retornam às suas origens, eles precisam se confrontar a traumas nunca resolvidos de suas infâncias, e que repercutem até hoje na vida adulta.
Não pretendo falar desses dos dois filmes de “It: A Coisa” pois além de serem recentes, O Cinemaníacos já fez resenha de “It: Capítulo 2”. Só digo que eles tinham tudo para serem as melhores adaptações de uma obra do Mestre do Terror, se não fosse os “15 minutos finais” do segundo longa-metragem, com direito a bullying com o palhaço.
Filme: Doutor Sono
SINOPSE: Em Doutor Sono, na infância, Danny Torrance conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do pai, um escritor perturbado por espíritos malignos do Hotel Overlook. Danny cresceu e agora é um adulto traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir de quando cria um vínculo telepático com Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que bloqueia dentro de si.
Nesse filme vale destacar o trabalho do diretor Mike Flanagan, a excelente fidelidade em relação ao material original, e as excelentes atuações de Kyliegh Curran, que interpreta a jovem Abra, e Rebecca Ferguson, que interpreta a vilã Rose, A cartola.
Se quiser saber mais sobre “Doutor Sono”, o Cinemaníacos fez resenha sobre o filme.
Série: Castle Rock (1ª e 2ª Temporadas)
SINOPSE: A primeira temporada começa com o advogado do corredor da morte Henry Deaver (André Holland) recebendo uma ligação pedindo-lhe para voltar para sua cidade natal, Castle Rock, onde um homem (Bill Skarsgård) foi encontrado em um local abandonado da penitenciária local, aparentemente tendo sido mantido prisioneiro do ex-diretor Dale Lacy (Terry O’Quinn), que recentemente se suicidou. Henry viaja de volta para casa, onde se reconecta com sua mãe Ruth (Sissy Spacek) e o xerife Alan Pangborn (Scott Glenn), que salvou sua vida quando criança.
SINOPSE: Na segunda temporada de Castle Rock, uma rixa entre famílias acaba fazendo um vítima: a enfermeira Annie Wilkes (Lizzy Caplan). Enquanto isso, na cidade vizinha, Jerusalem’s Lot, uma escuridão retorna e que tem relação direta com uma história de 400 anos atrás, quando uma jovem e um “anjo” mudaram drasticamente a vida das pessoas ao seu redor.
Uma adaptação que não utiliza nenhuma obra direta de Stephen King. A cidade de Castle Rock é uma cidade que faz parte do Maine fictício do escritor que também inclui Derry e Jerusalem’s Lot. A ideia para a série era usar Castle Rock para trazer histórias inéditas que abordassem temas e personagens do Mestre do Terror.
A primeira temporada traz todo o mistério que envolve o personagem do ator Bill Skarsgård, que estava trancafiado em uma ala abandonada do presídio de Shawshank (estabelecimento onde se passa a história de “Um Sonho de Liberdade”) e que diz ser Henry Deaver, personagem cercado de mistérios interpretado por André Holland. Logo ficamos sabendo que caso esse homem misterioso seja solto, Castle Rock será destruída.
A primeira temporada mostra toda a genialidade de J.J. Abrams ao criar uma história no melhor estilo “Lost”, com vários segredos e personagens que se conectam entre si, e que deixa a revelação de quem é o personagem de Bill Skarsgård e sua relação com Henry Deaver para o último episódio. Uma revelação que me fez pensar “Cê é doido fião!” e um final nada “felizes para sempre”.
A primeira temporada traz de volta Sissy Spacek, atriz que interpretou Carrie no filme de 1976, como Ruth Deaver, mas que durante toda a sua participação nos deixa coma dúvida se na verdade sua personagem não é uma certa telecinética que deveria estar morta.
Genial, instigante e com o DNA de Stephen King. Com certeza a melhor série baseada nas obras e ideias do autor.