SINOPSE: Ambientado 183 anos antes dos eventos narrados na trilogia “O Senhor dos Anéis, “A Guerra de Rohirrim” conta o destino da Casa de Helm Hammerhand, o lendário Rei de Rohan. Um ataque repentino de Wulf, senhor de Dunlending, em busca de vingança pela morte de seu pai, força Helm e seu povo a fazer uma ousada última resistência na antiga fortaleza de Hornburg: uma poderosa construção que, mais tarde, será conhecida como Abismo de Helm. Encontrando-se em uma situação cada vez mais desesperadora, Héra, a filha de Helm, deverá reunir a vontade de liderar a resistência contra um inimigo mortal, que visa a sua destruição.

 

Sempre que se anuncia alguma adaptação de uma obra de J. R. R. Tolkien, as expectativas em cima dessas produções vão às alturas (tanto positivas quanto negativas). E não é para menos, pois o escritor britânico nascido em 1892 (e falecido em 1973), teve suas obras traduzidas para mais de cinquenta idiomas e vendendo mais de 200 milhões de cópias.

Apesar de não ser o primeiro a escrever (Robert E. Howard já escrevia obras de alta fantasia), Tolkien influencia até hoje livros, quadrinhos, filmes, séries, games e outras mídias inspiradas nesse subgênero da fantasia, sendo considerado o pai da alta fantasia.

Em 2001, o diretor Peter Jackson trazia “A Sociedade do Anel”, primeiro filme da trilogia baseada no livro “O Senhor dos Anéis”, popularizando definitivamente o nome e as obras de Tolkien mundo afora. Além disso a trilogia de longas-metragens são um divisor de águas para a fantasia nos cinemas.

Porém, as adaptações posteriores não repetiram o brilho da trilogia de filmes de Peter Jackson. Os longas-metragens “O Hobbit” e a série “Os Anéis do Poder” são duramente criticadas e o game “Terra-Média: Sombras de Mordor” não emplacou entre os fãs de Tolkien.

Mas aqui fica minha opinião: os fãs de Tolkien estão entre os mais chatos que existem, criticando duramente os filmes de Peter Jackson, alegando falta de fidelidade, e muito menos aceitando que Tolkien e suas obras só ganharam notoriedade mundial, fora do círculo literário, após a exibição da trilogia cinematográfica “O Senhor dos Anéis”.

Mas assim como “Harry Potter”, as histórias da Terra-Média são lucrativas e por causa disso, ano passado estreou nos cinemas a animação “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim”, sendo disponibilizado na Max em fevereiro de 2025.

O início do “anime” é promissor e acende sua nostalgia mostrando o mapa da Terra-Média, com a música da trilogia de filmes de 2001 tocando ao fundo e a narração de Miranda Otto como Éowyn (tentei achar um vídeo menor para mostrar essa parte que mencionei, mas infelizmente não achei).

Logo de cara a animação encanta, com o mapa sendo mostrado e a transição para a paisagem montanhosa e depois os vales verdes e cortados por rios. O traço e a técnica aqui são impressionantes, com as cores e a riqueza de detalhes enchendo seus olhos, de tal forma, que parecem locações reais.

Ao longo do “anime” vamos sendo surpreendidos e encantados por essa técnica de animação que recria com uma beleza ímpar as locações e regiões criadas por Tolkien. Quando digo beleza ímpar é porque não lembro de ter visto um traço ou uma técnica tão bonita e detalhada antes.

A parte do “anime” fica por conta da técnica e o traço utilizado para dar vida aos personagens de “A Guerra dos Rohirrim” e aqui fiquei bastante dividido entre encantamento e frustração. Em alguns momentos vi um cuidado muito próximo ao que deram aos cenários. Esse cuidado aparece nas cenas mais estáticas e de diálogos dos personagens, onde é possível ver uma fluidez de movimentos e expressões bem desenhadas nos rostos dos personagens.

Mas são nas sequências de ação que parece que estou vendo duas técnicas de animação completamente diferentes e que não se complementam. Nesses momentos fiquei com a impressão de que os personagens, cavalos, criaturas, aparatos de guerra foram inseridos depois nos cenários e locações desenhadas previamente. 

Existe uma cena na primeira parte de “A Guerra dos Rohirrim“, que mostra uma carga de cavalos contra o exército inimigo, que pareceu que estavam flutuando sobre o chão. O que quero dizer é que não encaixava o cenário belamente desenhado com os cavalos e seus cavaleiros. E ao longo de todo o “anime” vi sequências semelhantes.

Outra coisa que me incomodou e bastante são as sequências de ação sem peso. O choque de espadas e outras armas, o cavalgar feroz dos cavalos e seus cavaleiros contra seus oponentes e outras situações não me traziam impacto nenhum. E além da fluidez duvidosa da animação nesses momentos, os efeitos sonoros não contribuíram para criar os confrontos épicos que as batalhas que dariam nome ao abismo de Helm merecia.

E finalmente chego no ponto que gostaria. Se você reparou até agora, vai ver que coloco “anime” entre aspas o tempo todo. E essas aspas são propositais, porque apesar do diretor da animação ser Kenji Kamiyama, que comandou a série animada “Blade Runner: Black Lotus”, não senti em nenhum momento que estava vendo um anime de verdade. Mas essa classificação como anime faz total sentido do ponto de vista comercial.

 

 Ao caracterizar essa animação como anime, os responsáveis por “A Guerra dos Rohirrim” trazem além dos fãs e pessoas que gostam das obras de Tolkien, o público cada vez maior que consome mangás e animes, além de poder vender o filme com mais facilidade no mercado asiático, como o Japão.

Assisto à animações da Warner faz muito tempo, principalmente as que adaptam arcos importantes dos super-heróis da DC: “Ponto de Ignição”, “Batman: O Cavaleiro das Trevas 1 e 2”, “Batman e Superman: Apocalipse”, e as que adaptaram a Liga da Justiça do arco dos Novos 52: “Guerra”, “O Trono de Atlântida”, “Liga da Justiça e Novos Titãs”, “Liga da Justiça Sombria”, “A Morte e o Reino do Superman” e “A Guerra de Apokolips”.

O que quero dizer é que em quesito de animação, a Warner é expert, conseguindo mesmo em um filme animado de super-heróis trazer histórias densas e dramáticas e na hora da ação e dar peso às cenas de ação.

Sendo assim, a Warner poderia muito bem com o que tem dentro de casa, com a expertise em animações, fazer “A Guerra dos Rohirrim” mais empolgante em termos de ação e construção de personagens. Sim, construção de personagens, pois tirando em alguns momentos, Helm Hammerhand (Brian Cox), é difícil se empolgar com algum deles.

O momento mais empolgante é quando Saruman, O Branco (Christopher Lee) aparece para uma audiência com o rei de Rohan e quando a protagonista sem sal, Héra (Gaia Wise) diz que precisa encontrar um certo mago cinzento, fazendo conexão com a trilogia de filmes “O Senhor dos Anéis”. No caso de Saruman, a emoção é maior porque utilizam a voz do ator que faleceu em 2015, e que além do Senhor de Isengard, interpretou outros tantos papéis icônicos.

Enfim, entendo o hype em cima desse “anime”, mais por estar associado ao nome e as obras de J. R. R. Tolkien e a trilogia de filmes de Peter Jackson, e que fica entre o bom e excelente quando falo dos cenários e locações desenhadas com tanto carinho e qualidade. Mas no conjunto da obra, fica dentro ali na meiuca, ainda em um gênero tão prolífico como é o da animação.

Mas independentemente das minhas opiniões, “A Guerra dos Rohirrim” foi bem avaliado pelos espectadores e crítica especializada e deve gerar novos títulos, como já comentando pela Warner e pelo diretor Kenji Kamiyama. Mas decisões criativas precisam ser tomadas, pois por mais que o legado de Tolkien seja lucrativo, o “anime” fracassou mundialmente nas bilheterias, apenas US$ 15 milhões (até onde consegui aferir) para um orçamento de US$ 30 milhões. Arrecadação que deve melhorar um pouco, mas não muito, com o aluguel digital e sua inserção na Max.

Enfim, da minha parte, é uma animação mediana e não está no mesmo patamar de outras produções ruins baseadas nas obras de Tolkien. Por isso, digo que não vale a pena assistir “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim”!

Ficha Técnica:

Título Original: The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim

Gênero: Animação, Fantasia

Duração: 134 minutos

Diretor: Kenji Kamiyama

Produção: Philippa Boyens, Jason DeMarco, Joseph Chou

Roteiro: Jeffrey Addiss, Will Matthews, Phoebe Gittins, Arty Papageorgiou

Elenco: Brian Cox, Gaia Wise, Luke Pasqualino, Laurence Ubong Williams, Lorraine Ashbourne, Miranda Otto, Benjamin Wainwright, Shaun Dooley, Michael Wildman, Jude Akuwudike, Bilal Hasna, Janine Duvitski, Christopher Lee,

Companhias Produtoras: New Line Cinema, Warner Bros. Animation, Sola Entertainment, WingNut Films, Domain Entertainment

Distribuição: Warner Bros. Pictures (Disponível na Max)

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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