SINOPSE: E se um dia memórias vívidas de coisas que nunca aconteceram se infiltrassem em sua mente, pintando em tons de cinza todas as suas certezas? Barry Sutton é policial em Nova York e convive com a tristeza da morte da filha. Ao ser acionado para intervir em uma tentativa de suicídio, ele se depara com uma mulher que sofre da Síndrome da Falsa Memória, uma doença misteriosa que planta na cabeça de suas vítimas lembranças de vidas que elas nunca tiveram. A neurocientista Helena Smith está desenvolvendo uma tecnologia para a cura do Alzheimer. Inesperadamente, um dos homens mais ricos do mundo se oferece para financiar sua pesquisa. Helena vê surgir a chance de propiciar um grande bem para a humanidade. No entanto, não poderia estar mais enganada…

Blake Crouch é um escritor com um relativo reconhecimento na literatura de ficção científica. Seu trabalho mais conhecido é a trilogia “Wayward Pines”, por causa da série homônima produzida pela FOX, que gostei bastante. Na literatura, “Recursão” foi meu primeiro contato com o escritor. A sinopse me impressionou bastante: a humanidade está sendo assolada pela SFM (Síndrome da Falsa Memória). Logo, se não sabemos quais memórias são verdadeiras, como saber quem somos e o que é real?

Com um plot desses fiquei realmente instigado, pois minha expectativa seria ver como o escritor iria desenvolver a questão da confusão que a SFM iria gerar nas pessoas. Quais lembranças eu vivenciei de fato? Por que as falsas memórias são tão mais reais que as verdadeiras? E se as falsas recordações são mais vívidas, não seriam elas as verdadeiras? Essas foram algumas das perguntas que me passaram pela cabeça no começo do livro. Mas à medida que a leitura avançava, percebi que Blake Crouch tinha outros planos para a trama em “Recursão”: uma nova tecnologia permite que as pessoas voltem a determinado momento de uma lembrança muito marcante, mas que traz graves consequências não só para quem retornou no tempo, mas para todo o mundo.

À medida que avançava a leitura, o enredo vai ficando cada vez mais repetitivo, várias inconsistências e muitos loopings com o intuito de gerar reviravoltas, muitas delas desnecessárias. Essa insistência do escritor em focar na viagem do tempo acaba tornando a história confusa e maçante em muitos momentos.

E a questão dos problemas que as falsas memórias causam na percepção humana? Aos poucos ela foi sendo colocada para escanteio, sendo abordada esporadicamente do meio para o fim do livro, o que na minha opinião. Se a abordagem desse tema acontecesse junto com a viagem no tempo ao longo de todo o livro, poderíamos ter uma leitura mais ágil e dinâmica. Mas o que mais me desagradou é que acredito que essa abordagem psicológica da SFM seria muito mais interessante e instigante que falar de viagens no tempo.

Blake Crouch se mostrou um escritor de ficção científica com ideias originais. Vi isso na série “Wayward Pines” e agora no livro “Recursão”, mas senti que na obra literária ele seguiu pelo caminho menos interessante. E essa decisão gerou uma história confusa e maçante em muitos momentos, apesar do grande potencial que a narrativa tem. Mas por essas ideias originais, devo ler algum outro livro de Blake Crouch, até para concluir se é ou não é um bom escritor.

Fiquei muito em dúvida em dar um veredicto, mas apesar dos meus problemas com o livro, acredito que vale a pena ler “Recursão”.

Ficha Técnica:

Título Original: Recursion

Título no Brasil: Recursão

Autor: Blake Crouch

Tradutor: Sheila Louzada

Capa: Dura

Número de páginas: 320

Editora: Intrínseca

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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