SINOPSE: A trama acompanha os policiais Kata (Nína Dögg Filippusdóttir) e Arnar (Björn Thors), para investigar o primeiro caso de serial killer da Islândia. Inicialmente os assassinatos parecem não ter muito em comum até que a dupla de policiais começa a estabelecer uma conexão dos crimes com uma casa de meninos abandonada chamada Valhalla, onde crimes horrendos ocorreram 35 anos atrás.

Quem não gosta de uma boa história policial? Independentemente se ela for mais sofisticada como as escritas por Agatha Christie, ou mais sangrentas como as de Thomas Harris e Donato Carrisi, sempre teremos consumidores por esse tipo de trama. Nos últimos anos, uma região geográfica em especial, se tornou o celeiro da ficção policial, seja na literatura, como na TV e cinema. É claro que estou falando dos países nórdicos. Sejam eles noruegueses, dinamarqueses, finlandeses, islandeses ou suecos; esses autores conquistaram não só o Brasil, mas todo o mundo.

Mês passado, a Netflix estreou “O Assassino de Valhalla”. A série policial islandesa acompanha uma dupla de investigadores na caça do que pode ser o primeiro serial killer da Ilha de Gelo. E à medida que a investigação segue, vemos que a motivação do assassino tem motivos muito mais sombrios que as mortes que ele causa.

A trama em si de “O Assassino de Valhalla” não é nada muito complexa quando comparada a outras produções policiais nórdicas. Os cliffhangers, as famosas reviravoltas narrativas que esse tipo de história deve possuir, não são tão impactantes e em alguns momentos são previsíveis. A série também se utiliza dos clichês clássicos: policiais com problemas pessoais que muitas vezes afetam sua vida profissional, disputas políticas e personagens caricatos (o gênio da informática Erlingur, interpretado por Bergur Ebbi Benediktsson, se parece bastante com a personagem Penelope Garcia de “Criminal Minds”).

Apesar de “O Assassino de Valhalla” ser convencional no quesito narrativo, a série é bem escrita e conduzida de forma a conseguir envolver o espectador. Existe um equilíbrio entre investigação, intrigas, violência e mistério; que faz com que a história esteja redonda e funcione em oito episódios com cerca de quarenta e cinco minutos de duração. E isso é um fator muito bom, pois não existe encheção de linguiça como outras produções (que possuem muitos episódios com duração padrão ou poucos episódios com mais de uma hora cada; e em nenhum dos dois casos, a história consegue se sustentar).

Um dos fatores que sempre chamam atenção nas produções policiais nórdicas, é desconstruir a imagem de perfeição que esses países passam. A Islândia é um dos países que sempre aparecem no topo das listas de melhores locais para viver, devido ao seu alto índice de qualidade de vida. Mas as obras literárias, televisivas ou cinematográficas dessa região geográfica costumam utilizar questões polêmicas ou violências sociais como o fio condutor das tramas. Em “O Assassino de Valhalla” veremos a questão do abuso infanto-juvenil sendo abordado. Os investigadores precisam lidar com problemas sérios: Kata descobre que seu filho adolescente pode estar envolvido em um estupro, enquanto Arnar arca com as consequências de um pai abusivo na infância que lhe rendeu problemas com alcoolismo e drogas. A própria instituição que dá nome à produção da Netflix, se vê cercada em violências brutais e indizíveis contra crianças e adolescentes.

Outro fator que atrai o espectador a consumir produções policiais nórdicas é o ambiente onde a trama acontece. A Islândia é um país de paisagens estéreis e frias. Mesmo as cidades apresentam um ar de solidão, de isolamento. O preto, o cinza e o branco são as cores predominantes em “O Assassino de Valhalla”. Esses fatores criam um ar de opressão que uma boa história de serial killer precisa ter.

Se não quiser spoiler, pule para o próximo parágrafo. “O Assassino de Valhalla” termina com sua história totalmente indefinida em relação ao serial killer. Espero que a série tenha êxito suficiente para que a Netflix e a RÚV (organização pública máxima de rádio e televisão da Islândia) a renovem, pois quero muito saber qual o final dessa caçada ao primeiro assassino serial da Ilha do Gelo.

Apesar de não ter uma trama mais complexa e se utilizar de clichês, a série policial islandesa consegue prender a atenção do espectador, nos dando boas horas de entretenimento, e por isso vale a pena assistir “O Assassino de Valhalla”!

 

Ficha Técnica:

Título Original: The Valhalla Murders

Título no Brasil: O Assassino de Valhalla

Gênero: Policial

Temporada:

Número de episódios: 8

Produção Thordur Palsson

Elenco: Nína Dögg Filippusdóttir, Björn Thors, Bergur Ebbi, Aldís Amah Hamilton, Sigurður Skúlason, Tinna Hrafnsdóttir, Arndís Hrönn Egilsdóttir, Edda Björgvinsdóttir, Valur Freyr Einarsson, Damon Younger

Companhia(s) produtora(s): Truenorth & Mistery, RÚV, Netflix

Transmissão: RÚV (Islândia) / Netflix (Brasil)

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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