SINOPSE: Trinta anos se passaram desde os acontecimentos em Bay City. Conforme o season finale do primeiro ano nos mostrou, Takeshi Kovacs partiu em sua jornada em busca de sua amada Quellcrist Falconer (Renée Elise Goldsberry), que estaria viva após ser dada como morta séculos atrás. É aí que entra na história a caçadora de recompensas Trepp (Simone Missick), contratada por um milionário Matusa para encontrar Kovacs e torná-lo o seu guarda-costas. A recompensa? Entregar o paradeiro de Falconer. Quando o protagonista aceita a missão, ele está usando a capa (nome dado ao corpo humano nesse mundo) de uma cantora de bordel praticamente indefesa. O Matusa, então, o entrega uma nova, turbinada com as mais novas tecnologias, e abre as portas para a entrada do novo protagonista, Anthony Mackie (o Falcão do Universo Marvel nos cinemas).
“Carbono Alterado” é uma série de livros escritos por Richard Morgan, com uma pegada steam punk noir. Quando a editora Record lançou o primeiro volume em 2017, resolvi comprar para lê-lo. Mas o ritmo lento tornou a leitura maçante. Resolvi dar mais uma chance ao escritor e adquiri o segundo volume, intitulado “Anjos Partidos”, e a conclusão foi a mesma: apesar de possuir ótimos argumentos e ideias, é uma leitura morosa que vai diminuindo o interesse do leitor a cada virada de página.
Quando a Netflix estreou a primeira temporada de “Altered Carbon”, resolvi assisti-la por pura curiosidade (e pela falta de outra produção de qualidade no catálogo), e tive uma ótima surpresa: a história do livro funcionou muito bem nas telas da tv, smartphones e computadores; ao contrário do que encontrei nas páginas do material original. Então quando estreou o segundo ano da série, minha expectativa eram as melhores possíveis. E o que acontece quando as expectativas não são atendidas? A resposta é decepção.
Como uma série pode ter despencado tanto em todos os aspectos de uma temporada para outra? O primeiro fator é a mudança de ator que vive Takeshi Kovacs. Essa mudança de atores faz todo o sentido no universo literário criado por Richard Morgan, pois Altered Carbon” se passa no século XXV, onde consciência de uma pessoa pode ser armazenada em um cartucho na base do cérebro e baixada para um novo corpo, conhecido como capa. No primeiro ano da produção da Netflix, o protagonista da história é interpretado por Joel Kinnaman e na temporada atual por Anthony Mackie. Mas enquanto Kinnaman tem o carisma e o talento necessários para dar vida a todas as nuances que o protagonista da história possui, Mackie não tem expressão facial e corporal nenhuma, e quando tenta emular algum sentimento além da sua cara de parede, falha miseravelmente. A minha impressão, é que o ator que vive Sam Wilson, o Falcão, só foi escolhido por sua fama e exposição obtida nos filmes da Marvel.
Outro fator que me incomodou muito é a parte visual da série. A primeira temporada é belíssima, com cenários, roupas e uma ambientação que me lembrou muito “Blade Runner: 2049”, ou seja, “Altered Carbon” não devia em nada a produções cinematográficas de alto orçamento. Já a segunda temporada parece algo feito no quintal de casa por uma pessoa iniciante em Corel Draw (ok, exagerei um pouco agora). A queda no quesito visual da série é absurda, a ponto de me fazer pensar que ou a Netflix cortou boa parte do orçamento ou os produtores e a equipe técnica estavam desgostosos em continuar o projeto.
Então, com um ator inexpressivo interpretando o personagem condutor da história e a parte visual de péssima qualidade técnica, fez com que a segunda temporada de “Altered Carbon” ficasse chata e cansativa como os livros escritos por Richard Morgan. Mas então o segundo ano é um fracasso completo? Não diria isso. Edgar Allan Poe, a inteligência artificial parceira de Kovacs (interpretada por Chris Conner), continua um personagem digno de atenção. Seu arco narrativo é muito bem escrito e desenvolvido ao longo dos oito episódios dessa temporadao. Além disso, vamos conhecer um pouco mais sobre a raça alienígena que os humanos tiveram contato ao colonizar as estrelas, especialmente o Mundo de Harlam.
Uma observação antes de encerrar essa resenha, é que a segunda temporada de “Altered Carbon” é baseada no volume 3 da série de livros, intitulado “Fúrias Despertadas” (lançado pela editora Record em 2019).
“Altered Carbon” traduz para as telinhas todas as ideias interessantes criadas pelo escritor de Richard Morgan, mas errou na escolha do ator que viveria o protagonista e foi displicente na parte visual, dois aspectos que foram tão importantes para conectar os espectadores com a série no primeiro ano, transformando a segunda temporada em algo maçante e cansativo com a leitura dos livros.
Pelos motivos expostos nessa resenha, coloco em xeque uma renovação para um terceiro ano da produção da Netflix. Meu veredicto? Não vale a pena assistir a segunda temporada de “Altered Carbon”.
https://www.youtube.com/watch?v=R7dnS7EHwPY
Ficha Técnica:
Título Original: Altered Carbon
Título no Brasil: Altered Carbon
Gênero: Ficção científica
Temporada: 2ª
Número de episódios: 8
Produção Laeta Kalogridis, David Ellison, Dana Goldberg, Marcy Ross, Steve Blackman, Brad Fischer, James Vanderbilt
Elenco: Anthony Mackie, Renée Elise Goldsberry, Chris Connerm, Dina Shihabi, James Saito, Lela Loren, Simone Missick, Torben Liebrecht, Will Yun Lee
Companhia(s) produtora(s): Skydance Media, Mythology Entertainment
Transmissão: Netflix