SINOPSE: Haddonfield, Illinois. Na noite de Halloween, em 1963, um menino de seis anos, Michael Myers, vestido em um traje de palhaço assassina sua irmã mais velha após esfaqueá-la com uma faca de cozinha. Quinze anos depois, Michael Myers, 21 anos, foge do hospital psiquiátrico, volta para casa, e persegue Laurie Strode e seus amigos. O psiquiatra de Michael, Dr. Sam Loomis, suspeita das intenções dele e segue-o para Haddonfield para tentar impedi-lo de matar.

Em 1974, estreava “O Massacre da Serra Elétrica” e o mundo era apresentado a Leatherface, o gigante assassino que usava uma serra elétrica para esquartejar suas vítimas, e escondia seu rosto atrás de uma máscara feita do rosto de algum infeliz que cruzou seu caminho. Nascia nesse momento o “Slasher”.

Slasher é um subgênero de filmes de terror que quase sempre envolve assassinos em série que matam pelos mais variados motivos. A principal característica desse tipo de produção cinematográfica é que o serial killer utiliza uma máscara. Na lista dos slashers mais famosos do cinema, temos Leatherface, Jason Voorhees de “Sexta-Feira 13”, Freddy Krueger de “A Hora do Pesadelo”, Ghostface de “Pânico”, e o meu preferido: Michael Myers de “Halloween”.

“Halloween” é uma criação do diretor John Carpenter, que ao contrário do que se via nas telonas, que eram filmes com muito sangue e violência gratuita, buscava um longa-metragem que tivesse mais horror e menos terror. Essa é uma característica interessante em “Halloween”, pois John Carpenter criava um clima de expectativa e tensão nos espectadores, ao mostrar Michael Myers parado, meio escondido, observando as pessoas. Quando Michael Myers iria atacar? Quem ele iria atacar?

Michael Myers. Se “Halloween” é esse ícone do cinema de terror, tudo se deve ao Boogeyman, o Bicho-Papão criado por John Carpenter.

John Carpenter sempre quis deixar subjetivas as origens e motivações de Michael Myers. No filme de 1978, a cena inicial é justamente a de Michael Myers, de seis anos,  sendo encontrado pelos pais logo após ter matado sua irmã mais velha. O longa-metragem não explica o porquê de Myers cometer tal ato ou por que fugir do hospital psiquiátrico, após quinze anos em total silêncio, somente para matar Laurie Strode (Jamie Lee Curtis). Dr. Samuel Loomis (Donald Pleasence), o psiquiatra responsável por tratar Michael Myers, chega à conclusão de que ele é simplesmente o Mal, em um monólogo icônico. Mas “Halloween” deixa para os espectadores tirarem suas conclusões.

Mas com certeza, o mais marcante em Michael Myers é sua aparência. A sensação de que Myers não sente nada é transmitida de forma intensa, graças a máscara branca inexpressiva que ele usa. Essa sensação se torna mais palpável quando as câmeras focam seus olhos, que não são possíveis de enxergar, só vislumbrando dois poços negros que não deixam transparecer nenhuma emoção. Associe sua aparência, ao seu caminhar calmo e sua respiração tranquila e controlada, e temos uma máquina de matar que simplesmente mata, que não demonstra raiva, rancor, tristeza, compaixão.

Mas se Michael Myers é um fator imprescindível ao filme, o que dizer da trilha sonora? John Carpenter a compôs utilizando a rara marcação de tempo 5/4, que ele aprendeu quando criança com seu pai. Carpenter compôs a música em 4 dias. A música é tão icônica que ela foi considerada parte da cultura popular estadunidense e uma das mais tocadas no Dia das Bruxas.

O filme que custou US$300 mil, faturou US$70 milhões na época, se tornado o filme independente mais rentável da história. Título que ficou com “Halloween” até 1999, quando apareceu um certo “A Bruxa de Blair”.

Curiosidades
  • A história de origem de Michael Myers é baseada em um fato real. A inspiração de John Carpenter para a criação do personagem, veio durante uma viagem de estudo que fez a uma instituição de saúde mental no Kentucky. Lá Carpenter conheceu uma criança que estava se tratando, com olhos negros e inexpressivos, e lhe passou a sensação de “mal”.
  • Por ser um filme da baixo orçamento, a máscara comprada para esconder a face do Michael Myers  foi a mais genérica e barata possível (custou na época, algo em torno de US$2). É a mesma usada por William Shatner, em The Devil’s Rain (1975), mas pintada de branco.
  • O nome Michael Myers, surgiu devido a uma homenagem que John Carpenter queria fazer ao distribuidor europeu do seu filme, Assalto à 13ª DP (1976).
  • No filme de 1978, Michael Myers matou 5 pessoas (sua irmã Judith, o motorista de caminhão, Lynda, Annie e Bob) e um cachorro neste filme) e um cachorro. Fato que vira piada na sequência canônica de 2018.
  • O título original do filme seria “The Babysitter Murders” (“Os Assassinatos das Babás”), mas foi alterado para “Halloween” para ser mais apelativo à época que seria lançado: 25 de outubro de 1978, próximo ao Dia das Bruxas.
  • A atriz Jamie Lee Curtis apenas foi escalada para o filme por causa da publicidade em torno de seu nome, já que ela é filha de Janet Leigh, que atuou em “Psicose”.
  • O personagem de Donald Pleasence, Dr. Samuel Loomis, foi inspirado em outro de mesmo nome do filme “Psicose”, Dr. Sam Loomis.
Sequências e reboots

Como todo filme Slasher, “Halloween” teve inúmeras sequências e até mesmo reboots. Abaixo vamos comentar rapidamente sobre cada uma dessas produções cinematográficas.

Halloween 2 – O Pesadelo Continua! (1981)

SINOPSE: Depois de falhar na tentativa de assassinar Laurie e levar seis tiros do ex-psiquiatra Sam Loomis, Michael Myers segue-a até o hospital, onde ela foi internada após a tentativa de assassinato. Na busca de terminar o que começou, Myers começa uma matança no hospital, a procura de Laurie.

Boa sequência produzida em 1981 por John Carpenter. Mantém o ritmo narrativo e tom tenso do original de 1978, e deveria ser o desfecho das histórias de Michael Myers, DR. Loomis e Laurie Strode.

 

Halloween III – A Noite das Bruxas (1983)

SINOPSE: Um médico investiga as mortes violentas de pacientes em seu hospital e descobre o responsável pelas atrocidades: um maníaco, criador de máscaras de bruxas, decidido a espalhar o terror pelo país.

A franquia “Halloween” foi pensada para ser uma antologia, contando várias histórias relacionadas ao Dia das Bruxas. Essa ideia seria totalmente rejeitada, pois o filme não foi bem recebido por público e crítica. Disparado, o pior da franquia.

 

Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers (1988)

SINOPSE: Michael Myers, que parecia estar catatônico, foge do Hospital de Segurança Máxima Ridgemont, ao descobrir que tem uma sobrinha. A garota, que tem uma nova família, tem pesadelos com o tio, que quer matá-la.

A produção desse filme (que não contava com John Carpenter), resolve trazer Michael Myers de volta, já que o público já associava o assassino à franquia. Aqui a imagem de Myers começaria a ser associada ao algo sobrenatural, uma vez que em “Halloween 2”, ele é alvejado nos olhos e é queimado vivo, mas de alguma forma sobrevive.

 

Halloween 5 – A Vingança de Michael Myers (1989)

SINOPSE: A jovem Jamie perde a fala e desenvolve uma ligação telepática com Michael Myers. O engenhoso Dr. Sam Loomis percebe isso, e planeja usá-la para finalmente pôr fim à fúria do assassino.

Um ano se passa desde os  acontecimentos de “Halloween 4”, e Michael Myers se recupera de um tiroteio intenso contra ele. Se intensificava o conceito de Myers ser um ser sobrenatural.

 

Halloween 6 – A Última Vingança (1995)

SINOPSE: O final de “Halloween 5”, mostra Jamie sendo sequestrada por um homem encapuzado e vestido de preto. Há um salto temporal de seis anos e vemos Jamie grávida e envolvida com uma antiga seita que quer continuar perpetuando o mal.

Nesse filme, Michael Myers mata por estar envolvido com uma maldição celta. Ou seja, todos seus atos são obras de um “Mal” que o possui. Não preciso falar mais nada né.

https://www.youtube.com/watch?v=B9ykrGeWFtc

 

Halloween H20 (1998)

SINOPSE: Duas décadas depois de sobreviver a um massacre, Laurie ainda é alvo de Michael Myers. Ela agora mora na Califórnia sob uma identidade falsa, mas Myers descobre seu paradeiro. Outro Halloween se aproxima, e Laurie sabe que corre perigo.

Filme lançado para comemorar os 20 anos da franquia. E apesar de ignorar completamente o sexto longa-metragem, e trazer de volta Jamie Lee Curtis, o estrago já estava feito, e “Halloween” começava a amargar o legado ruim por sequências ruins.

 

Halloween – Ressurreição (2002)

SINOPSE: Participantes de um programa de televisão são levados para passar a noite na casa onde viveu um famoso Michael Myers. O que eles não sabem é que ele está de volta e disposto a não deixar ninguém sair com vida do local.

Nada que está ruim, que não possa piorar, não é verdade? Querendo reinventar a franquia, esse filme quis atrair o público utilizando o conceito de reality show (febre na época) e dando uma explicação para a maldade de Myers. Ruim? Ruim é pouco.

Halloween – O Início (2007)

SINOPSE: Michael Myers foge do manicômio onde foi internado depois de matar parte de sua família. Dezesseis anos depois, volta à sua cidade, ainda mais cruel e com mais vontade de matar. Seu alvo agora é um grupo de adolescentes.

A Dimension Filmes, detentora dos direitos de “Halloween”, resolve repaginar toda a franquia e contrata o diretor Rob Zombie para isso. Um filme que dividiu opiniões, pois a tensão é deixada de lado para focar na violência gráfica, especialidade de Rob Zombie. Apresenta uma história consistente, e traz Tyler Mane para fazer o papel de Michael Myers, a melhor coisa do filme.

 

Halloween 2 (2009)

SINOPSE: Um ano depois de escapar da morte nas mãos de Michael Myers, Laurie Strode está no seu limite depois da revelação do Dr. Loomis de que ela é irmã de Michael. Mal sabe ela que o assassino está de volta em Haddonfield e, com visões da mãe morta planeja uma sangrenta reunião em família.

Enredo confuso e um excesso de Sheri Moon Zombie. A atriz, esposa do diretor ROB Zombie, aparece demais e com uma história enrolada e bem difícil de gostar. Outra coisa que desagrada bastante é a icônica máscara ter sido colocada de lado boa parte do filme. Tyler Mane, com seus 2,03 m e 134 kg, é o que salva o filme. Na minha opinião, o melhor Michael Myers de todos.

 

Halloween (2018)

SINOPSE: Quatro década depois de escapar do ataque de Michael Myers em uma noite de Halloween, Laurie Strode precisa confrontar o assassino mascarado mais uma vez após ele escapar de uma instituição. Mas, agora Laurie está preparada.

John Carpenter volta e acaba com a bagunça feita na franquia. Sua primeira decisão é ignorar todos os filmes a partir de “Halloween 2 – O Pesadelo Continua!” de 1981. Cânone somente o original de 1978 e esse de 2018. Esse longa-metragem resgata todos os conceitos do primeiro filme, e nos apresenta um Michael Myers assustador novamente, e digo que “Halloween” de 2018, é o MELHOR filme de toda a franquia.

E o futuro?

Com o sucesso de crítica e uma bilheteria de US$254 milhões (orçamente de US$10 milhões), que tornaram “Halloween” de 2018, o filme Slasher mais rentável de todos os tempos, duas novas sequências foram encomendadas: “Halloween Kills” que será lançada em 16 de outubro de 2020, e “Halloween Ends” que chega aos cinemas em 15 de outubro de 2021.

John Carpenter e Jamie Lee Cutis, retornam juntamente com o diretor David Gordon Green. Esses dois novos filmes, prometem encerrar o arco narrativo de Laurie Strode e Michael Myers, de forma que a franquia merece. Pelo que foi feito em “Halloween” 2018, podemos esperar coisa boa por aí.

Veredicto

“Halloween” de 1978, não foi o primeiro filme Slasher do cinema, mas foi o que definiu os parâmetros para se fazer uma produção cinematográfica desse subgênero do terror. Impossível não colocar “Halloween” de 1978 como um dos filmes mais icônicos do cinema de terror, ao lado de “O Exorcista” e “A Bruxa de Blair”.

Ficha Técnica:

Título Original: Halloween

Título no Brasil: Halloween – A Noite do Terror

Gênero: Terror / Suspense

Duração: 91 minutos

Direção: John Carpenter

Produção: Debra Hill, John Carpenter, Kool Lusby, Irwin Yablans, Moustapha Akkad

Roteiro: Debra Hill, John Carpenter

Elenco: Jamie Lee Curtis, Donald Pleasence, Charles Cyphers, Nancy Kyles, P. J. Soles, Kyle Richards, Brian Andrews

Companhias produtoras: Nenhuma

Distribuição: Compass International Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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