“Livros São Um Mundo Com Mundos Dentro”

SINOPSE: Em uma noite extremamente fria em Estocolmo, um homem aparece sozinho e desnorteado em uma ponte. Quando ele é encontrado, a hipotermia já toma conta de seu corpo. Ao ser levado para um hospital, descobre-se que há sete anos ele foi declarado morto. Seu assassinato foi creditado ao serial killer Jurek Walter, que foi preso há alguns anos pelo detetive Joona Linna e sentenciado a prisão perpétua em uma ala psiquiátrica. Enquanto investiga o aparecimento desse homem e tenta entender onde ele esteve durante os últimos sete anos, evidências desconhecidas começam a aparecer e influenciar o caso que já estava arquivado. Com capítulos curtos e ritmo alucinante, O homem de areia é um thriller envolvente sobre os limites da maldade.

Quem não gosta de uma boa história policial? Independentemente se ela for mais sofisticada como as escritas por Agatha Christie, ou mais sangrentas como as de Thomas Harris e Donato Carrisi, sempre teremos leitores e consumidores de outras mídias que se interessam por esse tipo de história.

Nos últimos anos, uma região geográfica em especial, se tornou o celeiro da ficção policial. É claro que estou falando dos países nórdicos. Sejam eles noruegueses, dinamarqueses, finlandeses, islandeses ou suecos; esses autores conquistaram não só o Brasil, mas todo o planeta.

Talvez os maiores expoentes desse verdadeiro exército de autores nórdicos, sejam Jo Nesbo com sua série de livros protagonizados pelo detetive Harry Hole (sendo “Boneco de Neve”, o mais famoso) e Stieg Larsson, com sua série Millennium.

E como não conquistar os leitores sendo que o cenário para os crimes fictícios não poderia ser o mais apropriado: regiões isoladas pela neve, a escuridão do inverno quase que constante. Acrescente a esse cenário, verdadeiros monstros humanos, capazes de atos e violências impensáveis (não para esses autores, claro), que muitas vezes não devem em nada aos crimes praticados pelo eterno e único Hannibal Lecter, e temos uma receita de sucesso.

“O Homem de Areia” é minha terceira obra literária originada dessa região tão prolífica em ficção policial. Minhas experiências anteriores foram com o badalado “Boneco de Neve” e depois, com “A Garota Corvo”. Inteligentes, interessantes e bem escritos; terminei essas leituras com um gostinho de que faltava alguma coisa, mesmo que não faltasse. O motivo desse sentimento? Achei ambos os livros muito lineares, ou seja, o ritmo era sempre o mesmo, não havendo reviravoltas que me fizessem sentir como em uma montanha-russa (que acho tão importante em uma história, ainda mais nesse gênero).

“O Homem de Areia” possui esse mesmo ritmo linear, na minha opinião. Mesmo quando os autores Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril (Lars Kepler é um pseudônimo), vão inserindo novos elementos e elucidando a intricada trama, não senti aquela sensação de “Puta que pariu, não acredito. Foda demais”. A maior diferença entre “O Homem de Areia” e os outros livros nórdicos de ficção policial que li, são os capítulos curtos, que dão uma à leitura um ritmo ágil e envolvente.

Em “O Homem de Areia”, os autores Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndori constroem uma trama inteligente e cativante, cheia de becos sem saídas e elementos que surgem aos montes, que se ligarão no final, de forma convincente e perspicaz. Outro fator positivo são os personagens bem construídos que conduzem sagazmente a história. Destaque para Joona Linna e Saga Bauer, protagonistas desse livro.

Mas é claro que o serial killer é a estrela maior de “O Homem de Areia”. Jurek Walter é calmo, charmoso, inteligente e letal (lembrou alguém?). Os crimes cometidos por ele são brutais e o surgimento de uma de suas vítimas 13 anos após sua prisão, levantam duas questões: como Jurek pode estar cometendo essas atrocidades, e quais são os limites da maldade humana?

O desfecho de “O Homem de Areia” é meio clichê, mas aceitável, pois deixa um certo gostinho amargo na boca do leitor, afinal não existe vitória completa quando estamos lidando com pessoas que são personificações do mal.

“O Homem de Areia” é o quarto livro dos autores Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndori que tem como protagonista Joona Linna. Lançados atualmente no Brasil pela editora Alfaguara (anteriormente publicados pela Intrínseca), não há necessidade de ler as histórias anteriores, pois esse livro funciona muito bem como uma história de início para nosso herói.

Como toda obra de ficção policial nórdica, “O Homem de Areia” é inteligente, bem escrito, com ótimos personagens e um vilão e atrocidades capazes de gelar seu sangue. Mas por possuir capítulos curtos que tornam a leitura eletrizante, a minha experiência literária foi muito mais gratificante que com “Boneco de Neve” e “A Garota Corvo”.

“O Homem de Areia” é um thriller de ritmo alucinante, e que VALE MUITO A PENA ser lido.

              

Ficha Técnica:

Título Original: Sandmannen

Título: O Homem de Areia

Autor: Lars Kepler

Tradutor: Guilherme Miranda

Capa: Comum

Número de páginas: 462

Editora: Alfaguara

Idioma: Português
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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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