SINOPSE: Na primavera de 1989, cinco garotos negros são injustamente presos, interrogados e coagidos a confessar um ataque desumano a uma mulher no Central Park.

A história ao redor do mundo, está recheado de casos onde pessoas são presas sem terem cometido o crime pelo qual são acusados. E esses casos, quase sempre são transformados em produções televisivas ou cinematográficas.

A diretora Ava DuVernay e a Netflix trazem “Olhos Que Condenam”, uma história contundente e chocante, que mostra um dos mais polêmicos casos de erro judiciário da história dos EUA

O primeiro ponto positivo da minissérie são as atuações. Os atores que interpretam tanto as versões adolescentes, como as adultas de Kevin Richardson, Antron McCray, Yusef Salaam, Korey Wise e Raymond Santana, estão fantásticos. Com um laboratório que envolveu conversar e conhecer a fundo “Os 5 do Central Park” (como ficaram conhecidos na época), existe uma profundidade nas atuações, que fazem com nossa imersão na história seja completa.

Destaque para Jharrel Jerome, que interpretou tanto a versão adolescente como a versão adulta de Korey Wise. Atuação que lhe rendeu o Emmy de Melhor Ator em Minissérie Dramática de 2019. Mas quem realmente me chamou a atenção foi o jovem ator Caleel Harris, que deu vida ao jovem Antron McCray. As cenas mais fortes de “Olhos Que Condeam” partem dele, principalmente quando ele atua ao lado de Michael K. Williams, que deu vida ao pai de Antron.

Com atuações impactantes e um roteiro bem escrito, “Olhos que Condenam” é um verdadeiro soco no estômago. Os dois primeiros episódios são difíceis de digerir. É impossível não se revoltar com Linda Fairstein (Felicity Huffman), supervisora do departamento de crimes violentos contra mulheres e crianças da polícia de Nova York. A forma como ela e sua equipe trabalham para arrancar as confissões dos 5 adolescentes é algo assustador.

“Olhos que Condenam” mostra que a Justiça pode ser totalmente direcionada quando existem interesses políticos envolvidos. Baseado somente em confissões forjadas, a promotoria, a Côrte e a polícia, manipulam acontecimentos e escondem provas, com o único objetivo de incriminar os 5 adolescentes.

Mesmo que saibamos qual será o veredicto do julgamento de Kevin, Antron, Yusef, Korey e Raymond, quando eles são considerados culpados, o sentimento de revolta, tristeza e perplexidade é instantâneo. Admito que nesse ponto da minissérie, chorei como resultado de toda a tensão e indignação que “Olhos que Condenam” constrói até esse anticlímax.

Mas “Olhos Que Condenam” possui um problema em seu ritmo narrativo. A minissérie em seu terceiro episódio mostra Kevin, Antron, Yusef e Raymond tendo que lidar com a vida pós-encarceramento. A minissérie mostra com perfeição todos os obstáculos que um ex-detento precisa superar, além de conviver com a alcunha de “monstro” pelo crime cometido no Central Park, o qual não cometeram.

Apesar de necessário, o terceiro capítulo perde muito da carga dramática quando comparado com os dois primeiros episódios. E essa quebra narrativa se torna mais evidente, quando assistimos ao episódio final, que mostra como foi a vida de Korey Wise no seu período de clausura (de todos os adolescentes, Korey foi o único que foi direto para o presídio, com apenas 16 anos, sem passar pelo reformatório como os demais adolescentes).

Outras obras também expõe o preconceito com os menos favorecidos e as falhas do sistema judiciário, como a excelente “The Night Of” (que narra uma história fictícia), mas “Olhos Que Condenam” possui uma carga dramática que visa deixar o espectador desconfortável. E esse objetivo é alcançado em quase a totalidade da minissérie.

Mais que uma história sobre preconceito, “Olhos Que Condenam” mostra como a Justiça é totalmente manipulável, quando existem outros interesses que não seja a verdade.

“Olhos Que Condenam” é muito boa!

https://www.youtube.com/watch?v=InMokMK3ji4

 

Ficha Técnica:

Título Original: When They See Us

Título no Brasil: Olhos Que Condenam

Gênero: Drama

Número de temporadas: 1

Número de episódios: 4

Direção: Ava DuVernay

Produção: Amy J. Kaufman, Ava DuVernay, Christiana Hooks, Jane Rosenthal, Jeff Skoll, Jonathan King, Oprah Winfrey

Elenco: Adepero Oduye, Ariel Shafir, Asante Blackk, Aunjanue Ellis, Aurora Perrineau, Blair Underwood, Caleel Harris, Chris Chalk, Ethan Herisse, Famke Janssen, Felicity Huffman, Jasmin Walker, Jharrel Jerome, Jimmy Gary Jr., John Leguizamo, Joshua Jackson, Jovan Adepo, Kate Easton, Kylie Bunbury, Mark Borkowski, Marquis Rodriguez, Marsha Stephanie Blake, Michael K. Williams, Niecy Nash, Reginald L. Barnes, Storm Reid, Vera Farmiga, William Sadler

Companhia(s) produtora(s): Participant Media, LLC, Harpo Studios, Tribeca Productions

Transmissão: Netflix

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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