O Perfuraneve de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette
SINOPSE: O inverno chegou e pode durar para sempre! Após uma hecatombe nuclear que alterou o clima da Terra e a afundou em uma eterna Era do Gelo, a humanidade não tinha chance nenhuma de sobreviver. Exceto por um pequeno grupo que encontrou refúgio em um trem de tecnologia revolucionária, o Perfuraneve. A locomotiva representa a salvação da humanidade e confina, em seus mil e um vagões, toda a esperança de vida no planeta. A convivência se torna o grande desafio para os últimos representantes da espécie, que rapidamente se adaptam e organizam a vida no novo habitat. Nesse momento, os velhos mecanismos que levaram o planeta à destruição voltam à ativa, incluindo a divisão de classes: os passageiros são divididos em “castas”, cada uma em um vagão, ficando os pobres no fundo e os ricos na frente.
Meu primeiro contato com essa história se deu em 2013 através do filme “O Expresso do Amanhã”, dirigido pelo vencedor do Oscar Joon-ho Bong e estrelado por Tilda, Chris Evans, John Hurt, Song Kangho e Ed Harris. Anos depois comprei a edição da Aleph que traz o texto integral, unindo os três volumes: “O Perfuraneve” de 1984, “O Explorador” de 1999 e “A Travessia” de 2000.
“O Perfuranave” possui um enredo onde são explorados temas como divisão de classe, racismo, religião e alienação. Acredito que por sua originalidade, a HQ possa ser considerada uma das melhores obras de ficção cientifica, tanto da nona arte como da literatura em geral. Criar uma história densa e complexa sobre uma sociedade distópica pós-apocalíptica que se passa dentro de um gigantesco trem é uma ideia genial, e por esse motivo o autor Jacques Lob merece ser lembrado como um dos expoentes contemporâneos da ficção científica.
Mas meus elogios em relação a HQ terminam aqui. “O Perfuraneve” apresenta alguns plot twist interessantes, mas no geral a história é mediana, ou seja, a HQ diverte, mas nada muito empolgante. Até entendo a ideia de desenhar em preto e branco e traços minimalistas para gerar o efeito de desolação e frio, mas a arte não me agradou pois cresci lendo quadrinhos onde as páginas eram cheias de detalhes.
Analisando o material original e o filme lançado em 2013, fico com o longa-metragem por conseguir explorar todas as questões pertinentes da HQ com um ritmo narrativo instigante e empolgante. E espero que a série que vai estrear em maio de 2020 utilize como modelo o longa-metragem dirigido por Joon-ho Bong.
Uma observação importante que deve ser feita é que tanto o filme de 2013 como a série de 2020 vão explorar histórias inéditas. Enquanto o longa-metragem pega os conceitos principais da HQ para trazer um novo capítulo, a série televisiva deve abordar o expurgo que é mencionado no material original.
“O Perfuraneve” é parecido com “Fahrenheit 451”: obras que são importantes para a ficção científica, mas muito mais pelas ideias e conceitos debatidos nas páginas.
Exorcismo: O Ritual Romano de El Torres
SINOPSE: O mal se manifesta onde menos se espera. Escondido sob as vestes de uma freira, nas preces de um sacerdote ou dentro dos muros da Santa Igreja. Santa? Em Exorcismo: O Ritual Romano, graphic novel de terror da DarkSide® Books, o leitor tem acesso aos recantos mais sombrios do Vaticano e testemunha um caso de possessão demoníaca que pode mudar para sempre o destino da humanidade.
Exorcismo é um dos temas mais explorados do gênero de terror, gerando obras-primas indiscutíveis como “O Exorcista” (livro e filme) como produções que se mostraram desperdício de dinheiro como “Exorcistas do Vaticano”.
“Exorcismo: O Ritual Romano” é uma HQ escrita por de El Torres com artes de Jaime Martínez e cores de Sandra Molina, lançada aqui no Brasil pela Darkside. Minha opinião a respeito dessa editora é que ela revolucionou o mercado editorial trazendo edições com um acabamento primoroso, mas com títulos que não condizem com o capricho e cuidado que eles têm na parte gráfica. São dezenas de obras belíssimas (capa dura, ilustrações, papel de qualidade) mas escritores e histórias insossas. Comparo a Darkside com a Netflix: muita quantidade mas pouca qualidade.
“Exorcismo: O Ritual Romano” apresenta um plot muito interessante: uma possessão demoníaca de um integrante do mais alto cargo do Vaticano e questões como pedofilia e os conflitos entre a fé e a obediência para com a Igreja Católica, mas ela cai no senso comum de outras obras do gênero. Mas não culpo o autor El Torres por isso, pois escrever uma história original que envolva exorcismo é uma tarefa quase impossível devido ao número de produções literárias, televisivas e cinematográficas que abordaram esse tema.
Apesar desse roteiro comum, “Exorcismo: O Ritual Romano” chama a atenção devido a arte de Jaime Martínez e as cores de Sandra Molina que conseguem criar o tom necessário para inspirar o horror nos leitores. As partes onde estamos vendo pessoas possuídas se apresentam com um aspecto sombrio e doente, seja pelo detalhismo dos traços seja pela paleta de cores utilizadas como o preto, amarelo, verde, bege.
Segundo o site Variety, Paco Plaza, vai escrever e dirigir uma série que vai adaptar “Exorcismo: O Ritual Romano”. O diretor espanhol está acostumado a lidar com histórias assustadoras e de possessões demoníacas e é um dos grandes nomes do cinema de terror. No seu currículo temos a franquia “[REC]” (sendo o primeiro longa-metragem considerado por crítica e espectadores como o melhor filme Found footage já produzido até hoje), e o filme de terror da Netflix, “Verônica: Jogo Sobrenatural”. Logo, a expectativa é grande por uma produção de terror do mais alto nível.
“Exorcismo: O Ritual Romano” deve ser consumida mais por seu impacto visual do que pela história em si
![]() | Ficha Técnica: Título no Brasil: O Perfuraneve Autor: Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette Tradutor: Daniel Lühmann Capa: Comum Número de páginas: 280 Editora: Aleph Idioma: Português |
![]() | Ficha Técnica: Título no Brasil: Exorcismo: O Ritual Romano Autor: El Torres Tradutor: Letícia Ribeiro Carvalho Capa: Dura Número de páginas: 128 Editora: Darkside Idioma: Português |