SINOPSE: “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos” se passa durante na cidade de Los Angeles dos anos 1930. O detetive Tiago Vega (Daniel Zovatto) e seu parceiro, o veterano detetive Lewis Michener (Nathan Lane), são encarregados de um terrível caso de assassinato e logo são envolvidos por tensões raciais, a ameaça iminente de guerra e conspirações nazistas. Uma época e um lugar profundamente infundidos com o folclore mexicano-americano e a tensão social. Todos os personagens e todas as tramas estão conectados em um conflito entre Santa Muerte, uma santa do folclore mexicano que é a cuidadora dos mortos, e sua irmã, a demoníaca Magda, que acredita que a humanidade é inerentemente má e tem como objetivo provar seu ponto de vista.

“Penny Dreadful” (que chamarei em alguns momentos de série original) está no meu Top 3 de melhores séries de terror que já assisti. Graças a um excelente trabalho de maquiagem e figurino, escolha das locações e fotografia, roteiro e atuações brilhantes; a série criou com perfeição uma Londres do final do século XIX sombria, habitada por vampiros, lobisomens, Dr. Frankenstein e sua criatura, Dr. Jekyll, Dorian Gray e outros seres sobrenaturais. Todos eles envolvidos em uma trama assustadora que tinha como ponto central Vanessa Ives, uma mulher cobiçada pelos dois irmãos expulsos do paraíso: Lúcifer e Drácula.

Depois de três temporadas, “Penny Dreadful” chegou ao fim me deixando órfão por uma série de terror de qualidade. Por isso, quando o criador da série John Logan anunciou que faria um spin-off intitulado “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos”, fiquei muito empolgado. Mas ao terminar de assistir a primeira temporada, me decepcionei com o que vi.

A primeira grande mudança é a fotografia de “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos”. Enquanto na série original temos a predominância de uma paleta de cores escuras e locações antigas, o spin-off tem tonalidades quentes (tons de amarelo, bege e outros) e cenários mais urbanos para dar vida a uma Los Angeles do final dos anos 1930. Essa mudança me incomodou um pouco porque o charme que “Penny Dreadful” tinha era justamente a capacidade de trazer com excelência aquele ar gótico das histórias de terror clássicas.

“Penny Dreadful” aliou os elementos assustadores e sobrenaturais ao ambiente e discussão de assuntos da Londres do século XIX. Questões como a sociedade machista e a extrema desigualdade na distribuição de renda, eram elementos para tornar o cenário londrino mais crível, mais próximo da realidade da época; mas o foco da série original era o terror:  tínhamos a impressão de que em cada esquina, ruela, baile de gala, algo espreitava das sombras. E essa impressão vinha carregada do senso de perigo, de que o que se escondia na escuridão só traria morte e desgraça.

Em “Penny Dreadful: Cidades dos Anjos” o foco é mostrar como era a Los Angeles dos anos 1930. A incursão dos nazistas na sociedade estadunidense, a ascensão dos grandes centros evangélicos e suas estrelas gospel do rádio, a tensão racial envolvendo a crescente colônia mexicana e os cidadãos brancos. Todas essas questões são muito bem mostradas com uma qualidade impressionante, fazendo com que o spin-off seja uma ótima obra de ficção histórica. E quanto ao terror? Bom, o plot da sinopse que fala do conflito entre Santa Muerte e a demoníaca Magda, que seria o elemento sobrenatural, é insípido e assunto secundário na história. Santa Muerte quase não aparece, e quando dá as caras só se lamenta e chora. Já Magda assusta menos que o Cramunhão do “Alto da Compadecida”.

As atuações são outro ponto que decai bastante da série original para o spin-off. Em “Penny Dreadful” temos Eva Green e sua interpretação magistral: a intensidade e a entrega da atriz, apresentou Vanessa Ives: uma das mulheres mais fortes a atormentadas da TV, uma personagem profunda e cativante que arrebata sua atenção em todos os momentos que está em cena (a sequência da possessão e exorcismo de Vanessa Ives é espetacular).

Em “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos” temos Natalie Dormer interpretando a figura demoníaca da série. Mas por culpa do roteiro e da atriz (que não é lá essas coisas), sua personagem não transmite nenhuma das sensações que deveria aos espectadores: força, esperteza, desespero, terror. Nem mesmo a mudança de figurino e o trabalho de maquiagem ajudam, já que Magda é um demônio que apode assumir várias formas, que no spin-off são Alex Malone, Elsa Branson e Rio. Resumindo: Magda é a criatura demoníaca menos assustadora da TV atual.

Em entrevistas John Logan disse que ainda não conversou com o canal Showtime sobre uma segunda temporada. Do ponto de vista narrativo, uma renovação para mais um ano do spin-off se faz necessário já que muita coisa ficou mal resolvida. Mas quando vemos pela ótica do legado deixado por “Penny Dreadful”, espero que não tenha, pois “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos” erra em todos os pontos que a série original acertou, se apresentando como uma produção muito inferior.

Não vale a pena assistir “Penny Dreadful: Cidade dos Anjos”, pois apesar do nome, o spin-off  não tem nada de “Penny Dreadful”!

Quer saber sobre “Penny Dreadful”, então clica aqui.

 

Ficha Técnica:

Título Original: Penny Dreadful: City of Angels

Título no Brasil: Penny Dreadful: Cidade dos Anjos

Gênero: Drama, Horror, Fantasia histórica

Temporada:

Número de episódios: 10

Produção: Paco Cabezas, John Logan, Michael Aguilar, Pippa Harris, Sam Mendes, Mark Tobey, James J. Bagley

Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé, Adriana Barraza, Jessica Garza, Michael Gladis, Johnathan Nieves, Rory Kinnear, Nathan Lane, Santino Barnard, Sebastian Chacon, Christine Estabrook, Julian Hilliard, Lorenza Izzo, Rod McLachlan, Ethan Peck, Piper Perabo, Adan Rocha, Adam Rodriguez, Dominic Sherwood, Brent Spiner, Hudson West, Thomas Kretschmann, Stephanie, Kyle McArthur, Lin Shaye, Amy Madigan, Brad Garrett

Companhia(s) produtora(s): Desert Wolf Productions,Aguilar Entertainment, Neal Street Productions

Transmissão: Showtime (EUA)

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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