SINOPSE: Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante

O Coringa, o arquirrival do Batman, é considerado por muitos o maior vilão das HQs. Nos cinemas o Palhaço do Crime já foi interpretado pelos excelentes Jack Nicholson e Heath Ledger (desconsidero totalmente a péssima interpretação de Jared Leto). E na série “Gotham”, tivemos a ótima atuação de Cameron Monaghan.

Sendo assim, criou-se um misto de ansiedade e apreensão quando foi anunciado que teríamos um filme sólo do Coringa, e que Joaquim Phoenix seria o ator escolhido para viver o protagonista.

Joaquim Phoenix é um “ator do método”, que é uma técnica segundo a qual o ator deve procurar reproduzir em si mesmo os sentimentos e emoções de seus personagens. E isso fica evidente em sua atuação. A extrema magreza, a forma de andar e falar, as mudanças constantes de humor, são alguns dos elementos que o ator utilizou para dar vida ao Coringa.

O ator chegou a estudar e conversar com pessoas que possuem a Síndrome de Angelman, que causa um ataque incontrolável de risos, para criar a sua risada do Palhaço do Crime. O resultado desse “método”, é um Arthur Fleck com sérios problemas psicológicos e sociais. A interpretação do ator é incrível e intensa, cheia de nuances, que dão um realismo assustador para seu personagem perturbado. E sua atuação, justifica os comentários da crítica especializada de que o ator deverá ser indicado ao Oscar. E caso essa Indicação merecida aconteça, Joaquim Phoenix será um candidato forte a levar a estatueta de melhor ator.

Todd Phillips, através de sua direção e roteiro, conduz o filme de forma segura e extremamente competente. O diretor sabe a mensagem que quer passar para os espectadores. Arthur Fleck, possuidor de graves problemas psicológicos, é relegado ao descaso da sociedade, ao ostracismo e a humilhação constante. E essa combinação de fatores inerentes ao personagem com o ambiente em que está inserido, resulta na transformação em Coringa.

“Se fosse eu deitado na calçada, vocês simplesmente passariam por cima” (Artur Fleck – Coringa).

A fotografia e a trilha sonora são muito bem conduzidas, de forma a criar em conjunto com a direção, o roteiro e Joaquim Phoenix; um filme perturbador da primeira a penúltima cena.

Mas “Coringa” possui uma pequena falha, que é a cena final, mais precisamente quando Arthur Fleck, agora transmutado em Coringa, está preso no Asilo Arkham. Na minha opinião, se tivesse acabado com o Coringa, carregado pelos seus seguidores e em pé no capô do táxi, seria um desfecho mais condizente com tudo que vi ao longo do filme. Mas esse pequeno detalhe não desmerece em nada toda a obra cinematográfica.

Joaquim Phoenix ou Heath Ledger? Com certeza essa pergunta deve estar sendo feita por todos que assistiram a “Coringa”. Como nas HQs que dão ao Coringa várias versões e várias origens, Joaquim Phoenix nos traz uma nova história de origem, diferente do que vimos até hoje.

Em termos de atuação e entrega ao personagem, Heath Ledger e Joaquim Phoenix se equiparam de forma magistral.

Heath Ledger foi o maior responsável pelo sucesso de “Batman: Cavaleiro das Trevas”. Sua atuação é tão impactante, que lhe rendeu um Oscar Póstumo. O seu Coringa é um maníaco que deseja a desordem pela pura desordem, sejam quais forem seus motivos e problemas que o levaram a ser assim. Joaquim Phoenix nos traz um Arthur Fleck perturbado e vítima da sociedade, que se transforma ao final do filme no Palhaço do Crime. O realismo de sua atuação nos faz pensar, que esse tipo de sociopata anda entre nós.

Mas eu fico com o Coringa de Heath Ledger, pois essa versão do Palhaço do Crime que não lembra da própria origem, e que se intitula um agente do caos, me atrai mais.

“Coringa” desde que foi anunciado, passou de uma incógnita para um dos filmes mais esperados de 2019, cercado das mais altas expectativas. E ao terminar de ver o filme, digo que essas expectativas foram atendidas e superadas. A produção cinematográfica já está colhendo frutos desse sucesso, ganhando o Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Veneza desse ano. Com uma bilheteria até o momento de US$ 1,060 bilhão,  “Coringa” se tornou a maior bilheteria de uma produção para maiores de 18 anos, e já é a terceira maior bilheteria da DC Comics, atrás somente de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (US$1,081 bilhões) e “Aquaman” (US$1,15 bilhões).

O filme já está sendo assistido por alguns integrantes da Academia do Oscar, e apesar das opiniões divididas,  “Coringa” deve ser indicado às principais categorias da premiação. A Warner já começou a campanha para o Oscar 2020 liberando dois pôsteres. No total, o estúdio pretende estar em 17 categorias da cerimônia, que escolhe os melhores do cinema: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Ator (Joaquin Phoenix), Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Atriz Coadjuvante (Zazie Beetz e Frances Conroy), Elenco, Fotografia, Design de Produção, Edição, Figurino, Efeitos Visuais, Edição de Som, Mixagem de Som, Maquiagem e Cabelo, Trilha Sonora.

Perturbador e de difícil digestão da primeira a penúltima cena. E por entregar de forma visceral e realista essa proposta, “Coringa” é nosso destaque de outubro de 2019!

 

Ficha Técnica:

Título Original: Joker

Título no Brasil: Coringa

Gênero: Drama / Suspensa

Duração: 122 minutos

Direção: Todd Phillips

Produção: Todd Phillips, Bradley Cooper, Emma Tillinger Koskoff

Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver

Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Bill Camp, Frances Conroy, Brett Cullen

Companhia(s) produtora(s): Village Roadshow Pictures, DC Films, Sikelia Productions, Joint Effort Productions, Green Hat Films

Distribuição: Warner Bros. Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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