SINOPSE: Anos depois de testemunhar a morte do venerado herói Maximus nas mãos de seu tio, Lucius (Paul Mescal) é forçado a entrar no Coliseu depois que seu lar é conquistado pelos imperadores tirânicos que agora comandam Roma com mão de ferro. Com a raiva em seu coração e o futuro do Império em jogo, Lucius deve olhar para o seu passado para encontrar força e honra para devolver a glória de Roma ao seu povo.

Se me perguntassem quais os filmes que mais gostei na vida, com certeza “Gladiador”, lançado em 2000, estaria nessa lista. Não consigo dizer com certeza quantas vezes já o assisti, mas foram vezes o suficiente para saber muitas das falas de cor, como por exemplo: “Meu nome é Maximus Decimus Meridius”, ou a minha preferida: “Tudo que fazemos em vida, ecoa na eternidade”; o que pode irritar quem vê o filme junto comigo, pois as falo juntamente com os personagens.

Com uma clássica jornada de herói embalada em grandiosidade e personagens cativantes, “Gladiador” foi um sucesso de público e crítica, levando cinco Oscars, entre eles o de Melhor Filme, e acabou sendo considerado um marco para o cinema e iniciou uma nova onda de filmes históricos e épicos.

Por esses feitos e o fator econômico positivo (US$ 461 milhões de bilheteria para um orçamento de US$ 103 milhões), não foi surpresa quando anunciaram “Gladiador 2”. A surpresa foi o tempo que levou para fazer um novo filme: 24 anos.

“Gladiador 2” foi cercado de muita expectativa, tanto pelo sucesso do filme anterior, como pelos materiais promocionais e declarações dos envolvidos, prometendo outra história grandiosa e envolvente. Mas a verdade, pelo menos para mim, foi algo bem decepcionante.

“Gladiador 2” mantém a grandiosidade do primeiro filme, porém nem sempre essa escala épica empolga. A batalha da sequência inicial é bem conduzida, o que me gerou expectativas positivas para o restante do filme. Mas as demais cenas de ação, principalmente as do Coliseu, prometeram muito e entregaram pouco.

A minha reação com a luta de Lucius e os demais gladiadores contra um rinoceronte, foi de “eita porra!” no começo para “ué?” em cerca de cinco minutos. Daí veio a batalha naval, onde a arena do Coliseu foi inundada e os navios de guerra surgiram. Nessa hora pensei: “agora vai ser foda demais!”, somente para ficar com o sentimento de “só isso?” ao término desse confronto.

Posso dizer que minha expressão era a mesma que a do Denzel Washington na imagem postada, enquanto vias essas sequências.

Além das cenas de ação empolgantes e bem desenvolvidas, “Gladiador” foi um sucesso por causa do desenvolvimento dos personagens e suas motivações bem trabalhadas. Quem não se revoltou junto com Maximus quando vê que Marcus Aurelius foi assassinado por Comodus? Ou não se empolgou quando o protagonista tira o elmo e começa: “Meu nome é Maximus Decimus Meridius… ? E se você não chorou ao final de “Gladiador”, você precisa urgente de um coração para colocar no lugar da pedra em seu peito.

Já “Gladiador 2” possui em sua grande maioria, personagens poucos carismásticos e incapazes de transmitir os sentimentos a quem os está assistindo, sendo o protagonista Lucius o menos carismático do filme. Sua motivação: vingar-se do General Acacius (Pedro Pascal) pela morte da sua esposa, se torna insípida pela falta de empatia com a interpretação do ator e pelo roteiro pobre nessa questão. Tanto é verdade isso, que quando Lucius e Acacius se enfrentam, o protagonista descobre as reais intenções do general romano e ele decide: “legal, tá perdoado; bora libertar Roma”.

Lucilla (Connie Nielsen) foi obliterada em sua importância em relação a “Gladiador” de 2000. Mãe zeloza, mulher forte e inteligente, defensora do retorno da república de Roma; tudo isso teve uma borracha apagada.

Os imperadores gêmeos Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger) são caricaturas fracas de Comodus (Joaquim Phoenix) em todos os sentidos. Enquanto Comodus transmite o perigo que representa, uma verdadeira bomba de insanidade e violência a ser detonada, Geta e Caracalla parecem crianças mimadas.

Vilões fracos representam ameaças fracas. Ameaças fracas não alçam os heróis ao patamar mais alto. Isso resume a dinâmica entre Lucius, Geta e Caracalla.

Dessa trupe de personagens mal escritos e desenvolvidos, só se salvam Macrinus e Acacius.

Graças ao talento e presença em cena, Denzel Washington entrega um Macrinus maquiavélico, que acaricia com uma mão enquanto se prepara para lhe enforcar com a outra. Lembrando um pouco Alonzo Harris, personagem que lhe rendeu o Oscar de melhor Ator, vemos um vilão que veste uma máscara caricata e espalhafatosa, para esconder uma pessoa perigosa, inescrupulosa e inteligente.

Acacius é quem melhor representa a visão do herói no filme. Com suas motivações sólidas e críveis, o personagem lembra Maximus (Russell Crowe) em suas virtudes e deveres para com o povo de Roma. Porém, sua participação é cortada de forma abrupta para não ofuscar o insosso Lucius.

“Gladiador 2” não é somente coisas ruins. No aspecto técnico, ele se mostra até um pouco melhor que o primeiro filme, mostrando que Ridley Scott continua afiado na hora de trazer histórias épicas.

Além disso, começar a história mostrando que o sacrifício de Maximus não adiantou de nada, já que Roma continuou nas mãos de pessoas inescrupulosas, mostra que “Gladiador” não um conto de fadas da Disney, com seus finais felizes para sempre.

“Gladiador 2” é bonito visualmente, mas sem carisma nenhum, a ponto de me fazer dormir e perder uns 5 ou 10 minutos, e não me causar nenhum remorso. Até a trilha sonora, um dos trunfos do primeiro longa-metragem, é esquecível aqui, sendo a escolha de tocar o trecho da trilha original toda vez que se falava de Maximus, me trazia uma sensação de meme, como o Lisan Al Gaib de “Duna 2”.

Pode ser que reassistindo em algum momento de novo eu mude minha opinião: de favorito a melhor filme do ano passado, junto com “Duna: Parte 2”, para pior longa-metragem de 2024. Esse é “Gladiador 2”.

Ficha Técnica:

Título Original: Gladiator II

Título no Brasil: Gladiador 2

Gênero: Ação, Épico

Duração: 148 minutos

Diretor: Ridley Scott

Produção: Ridley Scott, Michael Pruss, Douglas Wick, Lucy Fisher, David Franzoni

Roteiro: David Scarpa

Elenco: Paul Mescal, Connie Nielsen, Derek Jacobi, Djimon Hounsou, Denzel Washington, Joseph Quinn, Pedro Pascal, May Calamawy, Lior Raz, Peter Mensah, Matt Lucas, Fred Hechinger, Alexander Karim, Tim McInnerny, Rory McCann, Alec Utgoff, Yann Gael

Companhias Produtoras: Scott Free Productions, Lucy Fisher/Douglas Wick Productions

Distribuição: Paramount Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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