Especial de Terror: Séries

SINOPSE: A série mostra alguns dos personagens mais famosos e assustadores da literatura de terror como o Dr. Victor Frankenstein, Drácula e Dorian Gray, além de trazer também seres místicos como lobisomens e bruxas, vivendo nos cantos obscuros de Londres Vitoriana. E no meio desse caldeirão de criaturas clássicas do terror, temos Vanessa Ives (Eva Green), uma mulher desejada por forças primordiais do mal. Um thriller psicológico que mescla histórias de terror clássicas e histórias originais em um drama inteiramente novo.

Penny Dreadfuls eram publicações de ficção e terror vendidas na Inglaterra do século XIX. Esses livros curtos e ilustrados custavam centavos(penny em inglês), e possuíam um conteúdo sinistro (dreadful em inglês), pois a maioria das histórias continham crimes, assassinatos, perseguições, torturas ou envenenamentos, e seus protagonistas quase sempre eram detetives, criminosos e até entidades de outros mundos.

Então a escolha do nome da série não poderia ser a mais acertada, isso porque “Penny Dreadful” consegue recriar e transmitir com perfeição todos os elementos desses livretos.

Os produtores John Logan e Sam Mendes, queriam apresentar uma história que revivesse o horror gótico do século XIX. E para dar esse tom mais sombrio da forma mais realista possível, três fatores foram imprescindíveis: as locações de filmagens, o figurino e a fotografia.

Para reviver a Londres Vitoriana, as filmagens ocorreram em Dublin, na Irlanda, por possuir uma arquitetura bem semelhante à capital inglesa do século XIX. O figurino recria com um detalhismo incrível o vestuário utilizado na época, com cada personagem tendo características próprias em suas roupas. A fotografia de “Penny Dreadful”, com composições de cenas de visual cinza, pouca iluminação e cores escuras, criam com perfeição o tom sombrio proposto pela série. O resultado somado desses três fatores é a total imersão na história, criando uma experiência única e verossímil ao espectador.

Outro fator que contribui muito para que o espectador seja inserido nesse clima sombrio de “Penny Dreadful”, é a trilha sonora. A abertura da série (vídeo abaixo), é o cartão de visitas para o que ouviremos na série. Durante a trama, podemos perceber a sincronia das músicas ao transitar entre cenas de tensão e de tristeza com naturalidade. Esse espetáculo sonoro rendeu duas indicações ao Emmy: melhor composição musical para uma série e melhor tema de abertura original.

A maquiagem de “Penny Dreadful” é espetacular, e tem como objetivo causar horror em quem está assistindo. Os vampiros possuem um físico esguio, olhos vermelhos e dentes afiados, enquanto as necromantes são carecas e com o corpo cheio de cicatrizes (sendo os seres mais assustadores da série). Mas o Monstro de Frankenstein é um show à parte, fazendo uma alusão ao visual clássico, mas ao mesmo tempo repaginando a aparência da criatura.

Escrito por John Logan (roteirista de filmes como “Gladiador”, “O Aviador” e “Hugo”), o roteiro é muito bem trabalhado. Seu texto possui muito lirismo, com o objetivo de recriar a forma de falar da época Vitoriana, mas a história é repassada de forma simples e fluida. Mas o ponto forte de seu roteiro é a capacidade de demonstrar as emoções dos personagens. As aflições deles são transmitidas com clareza, nos fazendo perceber que são seres humanos, com vários defeitos e dúvidas morais.

Um fator vale ser destacado acima dos demais, que é o elenco de “Penny Dreadful”. O elenco principal é formado por Timothy Dalton (Sir Malcolm Murray), Josh Hartnett (Ethan Chandler), Harry Treadaway (Dr. Victor Frankestein), Reeve Carney (Dorian Gray) e Billie Piper (Brona Croft) e Rory Kinnear (Monstro de Frankenstein). Todos eles estão ótimos e é visível ver o comprometimento com a história.

Mas é Eva Green que merece destaque, acima de tudo e de todos que de alguma forma contribuíram para dar vida à série. Sua atuação carregada de melancolia e tristeza, rouba todas as cenas. A atriz consegue dar todas as camadas necessárias que sua personagem precisa. “Vanessa Ives” é a alma da série, graças a Eva Green, que fez o papel de sua vida. Fazendo um comparativo, se “24 Horas” sem Jack Bauer, não é “24 Horas”; “Penny Dreadful” sem Vanessa Ives, não é “Penny Dreadful”. Abaixo duas cenas que selecionei como as melhores de Eva Green na série, e que mostram um pouco, o quanto sua atuação foi fenomenal.

E o futuro?

“Penny Dreadful” foi cancelada em 2016, após três temporadas. Mas a força narrativa que a série possui, e o apelo dos fãs que ficaram tristes com o encerramento da produção televisiva, fizeram com que o canal Showtime anunciasse em 2018, um spin-off da série, chamado de “Penny Dreadful: City of Angels”, que será ambientado em Los Angeles, no ano 1938, quando a cidade era repleta da influência da cultura mexicana e tensão social entre grupos. Com uma nova trama e personagens, o programa combinará história e o sobrenatural ao acompanhar seguidores da Santa Muerte, um culto mexicano que idolatra a Morte e está ativo até hoje.

Rory Kinner, que participou da série original, já confirmou seu retorno ao spin-off. Os fãs estão teorizando que Josh Hartnett (Ethan Chandler) e Christian Camargo (Drácula) podem retornar, já que seus personagens deixaram assuntos inacabados ao final da terceira temporada de “Penny Dreadful”.

O grande ponto de interrogação é: Eva Green retornará? Até o momento nada foi noticiado sobre a possibilidade de seu volta. E se a atriz não voltar, o spin-off conseguirá repetir o sucesso sem essa peça fundamental?

Essa e outras perguntas serão respondidas provavelmente em 2020.

Veredicto

“Penny Dreadful” é perfeita no quesito técnico. Fotografia, roteiro, figurino, atuação, direção, maquiagem. Esses e outros elementos de produção foram explorados de forma a alcançar a eficiência.

Minha admiração por “Penny Dreadful” não é somente pela questão técnica, mas principalmente por trazer personagens clássicos do terror em uma história completamente original, assustadora e fascinante.

“Penny Dreadful” é a MELHOR SÉRIE DE TERROR JÁ FEITA!