SINOPSE: Há muito tempo, em um campo distante, Maria (Sophia Lillis) leva seu irmãozinho João (Sammy Leakey) a um bosque escuro, em uma busca desesperada por comida e trabalho. Quando eles encontram Holda (Alice Krige), uma misteriosa mulher que reside na floresta, os dois irmãos descobrem que nem todo conto de fadas termina bem..
Muitas pessoas como eu conheceram boa parte dos contos de fadas através das animações clássicas da Disney, e por serem voltadas para o público infantil, foram contadas com muita cor e música. Mas depois que fiquei mais velho, descobri que muitos desses desenhos se basearam nas histórias escritas pelos Irmãos Grimm, que são completamente diferentes daquilo apresentado pela Casa do Mickey. O tom narrativo dos contos do Irmãos Grimm é muito mais escuro com lições de moral bem duras para as crianças, e em alguns momentos sem o tradicional “viveram felizes para sempre!”
“Maria e João” (me recuso a ficar escrevendo esse subtítulo, que para variar é uma mania idiota do Brasil), estreou nos cinemas com a ideia de mostrar o tom original dos contos dos Irmãos Grimm.
“Maria e João” pode ser considerado uma produção de terror psicólogo, pois existe um peso, uma atmosfera densa e pesada que impregna todo o filme, mas também é uma história de fantasia tenebrosa e assustadora.
O que mais me chamou atenção em “Maria e João” é a fotografia. Cores frias e uma ambientação cheia de sombras e locais escuros dão o tom da história.
A estética utilizada no filme é outro elemento técnico que vale ser ressaltado por ser diferente do que estou acostumado a ver, principalmente quando estamos dentro da casa de Holda (Alice Krige), a bruxa que vive na floresta.
A história de “Maria e João” é uma releitura do conto original dos Irmãos Grimm, mas enraizada nos elementos centrais do material original. A fuga dos irmãos para a floresta se deve a situação precária em que vivem e pela mãe louca deles. E nessa peregrinação pela floresta até chegar a casa de Holda, Maria e João vão cruzar com outros personagens como o Caçador de “Chapeuzinho Vermelho” ou ficarão sabendo dos Lobos do mesmo conto de fadas.
Porém, “Maria e João” faz uma mudança em relação ao conto original do Irmãos Grimm, pois o longa-metragem conta a história de Maria (Sophia Lillis), que desde criança “vê coisas” e se sente atraída por um conto intitulado “A Menina do Capuz Rosa”. Ao fugir de casa com seu irmão, acaba encontrando a casa de Holda, que passa treina-la desenvolver seu poderes.
Sophia Lillis (Maria) e Alice Krige (Holda), sustentam o filme com ótimas interpretações. Enquanto a veterana Alice Krige dá vida à uma bruxa misteriosa e perigosa, Sophia Lillis dá vida a uma Maria confusa em relação a sua vida e sua natureza, se firmando como um dos grandes nomes da nova geração.
A parte final de”Maria e João” libera toda a expectativa e tensão que o filme cria nos dois terços iniciais, ao contar a identidade de Holda e o motivo para a bruxa comer crianças. Além disso, é revelado que Maria precisa se alimentar de algo muito querido para alcançar a plenitude de seus poderes.
“Maria e João” custou US$5 milhões e até o momento arrecadou US$21 milhões. Esses números são importantes pois o diretor Oz Perkins tem a ideia de universo compartilhado, que começaria com esse filme, conforme declaração dada por ele:
“Sem dizer muito… minha ideia para o filme era criar nosso próprio mundo de contos de fadas, nosso próprio universo de contos de fadas. Então, a ideia é sugerir que não existe apenas aquele lugar, mas que existem entidades espalhadas e referências a outros contos de fadas.”
”Maria e João” mostrou que a ideia de um universo sombrio e assustador de contos de fadas tem potencial para se tornar uma franquia cinematográfica de sucesso. E esse projeto ganha mais força ao vermos que o diretor apresentou o Caçador e mencionou os Lobos, bem como o final aberto que mostra Maria assumindo sua natureza ou João seguindo sua vocação de se tornar um lenhador (atenção, spoiler: pesquisando depois, percebi que esse gancho pode trazer aos cinemas “Rapunzel”).
“Maria e João” é um produto cinematográfico novo e diferente do que estamos acostumados a ver, e pode ser o início de uma nova vertente para o gênero de fantasia / terror nas telonas.
Por ser original e muito bem produzido, digo que VALE A PENA assistir “Maria e João”!
Ficha Técnica:
Título Original: Gretel & Hansel
Título no Brasil: Maria e João: O Conto das Bruxas
Gênero: Dark Fantasy
Duração: 87 minutos
Direção: Oz Perkins
Produção: Fred Berger
Roteiro: Rob Hayes
Elenco: Sophia Lillis, Alice Krige, Jessica De Gouw, Charles Babalola, Samuel Leakey, Ian Kenny, Abdul Alshareef, Manuel Pombo, Beatrix Perkins
Companhia(s) produtora(s): Automatik Entertainment, Orion Pictures, BRON Studios
Distribuição: United Artists Releasing (Mundial) / Imagem Filmes (Brasil)
