“É assim que o mundo termina. Pela última vez.”
Ficção especulativa pode ser definida como um termo que abrange um gênero de ficção que fala sobre mundos que diferem do mundo real de várias e importantes maneiras. Neste subgênero, são geralmente incluídas a ficção científica, a fantasia e o horror. Robert A. Heinlein, Arthur C. Clarke, Margaret Atwood, Júlio Verne, Isaac Asimov, Philip K. Dick, H. G. Wells, H. P. Lovecraft, Shirley Jackson, Ursula K. Le Guin, Octavia Butler, Neil Gaiman, Stephen King, Ray Bradbury, Robert Louis Stevenson, William Gibson, Connie Willis. Esse são apenas alguns dos nomes que podemos enquadrar como escritores de ficção especulativa.
E nesse verdadeiro panteão de grandes escritores, temos N. K. Jemisin. A escritora estadunidense já ganhou o Hugo, o Nebula e o Crwaford Award, explorando em suas obras uma variedade de temas, como opressão, conflitos culturais e racismo. Em 2016, N. K. Jemisin se tornou a primeira mulher negra a ganhar O Prêmio Hugo de Melhor Romance com “A Quinta Estação”. Feito que se repetiu em 2017 com “O Portão do Obelisco”, e em 2018 com “o Céu de Pedra” (que também levou o Prêmio Nebula de Melhor Romace), se tornando a primeira pessoa a ganhar três anos consecutivos o Hugo Awards.
Mas o que faz da trilogia “A Terra Partida” ser esse fenômeno literário?
O primeiro ponto e o mais importante, é a originalidade da história escrita por N. K. Jemisin. Misturando fantasia e ficção científica, somos apresentados ao Pai Terra, um mundo fascinante e diferente de tudo que já li em outras obras desses dois gêneros. Nesse mundo vamos conhecer os orogenes (ou roggas como também são chamados), pessoas que controlam a Orogenia, que é capacidade de utilizar à sua vontade os movimentos tectônicos e os elementos envolvidos nesse fenômeno. Aqui a escritora mostra sua genialidade ao pegar um conceito geológico (orogenia ou orogênese– colisão de placas tectônicas que traz como consequência a formação de dobramentos, cordilheiras ou fossas), e transformá-lo em uma espécie de poder fantástico. Além da Orogenia, N. K. Jemisin vai nos apresentar o “Prateado” (Como Nassum chama, e assim não dar spoiler), outra força presente por todo o Pai Terra.
Outros dois seres fantásticos dessa trilogia são os comedores de pedra e os guardiões. Os primeiros seres citados são constituídos de pedra, e são figuras poderosas e enigmáticas, e que estão diretamente envolvidas em tudo o que está acontecendo com o Pai Terra. Os Guardiões, são pessoas modificadas para controlar, da forma que for necessária, os orogenes.
Orogenes, comedores de pedra, guardiões e o Pai Terra, são seres impressionantes, originais e diferentes de qualquer outro personagem ou criatura que você verá ou viu em outros livros de fantasia e ficção científica. E sim, você não leu errado, o Pai Terra é um personagem em “A Terra Partida”.
O mundo criado por N. K. Jemisin é outro elemento de destaque em “A Terra Partida”, onde cada região possui sua própria geologia, etnia e cultura. A autora faz questão de diferenciar os locais existentes nesse mundo, seja pela topografia, seja pelas características das pessoas que vivem ali, mostrando uma Quietude e um Pai Terra multifacetado.
N. K. Jemisin consegue mostrar tudo o que falei acima e muito mais, em apenas 1500 páginas divididas em três volumes, o que posso dizer que é pouco para séries literárias de fantasias. A autora é econômica e direta, não existindo “barrigas”, e mesmo assim ela conseguiu iniciar, desenvolver e encerrar todas as tramas de forma cativante e impressionante.
A história de “A Terra Partida” é contada em uma crescente constante, onde cada volume da série é melhor e maior que o antecessor. Devo admitir que fiquei com muito receio quando terminei de ler “O Portão do Obelisco”, pois pensei: “Como que o último livro pode ser melhor que esse?”. Mas N. K. Jemisin conseguiu, e aqui vejo como sua escrita é genial, pois ela dosa muito bem a capacidade de criar a expectativa no leitor. Os mistérios, que são muitos nessa trilogia (comedores de pedra, guardiões, Pai Terra, Syl Anagist, etc.) são apresentados de forma homeopática e solucionados aos poucos.
A capacidade de ser econômica e direta em seus livros, juntamente com essa dosagem de ir revelando a história aos poucos e nos momentos certos, tornam a leitura de “A Terra Partida”, ágil e cativante. Ansiedade e fascínio é o que N. K. Jemisin cria no leitor.
Percebeu que eu repeti várias vezes durante essa resenha, as palavras fascinante, cativante e espetacular? Porque tudo que disse acima, podem ser resumidas com essas três palavras. N. K. Jemisim e sua “Terra Partida” são FASCINANTES, CATIVANTES e ESPETACULARES.
Tenho uma lista particular de minhas melhores leituras de fantasia de todos os tempos que inclui Stephen King e “A Torre Negra”, Robert Jordan e “A Roda do Tempo”, Joe Abercrombie e “A Primeira Lei” e Peter V. Brett e “O Ciclo das Trevas”. E agora incluo a Mestra Jemisin e “A Terra Partida”.
Torço para que a editora Morro Branco traga todos os demais livros da escritora para o Brasil e em especial “Inheritance Trilogy”, pois “A Terra Partida” da Mestra Jemisin é a mais original e a melhor série ficção especulativa da atualidade.
VALE MUITO A PENA ler “A Terra Partida”!
![]() | Ficha Técnica: Título Original: The Fifth Season Título no Brasil: A Quinta Estação Autora: N. K. Jemisin Tradutora: Aline Storto Pereira Capa: Comum Número de páginas: 560 Editora: Morro Branco Idioma: Português |
SINOPSE: Três coisas terríveis acontecem em um único dia: Essun volta para casa e descobre que seu marido assassinou brutalmente o próprio filho e sequestrou sua filha. Sanze, o poderoso império cujas inovações têm sido o fundamento da civilização por mais de mil anos, colapsa frente à destruição de sua maior cidade pelas mãos de um homem louco e vingativo. E, no coração do único continente, uma grande fenda vermelha foi aberta e expele cinzas capazes de escurecer o céu e apagar o sol por anos. Ou séculos. Mas esta é a Quietude, lugar há muito acostumado à catástrofe, onde os orogenes - aqueles que empunham o poder da terra como uma arma - são mais temidos do que a longa e fria noite. E onde não há compaixão. | |
![]() | Ficha Técnica: Título Original: The Obelisk Gate Título no Brasil: O Portão do Obelisco Autora: N. K. Jemisin Tradutora: Aline Storto Pereira Capa: Comum Número de páginas: 528 Editora: Morro Branco Idioma: Português |
SINOPSE: O fim se torna mais escuro enquanto a civilização desvanece na noite longa e fria. Alabaster Dez Anéis – louco, destruidor, salvador – voltou com uma missão: treinar sua sucessora, Essun, e com isso selar o destino da Quietude para sempre. A história continua com uma filha perdida – encontrada pelo inimigo – cujas escolhas poderão partir o mundo. Continua com os obeliscos e mistérios antigos que finalmente convergem em respostas. A Quietude é a muralha que se impõe contra os fluxos da tradição, a centelha de esperança há muito enterrada sobre a crescente camada de cinzas. E ela não será quebrada. | |
![]() | Ficha Técnica: Título Original: The Stone Sky Título no Brasil: O Céu de Pedra Autora: N. K. Jemisin Tradutora: Aline Storto Pereira Capa: Comum Número de páginas: 512 Editora: Morro Branco Idioma: Português |
SINOPSE: A Lua em breve retornará. Se isso irá trazer a destruição da humanidade ou algo ainda pior dependerá de duas mulheres. Essun herdou o poder de Alabaster Tenring. E com ele, tem a esperança de encontrar sua filha Nassun e estabelecer um mundo no qual toda criança orogene possa crescer em segurança. Para Nassun, o domínio de sua mãe sobre o Portão do Obelisco vem tarde demais. Ela foi testemunha da perversão do mundo e aceitou o que sua mãe não quer admitir: às vezes o que é corrupto já não pode ser purificado, apenas destruído. |