SINOPSE: “Expresso do Amanhã” se passa sete anos depois que o mundo se tornar um deserto de gelo que eliminou quase toda a vida da Terra. Os remanescentes da humanidade vagam pelo planeta a bordo de um trem chamado Snowpiercer, um trem em movimento perpétuo composto por 1001 vagões, rigidamente separado por classes. Quando ocorre um assassinato, Melaine (Jennifer Connelly), a chefe da Secretaria, convoca Andre Layton (Daveed Diggs), o líder dos fundistas e ex-policial, para ajudar na investigação; justamente quando o trem construído pelo bilionário Wilford está prestes a ser palco de uma revolução conduzida pelo Fundo contra a hierarquia social estritamente imposta e a alocação desequilibrada de recursos limitado.
“Expresso do Amanhã” é uma série produzida pela TNT, baseada no filme homônimo, lançado em 2013, e na HQ “O Perfuraneve”, lançada em 1982. O diretor do longa-metragem de 2013, Bong Joon-ho (vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 2020), retorna como produtor executivo.
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A série se passa sete anos após o congelamento da Terra matar todos os seres vivos. Logo, os eventos mostrados na produção televisiva são anteriores ao que vemos no filme de 2013. Uma conexão bem remota é feita, ao mencionar o grupo de canibais que se forma no Fundo do Snowpiercer, sendo que Curtis Everett, interpretado por Chris Evans, era um dos integrantes desse grupo no longa-metragem.
A série consegue explorar melhor o Snowpiercer, mostrando com mais detalhes a divisão existente dentro dele: a terceira classe, responsável por fornecer a mão de obra para o funcionamento do trem; a segunda classe, representada por pessoas com alguns benefícios; e a primeira classe, um grupo seleto de abastados que detém o poder e todos os privilégios existentes no trem de 1001 vagões.
A série também mostra locais do Snowpiercer que estão presentes na HQ, e que no filme de 2013 não são mencionados. Um desses locais são as gavetas: uma espécie de prisão onde os que cometem crimes ou se rebelam contra a ordem existente do trem, cumprem suas penas em uma espécie de coma induzido. Nos quadrinhos existe uma diferença em relação às gavetas: as pessoas sentenciadas cumprem seu tempo de clausura, conscientes (o que me parece muito pior, pois você está preso em uma gaveta parecida com àquelas de guardar cadáveres em necrotérios).
A série também mostra os engenheiros: pessoas responsáveis pela manutenção, evitando a todo custo que algum problema mecânico ou eletrônico faça com que o trem descarrilhe ou até mesmo pare (o que resultaria na morte de todos dentro, já que o movimento eterno do Snowpiercer é o que gera o calor dentro dos vagões). Já a Secretaria e os condutores, são classes de trabalhadores não existente nos quadrinhos: enquanto a primeira trabalha como uma espécie de relações públicas, mantendo a ordem interna, os condutores respondem por toda a navegação e condução.
Em termos narrativos, a série meio que patina nos primeiros episódios que focam no assassinato de um passageiro da terceira classe que tem alguma relação com Wilford. Essa história não é tão interessante, servindo apenas para contextualizar o espectador com algumas revelações interessantes, e preparar o terreno para a revolução promovida pelo Fundo. É só a partir do quarto episódio que produção televisiva ganha um pouco mais de dinamismo e agilidade.
A violência apresentada no longa-metragem está presente na produção televisiva (claro que mantendo as medidas proporções), mas falta a estética “suja” do filme de 2013 para representar melhor alguns ambientes do Snowpiercer. Tirando o Fundo, a terceira classe, que possui pouquíssimos privilégios, me pareceu organizada e limpa demais.
Com relação aos personagens, todos cumprem burocraticamente seus papéis dentro da narrativa, não havendo nenhum grande destaque (mesmo Andre Layton se apresenta como o líder evolucionário clichê). Melanie é a grande exceção. A atriz Jennifer Connelly, em excelente atuação, entrega uma “vilã” de várias camadas, mostrando que suas intenções de certa forma são altruístas apesar de questionáveis. Melanie é capaz dos atos que ela mesmo não aprova, para manter a ordem vigente do trem.
A primeira temporada encerra com o fim da sangrenta revolução promovida pelo Fundo, mas uma reviravolta promete colocar em xeque tudo que foi conquistado e acirrar ainda mais os sentimentos de Melanie a respeito de Wilford. Esse plot twist será o ponto de partida para o novo ano da série, que foi renovada.
A primeira temporada de “Expresso do Amanhã” não traz nenhuma grande novidade para quem já conhece a história do filme de 2013 e/ou da HQ, e nem se destaca das demais produções televisivas de ficção científica que temos por aí. Porém, se suas expectativas não forem muito elevadas ou se você as baixar (como foi o meu caso, por causa do longa-metragem), então vale a pena assistir a primeira temporada de “Expresso do Amanhã”!
Ficha Técnica:
Título Original: Snowpiercer
Título no Brasil: Expresso do Amanhã
Gênero: Drama, Ficção Distópica Pós-Apocalíptica, Suspense
Temporada: 1ª
Número de episódios: 10
Produção: Bong Joon-ho, Scott Derrickson, Park Chan-wook,Marty Adelstein, James Hawes, Jiwon Park, Alissa Bachner, Mackenzie Donaldson, Holly Redford
Elenco: Jennifer Connelly, Daveed Diggs, Mickey Sumner, Alison Wright, Iddo Goldberg, Susan Park, Katie McGuinness, Sam Otto, Sheila Vand, Mike O’Malley, Annalise Basso, Jaylin Fletcher, Lena Hall, Roberto Urbina
Companhia(s) produtora(s): CJ Entertainment, Dog Fish Films, Tomorrow Studios
Transmissão: TNT (EUA) / Netflix (Brasil)