SINOPSE: Juliette (Rebecca Ferguson) invade o Silo 17 passando pelos cadáveres de seus habitantes mortos espalhados do lado de fora da entrada. Ao entrar, ela encontra o local completamente abandonado e os níveis inferiores inundados. Mas logo Juliette vai descobrir que o Silo 17 não está completamente vazio. No Silo 18, Bernard (Tim Robbins) precisa controlar a população que começa a fazer perguntas sobre a sobrevivência de Juliette e impedir que eles queiram ir para o mundo exterior. Entre a sobrevivência em um silo abandonado e a iminente guerra civil no Silo 18, revelações são feitas, enquanto novos mistérios surgem.
Hugh Howey lançou em 2011 o primeiro volume da trilogia Silo. A história narra a vida do que sobrou da humanidade, dez mil pessoas sendo mais exato, dentro de uma estrutura subterrânea de centenas de metros de profundidade hermeticamente lacrada do mundo exterior. Essa estrutura é dessa forma, pois o ar do mundo exterior está contaminado com alguma coisa que é letal para toda e qualquer forma de vida.
No Brasil a série literária só chegou em 2014, pela editora Intrínseca, e também, dentro dos limites literários nacionais, se tornou um fenômeno entre os leitores de ficção científica.
Mas somente onze anos depois do lançamento do último livro da trilogia literária nos Estados Unidos, “Silo” ganhou uma adaptação na forma de série e transmitida pela Apple TV+, que vem se consolidando com a plataforma da ficção científica.
Em 2024, estreou a segunda temporada de “Silo” e é sobre ela que vamos falar na resenha de hoje. Por isso, por mais que tente, muito provavelmente soltarei algum spoiler sobre o primeiro ano da série.
A segunda temporada de “Silo” adapta, com algumas mudanças, uma parte do segundo livro da trilogia literária: “Ordem”, que na minha opinião, é o melhor volume da série de livros.
Aqui vamos acompanhar duas linhas narrativas, uma em que vemos Juliette chegando ao Silo 17 e a outra onde vemos as consequências no Silo 18, assistindo nossa protagonista indo embora por um mundo exterior que deveria tê-la matado. Essa divisão de perspectiva torna a história mais ágil e atraente, além de criar alguns dilemas para Juliette e Bernard.
Vamos começar falando da nossa protagonista. Enquanto ela caminha pelo mundo exterior, ela descobre que seu Silo é um entre vários. Precisando sobreviver ela chega ao Silo 17, que está com suas portas abertas. Mas o que chama sua atenção logo de cara é que os habitantes desse Silo estão todos mortos na entrada dele. Dentro do Silo, ela vai encontrar um sobrevivente que revelará coisas sobre o êxodo do local.
O dilema que Juliette enfrentará é que por causa da crença que ela mesmo reforçou ao não morrer na limpeza, de que o mundo exterior é seguro e que as pessoas dentro dos Silos estão sendo enganadas, o destino do Silo 18 pode ser o mesmo daquele onde ela se encontra agora. Desesperada, ela precisará correr contra o tempo para voltar ao seu Silo e salvar os habitantes dele. Porém, o que Juliette não sabe é que a morte das pessoas do Silo 18 pode ocorrer por forças que controlam tudo, inclusive Bernard.
Enquanto isso, Bernard precisa conter a cada vez mais iminente guerra civil entre a população da mecânica, que quer acabar com o controle tirânico dos níveis superiores; e a TI e seus aliados, que além de querer o status quo existente no Silo 18, de certa forma, querem impedir o que houve no Silo 17.
Gosto muito dessa dinâmica que a segunda temporada trouxe, pois a história vem pintada de cinza, onde o certo e o errado se confundem e atos que parecem benéficos podem ser catastróficos para os demais e decisões que aparentam ser malignas podem salvar vidas. Essa questão de causalidade, de que todo ato pode ter consequências me lembrou muito o primeiro livro da primeira era de Mistborn, onde o chefe tirânico daquele mundo, pode estar, através da força e coerção, impedindo que um mal maior caia sobre todos.
Essa semelhança e essa sensação de que Juliette pode não estar tão certa em suas convicções e de que Bernard pode não ser o vilão que todos pensam que ele é, fica evidente quando descobrimos que existem forças que podem destruir os Silos se a ordem dentro deles não for mantida. E é justamente sobre isso que “Ordem”, segundo livro fala, de que o controle dos Silos não está dentro deles e nas mãos de pessoas como Bernard, e que todos eles são reféns de algo que pode mata-los como insetos.
Bom, falei muito sobre o enredo da segunda temporada, talvez até demais. Então, que tal falarmos um pouco sobre os aspectos técnicos da segunda temporada de “Silo”.
O ritmo narrativo da segunda temporada me pareceu mais ágil e envolvente do que da temporada anterior, como disse antes. Muito pela dinâmica criada dos atos de Juliette e Bernard, mas também por ter mais ação. Tem muito mais coisa acontecendo nessa temporada que na anterior. Aqui fica minha ressalva, que não é somente a ação que faz a história melhorar, mas o primeiro ano de “Silo” me pareceu muito amarrado, como se fosse uma grande introdução para o que viria. Porém a abertura para um mundo maior do somente o Silo 18 ajudou bastante nessa questão
Além disso, parece que a segunda temporada tem um tom menos lúgubre. O primeiro ano passa uma sensação de desesperança entre os habitantes do Silo 18: eles vivem em uma megaestrutura subterrânea que é a única coisa que os mantém vivos do que existe na atmosfera do mundo exterior. Essa sensação de resignação depressiva é reforçada pela síndrome que o xerife Billings (Chinaza Uche) adquire, revelando que os seres humanos não são feitos para viverem embaixo da terra.
A segunda temporada parece mais esperançosa, mesmo no Silo 17 totalmente abandonado e parcialmente inundado. O Silo 18 vive essa esperança devido à revolução para derrubar o poder vigente. Mas essa decisão de tomar o controle do Silo das mãos de Bernard não pode acarretar a morte de todos dentro dele? Pode, mas poucas pessoas sabem disso, e agora você também.
Visualmente falando, “Silo” continua muito bonita com seus cenários grandiosos e detalhados dos Silos e o CGI para arrematar e trazer todas as sensações que essas estruturas transmitem: sobrevivência, esperança, desesperança, claustrofobia apatia, medo.
O elenco de “Silo” continua afiado e nessa segunda temporada melhor que na primeira. Vários personagens são melhores desenvolvidos, mostrando que os atores e atrizes escolhidos sentem-se à vontade em desempenhar seus papéis.
Rebecca Ferguson e Tom Robbins continuam sendo as estrelas máximas da série e mostram porque são nomes tão reverenciados na indústria do cinema e das séries. Common e seu personagem: Robert Sims, continuam sendo aqueles que podem desestabilizar a balança Juliette / Bernard a qualquer momento. Mas meu destaque nessa temporada vai para Alexandria Riley, que interpreta Camille Sims, esposa de Robert, e que para ajudar sua família age nas sombras e movimenta tudo e todos para tal alcançar seu propósito.
Achei a segunda temporada de Silo muito melhor que a primeira, porém fiquei um pouco chateado quando percebi que não abordariam a questão da origem dos Silos e nem o que houve com o mundo. Renovada para encerrar com mais duas temporadas, acredito que o terceiro ano deva dar um foco maior nessa questão de como o mundo chegou como o vemos na série e o desfecho dessa temporada mostra isso (vídeo acima, então CUIDADO: SPOILER!), ao vermos cenas mostrando os dias atuais, com carros e pessoas nas ruas, e duas pessoas conversando em um bar e que devem ter papéis fundamentais para toda a história de” Silo”.
Por tudo que disse acima, vale muito a pena assistir a segunda temporada de “Silo”! E por tê-la assistida esse ano entra com força para concorrer ao Top 3 de Melhores Séries de 2025, segundo o Cinemaníacos.
Ficha Técnica:
Título Original: Silo
Título no Brasil: Silo
Gênero: Drama, Ficção Científica
Temporadas: 2ª
Episódios: 10
Criadores: Graham Yost
Produtores: Graham Yost, Cassie Pappas, Jessica Blaire, Aric Avelino
Diretores: Michael Dinner, Aric Avelino, Amber Templemore
Roteiro: Graham Yost, Fred Golan, Cassie Pappas, Sal Calleros, Jenny DeArmitt-Stran, Jeffery Wang, Katherine DiSavino, Remi Aubuchon, Jessica Blaire, Aric Avelino
Elenco: Rebecca Ferguson, Rashida Jones, David Oyelowo, Common, Tim Robbins, Harriet Walter, Avi Nash, Rick Gomez, Chinaza Uche, Alexandria Riley, Steve Zahn, Harriet Walter, Iain Glen, Remmie Milner, Shane McRae, Tanya Moodie, Ferdinand Kingsley
Companhias Produtoras: Mímir Films, Nemo Films, AMC Studios
Transmissão: Apple TV+