Lovecraft: Re-imaginado de Juliane Vicente e Julia do Passo Ramalho (Organizadoras)
SINOPSE: Para homenagear os 130 anos do nascimento do criador de horrores inomináveis e revelações cósmicas, entregamos a você esta obra composta por autores que não resistiram ao chamado de Cthulhu e renderam suas mentes e penas a seu louvor. “Lovecraft: Re-imaginado” é uma antologia que reúne 19 contos baseados na obra original de H. P. Lovecraft. Nela você encontrará releituras, expansões do universo lovecraftiano e até mesmo continuações de histórias marcantes do autor.
A Diário Macabro é especializada em publicar obras voltadas para o terror. Meu primeiro contato com a editora foi através de “O Caso Fylo-Medusa”, que me impressionou muito, pois todos os contos dessa coletânea são muito bons (o que em todos esses meus anos de leitura, é algo bem raro de acontecer). Por causa desse ótima experiência, resolvi adquirir “Lovecraft: Re-imaginado”.
Primeiramente preciso elogiar o trabalho de Juliane Vicente e Julia do Passo Ramalho, organizadoras dessa coletânea, pois é evidente o cuidado e atenção delas para escolher os contos que fazem parte desse livro. E apesar de achar a qualidade das histórias em “Lovecraft: Re-imaginado” inferior ao que li em “O Caso Fylo-Medusa”, ainda sim são, na totalidade, ótimas historietas.
Nesse livro, encontramos 19 contos baseados na obra original do Mestre do Horror Cósmico, onde temos expansões do universo lovecraftiano, continuações de histórias marcantes do autor e até releituras. E são nas releituras que justifico minha afirmação no parágrafo anterior de que a qualidade das histórias é inferior ao que encontrei em “O Caso Fylo-Medusa”. Alguns escritores dessa coletânea pegaram determinados contos de Lovecraft e trouxeram para os dias atuais, o que para mim, não funcionou. Não quero dizer com isso, que as obras de Lovecraft são datadas, mas recontá-las em uma data mais próxima da que vivemos exige um esforço criativo maior para torná-la atrativa ao leitor, uma vez que a ambientação da época em que o material original foi escrito é um elemento narrativo importante.
Dos 19 contos existente em “Lovecraft: Re-imaginado”, o que menos gostei foi “Sobre a Morte de Harley Warren”, mas não porque ele seja mal escrito, longe disso. O que me incomodou é ele ser uma espécie de continuação de uma das histórias lovecraftianas que mais me marcou: “O Depoimento de Randolph Carter”, onde Lovecraft constrói toda uma aura de suspense e mistério que vai te envolvendo página a página, para entregar um desfecho perfeito e de gelar o sangue. Por ser um final perfeito, é que uma continuação não faz sentido.
“Uma pausa, mais estalidos, e depois a voz débil de Warren: “Quase acabado agora… não dificultes ainda mais… cobre esses degraus malditos e foge para salvar a vida… estas perdendo tempo… adeus, Carter… não voltarei a ver-te.
Nesse ponto, o murmúrio de Warren converteu-se em grito, um grito que aos poucos se transmudou em uivo, carregado de todo o horror das eras… ‘Malditas coisas infernais… legiões… meu Deus! Te manda! Te manda! TE MANDAAAAA!!!’
Depois disso, caiu o silêncio. Ignoro por quantos éons permaneci sentado ali, estupefato. Sussurrando, murmurando, gritando, berrando naquele telefone. Vezes sem conta, no transcurso daqueles éons, sussurrei, murmurei, chamei, gritei e berrei ‘Warren! Warren; Responde… estas aí?’
Foi então que sobreveio o cúmulo do horror… a coisa inacreditável, inimaginável, quase impronunciável… Direi que a voz era profunda? Cava? Gelatinosa? Remota? Sobrenatural? Inumana? Desencarnada? Que direi? Eu a escutei… E o que ela disse foi: ‘IDIOTA, WARREN ESTÁ MORTO!’”
(Trecho de “O Depoimento de Randolph Carter”, de H.P. Lovecraft)
Agora se pudesse escolher o conto que mais gostei, escolheria “No Além” que é uma espécie de expansão da história “Do Além”. “No Além” retrata com perfeição um dos elementos que mais me atrai nas obras de Lovecraft: o sentimento de que o homem não deve ter acesso a determinados conhecimentos, pois o véu que nossa ignorância constrói é uma dádiva e não uma maldição.
“Sim, o total da realidade nada mais é do que um horror, uma dimensão repleta de obscenidades e sacrilégios que os bons e limitados sentidos humanos nos pupam de conhecer.”
(Trecho retirado de “No Além”, de Nathalia Sorgon Scotuzzi. Conto integrante do livro “Lovecraft: Re-imaginado”, da editora Diário Macabro)
Mais uma vez a Diário Macabro me surpreendeu ao trazer uma coletânea de contos, onde a maioria deles são de extrema qualidade. Não sei se Lovecraft gostaria (pois ele era chato para caraio com a literatura), mas eu gostei bastante, e me deixa empolgado para comprar novos livros de contos da editora.
Vale a pena ler “Lovecraft: Re-imaginado”!
Ficha Técnica:
Título no Brasil: Lovecraft: Re-imaginado
Organizadoras:
Autor: Juliane Vicente, Fabio Aresi, Lucas Viapiana, Nathalia Sorgon Scotuzzi, Alfredo Alvarenga, Diego Mendonça, Pedro H. S. Andrade, Thassio Rodriguez Capranera, Greg Polo, Douglas Bock, Marlon P. Silva, Julia do Passo Ramalho, Igor Cabrardo, Thadeu Fayão, Charlitto Ogami, Stefano Pelletti, Igor Moraes, Lelienne Ferreira, Marcos Tadeu Mageste
Capa: Comum
Número de páginas: 244
Editora: Diário Macabro