“Livros São Um Mundo Com Mundos Dentro”

SINOPSE: Em 1868, um rapaz teve um encontro assustador com uma criatura diabólica. Armado com nada mais que uma espingarda velha e algumas relíquias sagradas, o então jovem de 22 anos foi capaz de manter aquela fi gura, a própria encarnação do mal, presa em uma antiga torre. O encontro durou apenas uma noite, e aquela foi a mais longa noite da vida de Bram Stoker. Durante as horas de desespero, Stoker fez um apanhado de sua vida, relembrando os momentos que o levaram até ali: a infância enferma, uma babá misteriosa, as histórias de terror que ele ouvia. Enquanto isso, era tentado, provocado incessantemente pela criatura maligna, que pretendia enganá-lo para voltar à liberdade. Mas Bram deve mantê-la ali, caso pretenda sobreviver até a alvorada.

“Dracul”, um dos finalistas do Bram Stoker Awards de 2018, é baseado nos manuscritos “perdidos” de Bram Stoker, “Dracul”, e mostra as 100 primeiras páginas de “Drácula”, livro que faz parte da tríade sagrada da literatura de terror (as outras duas obras são “Frankenstein” de Mary Shelley e “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson). Segundo a sinopse e o posfácio de “Dracul”, essa parte da história foi cortada do livro publicado, por ser sombria demais. Acredito que para a época do lançamento de “Drácula”, essa afirmação era verdadeira.

“Dracul” mostra muito das características da escrita de Bram Stoker, principalmente na questão de apresentar a história no formato de diários e relatos registrados pelos personagens. Entre os personagens, é interessante ver que o autor se colocou na trama. Esse fato deve ter causado algum receio nos editores que iriam publicar “Drácula”, pois a impressão que passa é que vampiros realmente existiram, e que o autor participou ativamente da busca por eles (e se você acha que isso é bobagem, procure a história sobre a transmissão de rádio ao vivo de”A Guerra dos Mundos”, e a histeria pública que ela causou).

“Dracul” é um livro escrito a duas mãos. Até a terceira parte do livro, o lirismo e o floreio de Bram Stoker estão presentes, pois acredito que o autor J. D. Barker, responsável por “dar liga” aos manuscritos perdidos, aqui mexeu muito pouco no material original. A partir da terceira parte, o livro muda totalmente na estrutura da escrita. O ritmo de leitura é mais direto e ágil, ficando evidente que J. D. Barker precisou colocar a mão na massa, e realmente escrever a partir desse ponto da narrativa.

“Dracul” possui uma posfácio, onde conhecemos alguns detalhes bem interessantes sobre “Drácula”, como por exemplo o fato de edições de outros países possuírem histórias diferentes da que conhecemos (a edição comercializada até hoje é a inglesa, e é que teve vários trechos não publicados por decisão editorial), a origem verdadeira que Bram Stoker deu a Dracul, e quando a história de seu personagem se misturou a de Vlad Tepes (que é quando o estragam).

Dizer que a história de “Dracul” é mais sombria que a que conhecemos em “Drácula”, é um certo exagero e um chamariz para vender mais livros. Mas independentemente desse exagero editorial, “Dracul” é um bom livro de terror, e que deve agradar em cheio aos fãs do vampiro criado por Bram Stoker.

Vale a pena ler “Dracul”.

    

Ficha Técnica

Título Original: Dracul

Título no Brasil: Dracul: A Origem De Um Monstro

Autores: Dacre Stoker & J. D. Barker

Tradutor: Márcia Blaques

Capa: Comum

Número de páginas: 432

Editora: Planeta Minotauro

Idioma: Português
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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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