SINOPSE: The Act conta a história de Gypsy Rose Blanchard (Joey King), uma jovem que passou a vida inteira acreditando que tinha uma grave doença por causa de Dee Dee (Patricia Arquette), sua mãe superprotetora. Após descobrir a verdade, a menina vai à procura de sua independência, o que acaba resultando em um assassinato.
O meu primeiro contato com essa história foi através do documentário da HBO intitulado “Mommy Dead and Dearest” (“Mamãe Morta e Querida” no Brasil), que mostra a história real de Gypsy Rose Blanchard e no assassinato de sua mãe, Claudine “Dee Dee” Blanchard. Tudo começa mostrando Gypsy recebendo a notícia que sua mãe foi assassinada, e logo a polícia a indica como principal suspeita pelo crime. Um crime que revoltou os EUA, pois como ela poderia ter matado a própria mãe que dedicou todo seus esforços, sua vida para cuidar da filha com sérios problemas de saúde. Mas à medida que o documentário avança passamos a ver a relação doentia que existia entre Gypsy e Dee Dee, e que culminou na morte de Claudine Blanchard.
“The Act” aborda essa história de forma mais ampla e romantizada que o documentário da HBO. A série começa com a família Blanchard chegando a uma casa cedida pelo governo da cidade devido a condição de Gypsy (Joey King): uma adolescente com a sua saúde extremamente frágil, presa à cadeira de rodas. Segundo a mãe Claudine (Patricia Arquette), conhecida como Dee Dee, sua filha sofria de diabetes, leucemia, atrofias musculares, distúrbios mentais e epilepsia, entre outros problemas, o que resultou em várias operações e diversos tratamentos médicos.
Gypsy fica amiga de sua vizinha Lacey (personagem original na série baseada em Aleah Woodmansee, interpretada pela atriz Anna Sophia Robb), e ao ver como a amiga vive, começa a insistir em levar uma vida mais normal. Mas o relacionamento com sua mãe começa a piorar à medida que Gypsy insiste cada vez mais em sua independência. Como resultado, Dee Dee se torna cada vez mais protetora, controladora e abusiva.
À medida que a série avança, Gypsy descobre muitos segredos tais como o de não ter leucemia, não ser diabética, entre outras coisas. Então é mostrado o talento de Dee Dee em enganar com sucesso não só Gypsy, mas também sua família, amigos e profissionais da área médica a acreditar que sua filha estava doente e em todas as mentiras criadas por ela. Cansada de todas as mentiras e do tratamento abusivo da mãe, Gypsy convence Nick Godejohn (Calum Worthy), que ela conheceu em um site de encontros e com quem criou uma espécie de namoro à distância, a assassinar sua mãe para poder libertá-la e fugirem juntos.
A história em si é assustadora e instigante o suficiente para que você veja “The Act”. Mas existem outros fatores que são importantes ressaltar na série, e eles atendem pelos nomes de Joey King e Patricia Arquette. As duas atrizes estão simplesmente sensacionais interpretando Gypsy e Dee Dee Blanchard, respectivamente.
A ideia dos produtores Nick Antosca (“Hannibal”) e Michelle Dean, a repórter que publicou a reportagem na “Buzzfeed” sobre o caso; era ser o mais fiel possível à história real. Dessa forma Joey King raspou completamente o cabelo e colocou dentes falsos . Mas o que convenceu os produtores, foi que na audição a atriz apresentou uma voz bastante aguda e até infantil praticamente igual à da Gypysy Rose. Se você assiste ao documentário da HBO vai ver a extrema semelhança entre Joey King e a personagem.
Já Patricia Arquette merece todos os aplausos e os prêmios que levou por interpretar a mãe de Gypysy Rose (Emmy em 2019 de Melhor Atriz Coadjuvante em Série ou Filme Limitado e Globo de Ouro de 2020 de Melhor Atriz Coadjuvante – Série, Série Limitada ou Filme para Televisão). Além da transformação física da atriz, que é algo bastante impressionante (ganho de peso, além de um ótimo trabalho de maquiagem para ficar fisicamente parecida com Claudine), destaco dois elementos importantes na sua interpretação: a voz e o olhar. A voz usada é algo que cria um sentimento de repulsa, de asco por Claudine Blanchard; e se era esse o objetivo, ele é alcançado com louvor. Mas é o olhar que mais chama a atenção na atuação de Patricia Arquette. É difícil explicar, mas quando reparava nos olhos de Dee Dee era palpável a loucura, a obsessão que ela tinha pela filha. Ao olharmos nos olhos da personagem você sentia de forma quase física toda o abuso e dor que ela era capaz de causar, mesmo sem precisar chegar as vias de fato.
“The Act” impressiona por trazer uma história real em que uma mãe é capaz de atos repulsivos, inimagináveis e indizíveis por amar demais sua filha (alguns médicos a diagnosticaram com Síndrome de Münchhausen por Procuração (Transtorno Factício Imposto a Outro)), e o que esse relacionamento obsessivo e doentio causou. Poderia traduzir o que escrevi acima com uma passagem do livro “O Homem de Giz” de C. J. Tudor: “O amor é o mais forte dos sentimentos. Ele nos leva a cometer os melhores e os piores atos possíveis”. Mas além dessa verdadeira tragédia, assista para ver Patricia Arquette e Joey King em interpretações perfeitas, verdadeiras aulas de atuação.
Sem mais, e por ter me estendido demais, vale muito, mas muito mesmo, assistir “The Act”.
P.S.: Se possível assista o documentário da HBO, “Mommy Dead and Dearest” (“Mamãe Morta e Querida” no Brasil), pois juntamente com a série, você terá uma visão melhor desse caso, que parece vir de um livro ou filme de terror, mas que realmente ocorreu.
Ficha Técnica:
Título Original: The Act
Título no Brasil: The Act
Gênero: Drama
Temporadas: 1
Número de episódios: 8
Produção Jan Peter Meyboom, Nick Antosca, Michelle Dean, Britton Rizzio, Gregory Shephard
Elenco: Patricia Arquette, Joey King, AnnaSophia Robb, Chloë Sevigny, Calum Worthy, Denitra Isler, Steve Coulter, José Alfredo Fernandez, Poorna Jagannathan
Companhia(s) produtora(s): Eat the Cat, Writ Large, Universal Content Productions
Transmissão: Hulu (EUA) / Starz Play