SINOPSE: O que teria acontecido com o mundo se as Forças Aliadas tivessem perdido a Segunda Guerra Mundial? Vinte anos após a derrota, o planeta agora está dividido entre a Alemanha Nazista e o Império do Japão, e os Estados Unidos pertence ao Grande Reich Nazista no leste, e os Estados Japoneses do Pacífico a oeste.

 Philip K. Dick, foi um escritor norte-americano que alterou profundamente o gênero de ficção científica, explorando temas políticos, filosóficos e sociais, autoritarismo, realidades alternativas e estados alterados de consciência. Ao todo, o autor produziu 44 livros e cerca de 121 contos, tendo muito dessas obras adaptadas para o cinema e para a televisão, como “Blade Runner”, “O Vingador do Futuro” e “Minority Report”.

Em 1962, Philip K. Dick ganhou o Prêmio Hugo de melhor livro com “O Homem do castelo Alto”, consagrando assim o autor com um dos expoentes da literatura de ficção científica. Em 2015, a Amazon lançava em sua plataforma de streaming “The Man in the High Castle”, série homônima baseada em sua obra mais aclamada.

Nesse cenário vamos acompanhar Juliana Crain (Alexa Davalos,) que vive em São Francisco, capital dos Estados Japoneses do Pacífico, e leva uma vida normal, até reencontrar sua irmã e lhe entregar um filme. Nesse filme, gravado pelo misterioso Homem do Castelo Alto (Stephen Root),  os Aliados venceram a Segunda Guerra Mundial. Após, esse encontro, Juliana passa a ser perseguida pelo Kempeitai, braço policial militar do Exército Imperial Japonês, comandado pelo Inspetor Kido (Joel de la Fuente). Enquanto isso na América Nazista, vamos ver a trajetória de ascensão de John Simth (Rufus Sewell) até a cúpula do poder do Reich Alemão.

Juliana Crain e John Smith são os protagonistas de “The Man In The High Castle”, pois todas as tramas acontecem direta ou indiretamente por causa de suas ações. Mas Juliana é uma protagonista fraca, apagada e sem o carisma necessário para ser a heroína. Já John Smith, que apesar de ser o vilão, e alguns momentos o anti-herói da série, demonstra um instinto de sobrevivência para consigo e sua família, além de uma inteligência capaz de transformar erros em oportunidades, derrotas em vitórias. Sua busca por manter sua família segura e ascender dentro do Reich Alemão (não necessariamente nessa ordem), é muito interessante. Enquanto a história de Juliana se mantém linear durante toda a série, a de John Smith vai em uma crescente.

Além dos protagonistas, vários outros personagens se destacam na série, entre eles o já citado Inspetor Kido, Joe Blake (Luke Kleintank), Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa), e Helen Smith (Chelah Horsdal).

A primeira temporada consegue de forma bastante fiel, adaptar a história do livro, trazendo o panorama em que os estadunidenses vivem em um país dividido entre as nações vencedoras da Segunda Guerra Mundial. A partir da segunda temporada, “The Man In The High Castle” começa a explorar mais profundamente os conceitos e ideias mostrados na obra literária homônima. E foi nesse ponto, que muitos críticos e espectadores reclamaram, dizendo que a série se tornou ficção científica demais. Mas Philp K. Dick é um autor de ficção científica!

Um dos conceitos abordados mais profundamente a partir da segunda temporada é a questão do multiverso. Os filmes que o Homem do castelo Alto possui, são gravações de outras realidades, onde os Aliados venceram a Segunda Guerra Mundial ou a Resistência está derrotando os nazistas e os japoneses. Entendo que a ideia de multiverso serve como forma de criar esperança no povo estadunidense, mas essa parte da trama ficou solta durante toda a série, só tendo uma relevância maior na última temporada.

De todos os conceitos apresentados, o Grande Reich Alemão é o mais fascinante e assustador. A série pega o que foi apresentado de forma a criar a ambientação do livro, e expande de forma competente, mostrando o que os nazistas estavam fazendo para criar o “Reich de Mil Anos”, o maior sonho de Hitler. Devido a uma caça e extermínio sistemático, não só judeus, mas negros e outras etnias impuras na visão dos nazistas foram eliminadas. O programa de pureza genética alemão é posto em prática, onde pessoas com doenças ou problemas que possam ser passados para gerações futuras, são sacrificadas ainda na adolescência. Esses são apenas alguns dos planos que “The Man In The High Castle” mostra, e que apesar de parecer ficção científica, realmente fazia parte dos planos dos alemães.

Para dar vida a essa realidade assustadora, “The Man In The High Castle” possui um dos melhores trabalhos de fotografia e figurino que vi até hoje em séries. É impressionante como somos transportados facilmente para esse mundo dominado por nazistas e japoneses, e capazes de acreditar que tudo o que vemos na série poderia realmente ter acontecido.

A última temporada encerra de forma muito boa a questão da ocupação japonesa nos EUA, mas o término da trajetória do Reich Americano deixou muito a desejar. E isso me chateou bastante, pois apesar do Império Japonês ser uma das forças da série, é evidente que o foco de “The Man In The High Castle” são os nazistas e seu domínio sobre os Estados Unidos. E a forma como tudo acaba para os nazistas, foi no mínimo preguiçosa.

“The Man In The High Castle” foi a única adaptação que superou o material original. Philip K. Dick foi um gênio por ter trazido conceitos que revolucionaram a ficção científica, mas sua escrita e seus personagens são cansativos. A série conseguiu não só dar vida às ideias da obra do autor, mas expandi-las, criando um mundo assustador que não esteve muito longe de ser realidade.

“The Man In The High Castle” é a melhor produção da Amazon Prime Video e VALE MUITO A PENA ser assistida!

 

 

Ficha Técnica

Título Original: The Man In The High Castle

Título no Brasil: O Homem do Castelo Alto

Gênero: Distopia, Ficção científica

Temporadas: 4

Número de episódios: 40

Produção: Ridley Scott, Frank Spotnitz

Elenco: Alexa Davalos, Rupert Evans, Luke Kleintank, DJ Qualls, Cary-Hiroyuki Tagawa, Rufus Sewell, Joel de la Fuente, Brennan Brown, Bella Heathcote, Chelah Horsdal, Michael Gaston, Jason O’Mara

Companhia(s) produtora(s): Amazon Studios, Scott Free Productions, Electric Shepherd Productions, Headline Pictures, Big Light Productions, Picrow, Reunion Pictures

Transmissão: Amazon Prime Video (Brasil, EUA)

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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