Os Mitos de Cthulhu de Esteban Maroto
SINOPSE: Os portais do nosso mundo foram abertos para que os terrores cósmicos nos invadam! E agora a humanidade se encontra indefesa e à mercê de toda sorte de criaturas pavorosas que se originaram nos pesadelos, dimensões alternativas e abismos sombrios que existem secretamente neste e em outros mundos. Em “Os Mitos de Cthulhu”, somos apresentados a três dos contos mais celebrados do mestre do horror do século XX, H.P. Lovecraft, transformados em histórias em quadrinhos pelo incomparável artista espanhol Esteban Maroto (“Cinco por Infinito”, “Espadas e Bruxas”). Desta união inominável, os clássicos “A Cidade Sem Nome”, “O Cerimonial” e “O Chamado de Cthulhu” ganharam novos contornos para assombrar ainda mais a nossa existência mortal.
Independentemente de H.P. Lovecraft ser um tremendo “filho da puta” (como foi dito por um editor recentemente) por causa de suas ideias e conceitos racistas, xenofóbicos e misóginos; sou muito fã, mas muito fã de suas obras. Por isso costumo adquirir e consumir tudo que ele escreveu ou relacionado à suas obras, o que muitas vezes se mostra uma grande decepção, como o livro “Território Lovecraft”, mas rende gratas experiências como é o caso da HQ “Os Mitos de Cthulhu”.
Esteban Maroto, que além de “Cinco por Infinito” e “Espadas e Bruxas” (quadrinhos publicados pela Pipoca e Nanquim), também já desenhou personagens famosos como Conan e Red Sonja (o minúsculo biquíni de metal que ela usa, é ideia dele), além de ter ilustrado algumas histórias para a revista “Creepy”.
“Os Mitos de Cthulhu” reúnem três dos contos mais conhecidos de Lovecraft, todos relacionados de alguma forma ao mais famoso e poderoso dos Antigos: Cthulhu. Não vou entrar na mitologia e hierarquia divina criada (Grandes Antigos, Deuses Ancestrais e Deuses Exteriores) e nem falar da escrita do escritor, pois quem já leu seus contos pode tirar suas próprias conclusões (as minhas são as melhores possíveis, hehehehehe). Mas um aviso: se você é fã da literatura de terror, mas nunca leu nada de Lovecraft, deveria, pois ele influenciou grades nomes como Alan Moore, Neil Gaiman e Stephen King.
Seus traços em preto e branco remetem o leitor às antigas HQs dos anos 1950 e 1960. Mas além dessa nostalgia, a arte de Esteban Maroto casa perfeitamente com a escrita de Lovecraft, dando uma atmosfera soturna, misteriosa e assombrada, como a que imaginava quando lia as histórias do autor de Providence.
Além disso, Esteban Maroto foge das convenções comuns ao desenhar os pesadelos imaginados e escritos por Lovecraft, principalmente Cthulhu. Apesar da cabeça de povo, Maroto desenha o Grande Antigo como uma criatura que parece a amálgama de várias outras e sem uma definição concreta, condizente com o que o escritor de Providence explanava: seres tão fantásticos e hediondos, que a mente humana não é capaz de traduzir em palavras ou conceitos que façam sentido.
“Os homens ficaram atentos e ainda tentaram ouvir, quando a Coisa se arrastou, babando, à vista de todos, espremendo Sua imensidade verde e gelatinosa pela passagem escura para o ar exterior infecto daquela venenosa cidade de loucura. A caligrafia do pobre Johansen quase estancou neste ponto. Dos seis homens que jamais retornaram ao navio, ele acha que dois sucumbiram de puro pavor naquele maldito instante. A Coisa não pode ser descrita — não há linguagem para abismos tão imemoriais de pavor e demência, contradições tão grandes de matéria, força e ordem cósmica. Uma montanha caminhado ou se arrastando. Deus! Não espanta que, por toda a Terra, um grande arquiteto enlouquecesse e o pobre Wilcox delirasse de febre naquele instante telepático! A Coisa dos ídolos, a cria verde e gosmenta vinda das estrelas, tinha despertado para reclamar o que era seu. As estrelas estavam posicionadas uma vez mais e o que um culto ancestral não tinha conseguido deliberadamente, um grupo de inocentes marinheiros tinha obtido por acidente. Após eras incontáveis, o poderoso Cthulhu estava livre outra vez, e ávido de prazer.” (O Chamado de Cthulhu)
“Os Mitos de Cthulhu” é uma HQ obrigatória para a coleção dos fãs de Lovecraft e uma porta de entrada para aqueles que ainda não se atreveram a virar suas páginas cheias de loucura e sabedorias ancestrais malditas.
Vale muito a pena ler “Os Mitos de Cthulhu”!
Blood: Uma História de Sangue de J.M. Dematteis
SINOPSE: Um bebê é encontrado por uma jovem em um rio e criado até o início da idade adulta, quando é deixado aos cuidados do Monastério para ser iniciado nos ensinamentos de Deus. Quando o rapaz descobre que não é a mão divina que escreve os livros que regem sua doutrina, mas sim a de seu mentor, ele se sente traído e parte, mas não sem antes assassinar o homem, em um acesso de fúria. Sem rumo certo, ele dá início a uma jornada de autoconhecimento, até se deparar com uma tribo de vampiros em uma floresta que, contra a sua vontade, o transforma em um deles. Nesse dia nasce Blood, o vampiro…
Comprei “Blood: Uma História de Sangue” depois que fiquei sabendo que o autor da HQ, J.M. Dematteis, é quem escreveu “Homem-Aranha: A Última Caçada de Kraven” (uma das minhas histórias preferidas do Cabeça de Teia).
O texto de J.M. Dematteis consegue com bastante facilidade narrar a jornada de uma criança sem nome, e que após ser transformado em vampiro, recebe o nome de Blood. Todas as nuances e metáforas existentes são muito bem assimiladas para quem lê essa HQ. A trama é muito bem construída e vai deixando pistas e sinais para o desfecho narra um ciclo de morte e nascimento, ou de nascimento e morte, de acordo com o gosto do leitor.
Se fosse um livro, seria uma ótima história que “narra uma jornada metafórica pelos caminhos do interminável ciclo da vida para encontrar as sementes da redenção e do amor eterno”, como diz a sinopse. Mas o problema é que estamos falando de uma HQ, que possui além do componente escrito, o componente visual. E é justamente na arte que “Blood: Uma História de Sangue” me desagradou.
Kent Williams utiliza pinceladas, como se fossem telas, para dar vida a história escrita por J.M. Dematteis. Lendo os extras dessa HQ, meu entendimento é que a arte desse a impressão de estarmos vendo um sonho, algo material e imaterial ao mesmo tempo. E apesar de gostar da ideia nas primeiras páginas, à medida que a leitura avançava, a trama foi ficando desinteressante na metade e totalmente maçante no terço final da obra, de forma que eu não via a hora de acabar de lê-la.
Acho que sempre escrevo isso quando faço resenha de quadrinhos: uma HQ só é boa se a arte e o roteiro combinam e entretém o leitor. A escrita de J.M. Dematteis combina muito bem com os desenhos de Kent Williams, mas suas pinceladas ao longo da 196 páginas, tornaram a “Blood: Uma História de Sangue” em uma história cansativa.
Se vale a pena ler “Blood: Uma História de Sangue”? Por achar a arte muito estranha e cansativa, eu diria que não vale a pena; mas acredito que possa agradar pessoas que gostos mais refinados.
Ficha Técnica:
Título Original: Lovecraft: The Myth of Cthulhu
Título no Brasil: Os Mitos de Cthulhu
Autor: Esteban Maroto, H.P. Lovecraft
Desenhista: Esteban Maroto
Tradutora: Denise Schittine
Capa: Dura
Número de páginas: 92
Editora: Pipoca e Nanquim
Idioma: Português
Ficha Técnica:
Título Original: Blood
Título no Brasil: Blood: Uma História de Sangue
Autor: J.M. Dematteis
Desenhista: Kent Williams
Tradutor: Bernardo Santana
Capa: Dura
Número de páginas: 196
Editora: Pipoca e Nanquim
Idioma: Português